O Presidente da República atribuiu hoje, a título póstumo, o Segundo Grau da Ordem Amílcar Cabral a Felisberto Vieira Lopes, um “acto justiça” e um reconhecimento à actuação destemida em defesa dos direitos dos então presos políticos.
Na cerimónia ocorrida hoje no Palácio da Presidente, na cidade da Praia, José Maria Neves considerou que “há muito tempo” a República já deveria ter reconhecido Felisberto Vieira Lopes.
O Presidente da República lembrou que no auge do combate ao colonialismo vários jovens foram presos injustamente e Vieira Lopes foi o “defensor a sério” desses jovens nos tribunais.
“Uma figura marcante da história política, contemporânea cabo-verdiana, (…), fez com que muitos jovens tomassem consciência de lutar pela liberdade e dignidade da pessoa humano, hoje podemos ver muitos testemunhos de cabo-verdianos que aderiram a luta pela liberdade e independência graças ao empenhamento cívico de Vieira Lopes”, enalteceu o chefe de Estado.
José Maria Neves referiu ainda que a distinção é também um contributo para a reafirmação “da nossa identidade e de enriquecimento da língua cabo-verdiana” e lembrou que o contributo de Vieira Lopes foi “ainda maior”.
“Hoje muitos desses jovens lembram-se da coragem, da inteligência de Vieira Lopes, lembram-se do homem destemido a lutar pela realização da justiça”, declarou o Presidente da República.
Ademais, o chefe de Estado considerou que neste tempo de comemoração dos 50 anos da libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal seria uma “enorme injustiça” se não lembrar de Felisberto Vieira Lopes, pelo que a condecoração, vincou, representa uma homenagem póstuma a Vieira Lopes e a todos aqueles que lutaram pela liberdade e uma sinalização para o futuro.
Segundo José Maria Neves, face aos desafios que se colocam ao mundo e a Cabo Verde, “precisa-se de homens como Felisberto Vieira Lopes, da sua generosidade”, descreveu.
“Se em tempos muito mais difíceis teve a generosidade de fazer o que fez, porque nós desta geração não podemos inspirar na grandeza da obra deste homem para fazermos muito mais e melhor para Cabo Verde”, questionou o Presidente da República, que pediu que a história de Vieira Lopes sirva de referência aos jovens cabo-verdianos.
Felisberto Vieira Lopes nasceu em Santa Catarina, em 1937, e faleceu aos 83 anos, a 03 de Abril de 2020, no Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia.
Licenciado em Direito, em Lisboa (Portugal), colaborou no boletim dos alunos do Liceu Gil Eanes e no Novo Jornal de Cabo Verde e, depois da independência de Cabo Verde, publicou na revista Raízes entre outras.
Tem obra literária publicada em várias antologias, nomeadamente em Literatura Africana de Expressão Portuguesa, (vol. l, poesia) Argel (1967); na Antologia Temática da Poesia Africana l e II, Lisboa (1976, 1979), e em Contravento - Antologia Bilingue de Poesia Cabo-verdiana, Taunton, Massachusetts (1982).
A semana com Inforpress
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