quinta-feira, 17 abril 2025

Sob a égide do gênio e harmatão: Um conto tributo ao meio século de livre caminhada da nossa gente - Primeira parte

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Nada mais nimbado e assaz virtuoso que cantar uma mirífica amizade a par do nascimento de um país. É como arrancar emoções de alma genuína, com a força de impulsiva língua nata. E a nação erguendo-se do chão e do ostracismo. É algo nitente e fabuloso, para dar início a uma jornada de protuberante conseguimento. Antes, encimar a mão direita no peito esquerdo e invocar altissonante a leda voz de mando do suprassumo maioral da nossa herdade. Tudo em louvor do seu veemente brado inaugural de caminhada. Depois, acenar para o destino, implorando-lhe azimute de orientação e lenitivo para o fulgurante resultado. De seguida, rememorar a gesta de dois povos unidos pelo cordão umbilical de sacrifício, de mútuo desafio, de consabida, indubitável cumplicidade. Glorificar em duplo gesto a maior façanha humana no reino de antigos oprimidos. 

Domingos Landim de Barros*

 

 

No ano passado, quando de férias na capital, estava no Platô, sentado num banco de praça, com jornais ao lado, que compro sempre três ou quatro, para ler alternadamente e comparar a credibilidade das informações veiculadas em cada um e sopesar a qualidade das recensões, mormente de colunistas e observadores da vida social e cultural. Então, quando menos pressentia, um velho amigo e intrépido compincha de várias incursões em inóspitas trincheiras da juventude chegou-se a mim, deu-me uma amistosa palmada em ombro e pôs-se a choramingar e a desabafar comigo.

Assim, o meu insubstituível confidente das verdes e nobres horas da juventude, abriu-se todo para mim e confessou - «Fragoso, eu tive de escolher entre a família, as noitadas e paródias. Ainda por cima, como sabes, fumava tanto que nem chaminé de um navio a carvão me chegava aos calcanhares. Um dia, entrei em casa, eram quatro da matina. Minha mulher e prole estavam de vigia à volta da mesa. Uma situação rocambolesca e inabitual. Senti-me vexado e um tanto desanimado. Suponho que a Letícia tenha feito aquilo, de propósito, para me picar e reavivar em mim o orgulho de pai babado que outrora tive, levando-me a ver que a vida inebriada a que me estava a devotar podia arruinar o nosso lar. Nessa noite, ninguém tocara na panela e nos talheres, enquanto eu não chegasse». 

 

 

 

 

Tanto mais não seja para bater as palmas, endereçando as loas do divino ao pragmatismo esclarecido e inexpugnavelmente lógico de uma liderança sem mácula de monta, a cargo do providente Pivô da Hespéria e da Galé, o colossal e audacioso Aníbal Cartago da nossa história. Serve também a cerimónia para enaltecer os laços de grudado sangue de irmandade e de cultura. E mais que isso, para honrar e relembrar uma epifania de visão mirabolante, de instante certo e calibrado, na tomada de nítida consciência de memória coletiva, numa engajada etapa decisiva da existência de ambos, para o inquebrantável alavancar dos seus lídimos propósitos. Pois, até nisto, vale a pena estabelecer um genuíno paralelismo entre a ática postura de amizade, leal, incindível e transparente, sem chicana e sem monília adstringente e a fenomenal junção de mãos para a projeção da independência de duas ávidas nações-comunidades. 

Pois, uma cultura subjugada pula, pragueja e chora durante séculos. Tais efemérides são, de resto, uma aventura dolorosa, excecional e salutar. E mais: entre o antes e o depois, o espaço de resiliência, de amor e sangrado sacrifício. Por isso, acabam por ser de enorme e correlativa satisfação. É uma ampliada e perfeita simbiose de enlevados sentimentos, num caso e noutro. Pois, antes da pátria, o semelhante e a amizade cintilam com fervorosa mais valia. E a sanha de libertar seres humanos prevalece sobre todas as outras façanhas e esnobes empreitadas. Exprime uma sincronia de insofismável fraternidade a vir ao de cima de todas as outras questiúnculas, de fúteis e dúbias ocorrências. 

No ano passado, quando de férias na capital, estava no Platô, sentado num banco de praça, com jornais ao lado, que compro sempre três ou quatro, para ler alternadamente e comparar a credibilidade das informações veiculadas em cada um e sopesar a qualidade das recensões, mormente de colunistas e observadores da vida social e cultural. Então, quando menos pressentia, um velho amigo e intrépido compincha de várias incursões em inóspitas trincheiras da juventude chegou-se a mim, deu-me uma amistosa palmada em ombro e pôs-se a choramingar e a desabafar comigo.

Assim, o meu insubstituível confidente das verdes e nobres horas da juventude, abriu-se todo para mim e confessou - «Fragoso, eu tive de escolher entre a família, as noitadas e paródias. Ainda por cima, como sabes, fumava tanto que nem chaminé de um navio a carvão me chegava aos calcanhares. Um dia, entrei em casa, eram quatro da matina. Minha mulher e prole estavam de vigia à volta da mesa. Uma situação rocambolesca e inabitual. Senti-me vexado e um tanto desanimado. Suponho que a Letícia tenha feito aquilo, de propósito, para me picar e reavivar em mim o orgulho de pai babado que outrora tive, levando-me a ver que a vida inebriada a que me estava a devotar podia arruinar o nosso lar. Nessa noite, ninguém tocara na panela e nos talheres, enquanto eu não chegasse». 

