Os 210 trabalhadores colocados em 'lay-off', em fevereiro, pela empresa espanhola de pescado Atunlo, na ilha de São Vicente, Cabo Verde, continuam sem saber o que lhes vai acontecer, disse hoje fonte sindical, que criticou a ausência de respostas.
"Não há ainda uma decisão", afirmou o coordenador do Sindicato da Indústria Geral, Alimentação, Construção Civil e Serviços (Siacsa), Heidi Ganeto.
O prazo da última extensão do 'lay-off' terminou na segunda-feira e "os trabalhadores já deveriam ter regressado ao trabalho", mas, infelizmente, "a empresa não deu qualquer resposta", disse.
As atividades da Atunlo foram suspensas em fevereiro e os 210 trabalhadores foram colocados em 'lay-off' (que permite a suspensão dos contratos de trabalho) por quatro meses, recebendo metade do salário, devido a um processo de falência voluntária em Espanha, onde a empresa já havia iniciado despedimentos em janeiro.
Entretanto, as autoridades cabo-verdianas aprovaram pedidos da empresa para prorrogar a suspensão dos contratos.
A Atunlo justificou à Inspeção-Geral de Trabalho que precisava de matéria-prima para retomar as atividades e a última prorrogação solicitada esgotou-se na segunda-feira.
"Já tentámos contactar a empresa por 'e-mail' para saber qual é a situação. Hoje, os trabalhadores deveriam estar de volta ao trabalho, mas a empresa afirmou que não há condições, que estão à espera de uma resposta de Espanha. Porém, isso, para nós, parece apenas desculpa, pois estivemos na fábrica e está tudo fechado", acrescentou.
O coordenador sindical disse que irá enviar uma nota à Direção-Geral de Trabalho, solicitando uma posição e intervenção da entidade.
Caso a situação não seja resolvida, o sindicato deverá levar o caso ao Tribunal.
"Essa é uma possibilidade. Já estamos em contacto com um jurista e aguardaremos. Os representantes da Atunlo estão escondidos, não querem dar informações. Vamos ver se a Direção-Geral do Trabalho conseguirá agendar um encontro", acrescentou.
Desde o acordo para a última prorrogação do 'lay-off' por 60 dias, a empresa não forneceu mais informações.
"No início do mês, enviámos uma carta ao ministro do Mar para pedir um encontro e discutir a situação da Atunlo, mas não recebemos resposta. O Governo deve estar ciente do que está acontecendo. Os trabalhadores vão à empresa para pedir informações e são bloqueados pelos seguranças logo na entrada. Essa situação é muito preocupante", lamentou.
Esses trabalhadores também enfrentam problemas com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que suspenderá os seus benefícios a partir de novembro, devido ao facto de a empresa não estar a realizar os pagamentos devidos à instituição.
No início do mês, algumas dezenas de trabalhadores protestaram em frente à empresa contra o silêncio e os atrasos nos pagamentos, após sete meses de ‘lay-off’.
A Atunlo iniciou um processo de falência em Espanha em maio, após enfrentar dificuldades desde 2023.
Em Cabo Verde, a empresa, que iniciou operações em 2015 como um investimento europeu de destaque para o setor de exportação de pescado, está paralisada.
No final de agosto, o ministro do Mar, Jorge Santos, afirmou que o Governo, juntamente com a empresa pública de Portos de Cabo Verde (ENAPOR), estava a acompanhar o caso, a procurar soluções que protegessem os trabalhadores e assegurassem a continuidade do processamento de pescado no país.
A Semana com Lusa
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