Os angolanos decidem nesta quarta-feira se “a força do povo” continua do lado do MPLA, mantendo no poder o partido que governa o país desde a independência, ou se dizem “sim” ao apelo de mudança da oposição liderada pela UNITA.
As campanhas intensificaram-se nos últimos dias e ambos os partidos reclamam ser os mais bem posicionados para garantir as preferências dos eleitores.
Do lado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o candidato João Lourenço apostou em mostrar trabalho feito, prometendo acabar no próximo mandato o que deixou por fazer nos cinco anos em que esteve na Presidência do país, apontando culpas à pandemia de covid-19.
O candidato da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, focou-se no “cansaço” e erros do MPLA, que não conseguiu tirar ainda os angolanos da pobreza e centrou as promessas nas eleições autárquicas – que João Lourenço tinha prometido concretizar e falhou – e numa revisão constitucional que retire os excessos de poder ao Presidente.
A corrupção foi um dos temas presentes na campanha, com João Lourenço a insistir nesta bandeira, aproveitando para atacar o seu adversário ao tentar associar a campanha da UNITA aos “marimbondos” (uma espécie de vespa, simbolizando corruptos), enquanto Adalberto da Costa Júnior insistiu que os “marimbondos” estão no partido no poder.
O período eleitoral foi também marcado pela morte no dia 08 de julho, em Barcelona, do antigo presidente José Eduardo dos Santos, e pela contenda familiar que se seguiu, um braço de ferro judicial e diplomático em que levou a melhor a viúva, Ana Paula dos Santos, e os seus três filhos, apoiados pelo Governo angolano, contra os filhos mais velhos que estão em rota de colisão com o regime e não vão estar presentes nas exéquias.
A chegada do corpo, no passado sábado, coincidiu com o ato final da campanha do MPLA, um gigantesco comício onde o presidente de partido e recandidato à Presidência não fez qualquer referência ao seu antecessor, embora a UNITA não tenha deixado de apontar aproveitamento político ao caso.
O executivo ainda não avançou com a data oficial para o funeral de Estado que pretende fazer, mas se acontecer a 28 de agosto, como foi veiculado por dirigentes do MPLA, acontecerá ainda no rescaldo das quintas eleições angolanas, que se adivinham renhidas.
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE), entidade que ao longo deste período tem sido a principal visada pelas críticas dos partidos da oposição, criou 13.238 assembleias de voto, constituídas por 26.443 mesas, no território nacional, e 26 assembleias de voto com 45 mesas de voto no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.
Do total de 14.399 milhões de eleitores, que poderão votar entre as 07:00 e as 17:00, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.
Em Portugal, estão registados para votar cerca de 7.600 angolanos.
Na corrida eleitoral, além dos tradicionais rivais MPLA e UNITA concorrem mais seis formações políticas: a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Partido de Renovação Social (PRS) e a Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Nacionalista para a Justiça (P-NJANGO), Partido Humanista de Angola e a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE).
A Semana com Lusa
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