Quando me dispus a encetar com ele um diálogo sincero e franco, de mano para mano, com vista a elencar-lhe o rol das minhas vulnerabilidades e confessar que eu, Fragoso Landgrávio, não estava em mínimas condições de abrir o bico, para dissertar sobre os egrégios dogmas de ordem ética, os mais retintos e valiosos, nem de meter a minha foice em seara alheia, na questão das miríficas virtudes da família, mormente acerca da matéria em pauta, por nítida carência de autoridade moral. O meu antigo condiscípulo, com aceno de mão ao alto, mandou-me parar e continuou - «Meu prezado colega de então, ainda não ouviste nada. Espera que já te conto a minha trama em tranche cada vez mais detalhada e minuciosa». 

E ele, algo confuso e pesaroso, de voz embargada e rouca, com sinais de ressaca e de evidente fraqueza física, acrescentou - «Minha mulher estava zangada e destroçada.  Eu nunca vira uma vivalma tão tristonha e desolada, uma casa tão sem graça e sem sentido. Enquanto ela soluçava e carpia as lágrimas, meus rebentos suplicavam - Não, mamã, não chores! O papá vai melhorar. Sim, para aquelas pobres criancinhas de naífe ingenuidade, eu era um anjo benquerente e apenas atingido pela injusta virulência de uma doença. Um franzino, uma vítima, portanto. Meu irmão». Tossiu um pouco e continuou - «Fui tomado de uma vergonha incomensurável, tão penetrante e colossal, ultrajante sumamente, que a comissura dos meus beiços começou a tremular, vibrando como cordas de uma viola, que me fez transmutar e mudar de cor, congelando o meu sangue nas veias».  

Após seu franco desabafo, Pupilo Hesperitano, o meu maior amigo e apaniguado de todos os tempos, desatou a enxugar o rosto e a filosofar, numa toada sábia e experimentada, para nunca mais poupar no verbo - «Meu caríssimo e distinto compatrício, a bebida e o tabaco, quando juntos, matam de todas as maneiras. Matam de baixo para cima, matam de cima para baixo e matam dolorosamente ao centro. Sim, matam tal que o fanatismo disparatado de vária índole. Minam a confiança das pessoas no sujeito ou na sujeita, arrebentam com o leito conjugal e com os laços de nédio dedo de compromisso. Destroem o futuro da descendência, emagrecem e dilaceram o coração dos nossos pais, ensombram o arraial e a redondeza e criam um manto suspenso e negro em nossos peitos, contra nós próprios, quando já caídos no fundo do poço e não conseguimos divisar para lá do suplício e do infortúnio. Eu podia falar-te de outras drogas, que não conheço, felizmente, mas prefiro ficar por aqui, porque o resultado é sempre o mesmo: uma desgraça absoluta na nossa esfera. Bem, agora deixa-me ir, porque tenho algo a reconstruir. Meu imo está enchido de nojo e retalhado de desgosto.  Há muita ferida por sarar na relação com a patroa. Espero que venhas no próximo ano. Aí, sim, estarei em condições de conviver contigo, como gente apta e decente, que cheguei a ser nos bons tempos da minha ungida vida militar. Enxergas o alcance da minha extensa calamidade?».  

Sorri cordialmente e retorqui - «Oh! Como não, meu denodado herói da tropa!? Não sofrer com a tua desagradável situação atual seria desumano e ultrajante da minha parte, uma hedionda traição à tua imbele pessoa de bem. Fogo! Como abjuro a falta de lealdade e compaixão, na relação com os meus». 

....

*Na pose de Fragoso Landgrávio

JCF
Verborreia Ornamental: O Esplendor Vazio de um Tributo Confuso
Mas que denso labirinto de verborreia truncada, onde o autor, qual paladino da retórica vazia, se lança em infindáveis arabescos literários, numa busca inglória por substância que jamais encontra! Eis um texto que, sob o manto do enlevo linguístico e do estro inflado, se perde num mar de circunlóquios, onde a ideia se dilui e se esvai como névoa ao vento. O intento, quiçá nobre, de exaltar um legado ou um tributo, degenera numa pantomima de grandiloquência, onde a forma usurpa o conteúdo e a prolixidade escorraça a clareza. Não há fio condutor, não há pensamento sólido, apenas um assomo de euforia lexical, um delírio barroco que se embriaga da sua própria inconsistência. Se a intenção foi iluminar, restou um ofuscamento fatigante; se foi esclarecer, o efeito foi obnubilar a razão sob camadas de hermetismo estéril. Assim, entre ditirambos ao vazio e ginásticas semânticas inúteis, o articulista firma sua pena na arte de dizer tudo sem dizer nada, cavalgando um rocim literário que, por mais adornado, não passa de um palafrene de papelão.

NB:
O texto tem valor literário enquanto espetáculo de linguagem, mas falha como ensaio reflexivo ou tributo esclarecedor.

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luis abreu
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continue assim sr. ministro demorou sim demorou mas nunca é tarde para é nossa terra de esperança bem haja Jorge Figueired ...

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