A Inspeção-Geral das Atividades Económicas (IGAE) cabo-verdiana anunciou hoje a apreensão de uma “grande quantidade” de produtos potencialmente “perigosos e venenosos” a serem comercializados na cidade da Praia, após denúncias sobre envenenamento de cães e gatos no país.

Em comunicado, aquele órgão de polícia criminal afirmou que realizou as apreensões em estabelecimentos com atividade de venda de inseticidas, não tendo os produtos rótulo em portugês, língua oficial no arquipélago.

Na mesma nota, a IGAE referiu que, nos últimos dias, vem recebendo denúncias sobre o envenenamento e “matança” de cães e gatos, um pouco por todo o país.

“Na verdade, a exposição a inseticidas pode resultar no envenenamento não só de animais como de seres humanos”, alertou a mesma fonte, sem, no entanto, confirmar se são esses mesmos produtos que estão a ser usados para envenenar os animais no país.

Segundo a IGAE, a probabilidade de uma pessoa exposta, mesmo em pequenas doses, em desenvolver uma doença grave, aumenta ao longo do tempo.

“Esta ocorrência de problemas de saúde depende do tipo do produto com o qual uma pessoa entra em contacto, e da quantidade a que foi exposta”, prosseguiu, dizendo que os produtos identificados, cuja quantidade não foi revelada, são “potencialmente perigosos” e podem causar esses danos.

“A exposição a esses produtos poderá ser por contacto oral, inalação e mesmo dérmico (contacto com a pele e olhos). A preocupação não é apenas com a saúde e bem-estar animal mas, também, com a saúde pública humana”, escreveu a IGAE.

Este organismo alertou que, para além da população de cães e gatos, é colocada “em risco a vida das pessoas” e advertiu que o envenenamento e "matança" de animais não é a solução para a diminuição de cães errantes, “além de ser um ato bárbaro, punido por lei”.

A fiscalização foi realizada com a colaboração da Direção-Geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária (DGASP), Ordem dos Médicos Veterinários de Cabo Verde, (OMVCV) e da Polícia Nacional (PN).

Na semana passada, a líder do Movimento Civil das Comunidades Responsáveis (MCCR), Maria Zsuzsanna Fortes, afirmou que só no último ano foram registados cerca de 3.000 casos de envenenamento de cães e gatos no país, com maior incidência no Sal e na Boa Vista, as duas ilhas mais turísticas do arquipélago.

A Ordem dos Médicos Veterinários de Cabo Verde (OMVCV) também denunciou às autoridades casos recentes de envenenamento de cães no país, suspeitando que esteja a ser realizado pela própria população.

Em Cabo Verde, são frequentes casos de morte de cães e gatos por envenenamento na via pública, o que tem levado a reações e queixas das associações de defesa dos animais.

A Semana com Lusa