O humorista e escritor brasileiro Jô Soares, que Portugal descobriu no programa "Viva o Gordo", em 1981, morreu hoje, em São Paulo, Brasil, aos 84 anos, informou a sua ex-mulher Flavia Pedras, através de uma publicação na rede Instagram.
"Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados", lê-se na mensagem, publicada há cerca de duas horas, entretanto citada pela imprensa brasileira.
José Eugénio Soares, conhecido por Jô Soares, nasceu a 17 de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro. Estreou-se no cinema e na televisão no final dos anos de 1950, como argumentista e ator, nomeadamente no Grande Teatro da TV-Tupi, atingindo sucesso maior cerca de dez anos depois quando chegou à TV Globo com o programa "Faça Humor Não Faça Guerra", que escreveia e protagonizava.
Portugal descobriu o autor de "O Xangô de Baker Street" em 1981, quando a RTP passou a transmitir o seu programa de humor "Viva o Gordo", sequência de sketeches de humor, em plena ditadura militar brasileira (1964-1985), no qual ironizava "a política e os costumes", como recorda a Globo, na sua página de arquivo.
Filho do empresário Orlando Soares, do Rio de Janeiro, Jô Soares estudou na Europa, a partir dos 16 anos, com o objetivo de seguir a carreira diplomática.
Aos 20 anos, porém, de regresso ao Brasil, é seduzido pelo cinema, aceitando um papel no filme "O Homem do Sputnik", de Carlos Manga, onde o talento é reconhecido e lhe abre as primeiras portas da televisão e dos palcos.
No final da década de 1950, a biografia oficial coloca-o em canais como TV Rio, TV Continental e TV Tupi, para os quais também escrevia, ao mesmo tempo que se estreia nos palcos, e trabalha ao lado de atores como Paulo Autran e Tônia Carreiro, já consagrados.
Durante os anos de 1960, manteve-se na TV Record, chegando à Rede Globo, em 1968, onde se estreou com "Faça Humor Não Faça Guerra".
O sucesso maior aconteceu em 1981, quando estreou "Viva o Gordo", que se manteve nos ecrãs durante seis temporadas.
Seguiu-se "Veja o Gordo", desta vez no canal SBT, onde completou 17 anos de emissões.
Ainda nos anos de 1980, Jô Soares optou por um modelo de ’talk show’ mais próximo do norte-americano, intercalando convidados, entrevistas, ’sketches’ e música. Surgiu assim "Jô Soares Onze e Meia", ainda na SBT, o que deu origem, mais tarde, a "O Programa do Jô", de novo na Globo, que chegou a Portugal através do canal por cabo GNT.
Como escritor de ficção, assinou títulos como "O Xangô de Baker Street", "O Homem Que Matou Getúlio Vargas" e "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras", obras editadas em Portugal pela Presença.
A Semana com Lusa
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