sexta-feira, 21 fevereiro 2025

Seul retira DeepSeek das lojas de aplicações enquanto investiga gestão dos dados

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A Coreia do Sul anunciou hoje a retirada da DeepSeek das lojas de aplicações locais, enquanto investiga a forma como a empresa chinesa especializada em inteligência artificial (IA) gere os dados dos utilizadores.

 

A Coreia do Sul é um dos vários países, incluindo Itália, França e Austrália, que manifestaram preocupações sobre a proteção da privacidade e da segurança nacional da DeepSeek, desde o estrondoso lançamento do seu grande modelo de linguagem no mês passado.

O procedimento em curso visa "examinar em pormenor as práticas de processamento de dados pessoais da DeepSeek, para garantir que cumprem" a lei, disse Choi Jang-hyuk, vice-presidente da comissão sul-coreana responsável pela proteção de dados pessoais, em conferência de imprensa.

No final de janeiro, o regulador sul-coreano já tinha anunciado que pediu explicações à DeepSeek sobre o tratamento das informações fornecidas pelos utilizadores.

Desde então, a empresa chinesa "reconheceu certas deficiências" em matéria de proteção da privacidade, declarou hoje a comissão.

O organismo sublinhou que "será inevitavelmente necessário algum tempo" para retificar a situação, daí a decisão de retirar a aplicação das lojas de `apps`.

A plataforma deixou de estar disponível para descarregamento no sábado à noite, mas continua a funcionar para os utilizadores que já a possuem.

O regulador sul-coreano apelou aos utilizadores para que "utilizem o serviço com prudência enquanto aguardam os resultados finais [da revisão em curso], nomeadamente abstendo-se de introduzir as suas informações pessoais".

No início de fevereiro, vários ministérios sul-coreanos, incluindo o da Defesa e o do Comércio, bloquearam o acesso ao DeepSeek nos seus computadores.

Os gigantes tecnológicos sul-coreanos, como a Samsung Electronics e a sua rival SK Hynix, são os principais fornecedores dos microprocessadores avançados utilizados nos servidores de IA.

O modelo R1 da DeepSeek surpreendeu pela capacidade de igualar os concorrentes norte-americanos, apesar de ter sido desenvolvido a baixo custo e de funcionar com menos recursos, pondo em causa o modelo de negócio do setor.

Mas é preocupante para muitos países porque os termos e condições do DeepSeek contêm uma secção sobre a transmissão de dados pessoais a terceiros.

Embora esta menção seja muito semelhante à do ChatGPT, da OpenAI, os especialistas mostraram-se preocupados com o risco de estes dados caírem nas mãos das autoridades chinesas.

Pequim, por seu lado, afirmou que o Governo chinês "nunca exigirá que empresas ou indivíduos recolham ou armazenem dados ilegalmente".

Taiwan proibiu as agências governamentais de utilizarem o chatbot, alegando riscos para a "segurança nacional", enquanto a Austrália ordenou a remoção dos programas da empresa chinesa dos dispositivos governamentais.

Na União Europeia, a autoridade italiana para a proteção dos dados pessoais lançou uma investigação sobre a DeepSeek, que foi proibida de processar os dados dos utilizadores italianos.

A CNIL francesa, responsável pela proteção de dados, e a Comissão de Proteção de Dados irlandesa (DPC) - que regula os gigantes da tecnologia em nome da UE - exigiram explicações à DeepSeek sobre o tratamento de dados.

A China denunciou as restrições recentemente impostas por vários países, qualificando-as de "politização de questões económicas, comerciais e tecnológicas".

A Semana com Lusa

Analista Cololo
Proteção de Dados ou Geopolítica? O Duplo Critério na Regulação das Big Techs
A grande questão aqui é a dualidade de critérios quando se trata da proteção de dados e segurança nacional. Se países como a Coreia do Sul, Itália e Austrália estão a tomar medidas para banir ou restringir o uso da DeepSeek devido a preocupações com a transferência de dados para autoridades chinesas, então porque é que Facebook, Google e outras plataformas ocidentais não sofrem o mesmo escrutínio?

A resposta passa por uma mistura de interesses económicos, dependência tecnológica e jogo geopolítico. O Facebook, por exemplo, tem um histórico extenso de violações de privacidade, desde o escândalo da Cambridge Analytica até às múltiplas multas da União Europeia por uso indevido de dados. Se a DeepSeek merece ser investigada e potencialmente banida, então o mesmo critério deveria ser aplicado ao Facebook, Google e outras plataformas ocidentais que há anos exploram dados dos utilizadores sem transparência total. A realidade é que a "segurança de dados" muitas vezes é apenas um argumento para travar a concorrência tecnológica chinesa e manter a hegemonia ocidental no setor digital.

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