Por muito pouco, fomos alvos de um inquérito na produção de energia e água do Sal, aquando de um blackout ocorrido durante um encontro internacional que envolvia membros do governo, para apuramento de responsabilidades.
Por Efrem Soares*
Fica aqui a minha chamada de atenção aos cabo-verdianos, à Direção do Ambiente se existe e à Direção da Segurança no Trabalho, pela situação anormal que é vivida na produção de energia e água do Sal, neste momento.
A iniciativa foi boa porque a equipa que dirigiu o inquérito, composto por pessoal técnico e idóneo das ilhas de Santiago e S. Vicente, conseguiu apurar a fragilidade da central com o envelhecimento dos seus grupos e seus sistemas, a deficiente partilha da rede pública com grupos contentorizados alugados a funcionar a 25 km da central e as condições laborais da ilha, onde o proponente do referido inquérito não teve a hombridade de dirigir uma única palavra ao pessoal visado.
Agora pergunto: porquê não haver inquérito ou equiparado pelo atraso na construção da central elétrica de expansão da produção de energia elétrica da Ilha do Sal, que teve o seu início em 2017 e quase oito anos depois, em 2025, ainda não entrou em funcionamento.
Será que vivemos num País de dois pesos e duas medidas, em que, neste caso, por envolver a Direção da Empresa e o Ministério que tutela as energias e dono da obra, não existe quem tem poder suficiente para mandar apurar responsabilidades ou tomar satisfação do que está acontecendo com esta obra penosa, que vem criando transtorno no fornecimento de energia e água à população, à indústria turística e não só, sem falar dos custos avultados que traz aos bolsos dos cabo-verdianos.
Onde estão o Parlamento e os Deputados da Nação que elegemos para nos apoiar e defender, bem como os Jornalistas deste País?
A primeira central única de Cabo Verde, inaugurada em 1983, abrangia inicialmente as localidades da Palmeira, Espargos e ainda o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, passou a integrar Santa Maria em 1986 e se alargou à Pedra de Lume. depois de 1990.
Há mais ou menos 10 anos que não se consegue assegurar o crescimento de todas as demandas da Ilha por falta de potência instalada suficiente, nos Centros Produtores em que a Central Privada da APP do Empreendimento CABOCAN passou a assumir o fornecimento de energia elétrica ao seu condomínio, que equivale a ¼ da demanda da Ilha, que ronda neste momento 20 MW, que corresponde a segunda ilha de Cabo Verde com a maior demanda energética, depois da ilha de Santiago.
A produção de energia elétrica do Sal tem passado por maus momentos, mas não é por incompetência do pessoal técnico local, antes fosse.
A Empresa Electra já foi menos mal gerida, com corpos da administração reduzidaos e com pessoal com conhecimento da casa.
Hoje, os técnicos, idóneos e competentes, são colocados na prateleira e a assessorar a Administração.
A Direção, que cuidava da qualidade, ambiente e segurança, foi extinta porque não faz falta numa empresa de alto risco, como a Electra, que trabalha com energia elétrica, água combustível e resíduos.
Fica aqui a minha chamada de atenção aos cabo-verdianos, à Direção do Ambiente se existe e à Direção da Segurança no Trabalho, pela situação anormal que é vivida na produção de energia e água do Sal, neste momento.
Depois de 50 anos a trabalhar na produção de energia e água em Cabo Verde, porque já trabalhei para outras ilhas, pela primeira vez, hoje, me sinto coagido e impotente, mas tudo bem, não vou desistir.
*Cidadão atento
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