Hospitalizado há vários dias devido a uma bronquite, o Papa Francisco encontra-se, esta segunda-feira, num "estado clínico complexo" e "o seu tratamento foi modificado", anunciou o Vaticano.
“Os resultados dos testes realizados nos últimos dias e hoje demonstraram uma infeção polimicrobiana do trato respiratório, que levou a uma nova modificação da terapêutica”, referiu o boletim de saúde.
Por isso, não se falou de uma data para a sua alta hospitalar, esclareceu, ao mesmo tempo que garantiu que o pontífice argentino “está bem-disposto”.
Apesar de estar internado, o Papa ligou, na sexta-feira e no sábado, para a paróquia da Sagrada Família, a única igreja católica em Gaza, adiantou hoje o padre argentino Gabriel Romanell, responsável da paróquia, citado pela imprensa do grupo Mediaset.
“Telefonou-nos na sexta-feira e no sábado, a sua voz estava um pouco cansada, mas estava de bom humor e queria saber como estávamos”, referiu a mesma fonte, acrescentando que no domingo não telefonou porque “ia descansar”.
O Papa tem telefonado para a paróquia, onde 600 pessoas se refugiaram, todos os dias desde o início da guerra, e quis continuar a fazê-lo durante o seu internamento.
No domingo, o Papa acompanhou pela televisão a missa celebrada pelo cardeal José Tolentino de Mendonça pelo Jubileu da Cultura, na qual foi lida a homilia que Francisco tinha preparado, enquanto à tarde “alternou a leitura e o descanso”, informou o Vaticano.
Vários problemas de saúde
Francisco, que teve parte de um dos pulmões removido quando era jovem, luta há muito tempo contra problemas de saúde.
Na Sexta-Feira Santa do ano passado, cancelou um evento depois de ter apanhado uma "gripe ligeira", mas continuou a liderar os serviços religiosos de Páscoa como planeado.
Um ano antes, em março de 2023, Francisco foi internado durante três noites com bronquite, que foi curada com antibióticos. Outro surto de bronquite fê-lo cancelar uma visita ao Dubai em dezembro de 2023 para participar na conferência climática COP28 das Nações Unidas.
O Papa foi também operado a uma hérnia em junho de 2023 e em 2021 foi submetido a uma cirurgia a um tipo de diverticulite, uma inflamação de bolsas que se desenvolvem no revestimento do intestino.
Usa cadeira de rodas desde 2022 por causa de dores persistentes no joelho e usa bengala nos raros momentos em que está de pé.
Francisco também caiu algumas vezes nos últimos meses, magoando o antebraço em janeiro e exibindo um grande hematoma no maxilar direito em dezembro, provocado por uma queda da cama.
Apesar dos seus problemas de saúde, Francisco raramente descansa. Em setembro de 2024, completou uma viagem por quatro países da Ásia-Pacífico, a mais longa do seu papado em termos de duração e distância. Nunca tira férias e mantém uma agenda preenchida, por vezes com uma dúzia de reuniões numa só manhã.
Os seus problemas de saúde geram frequentemente especulações sobre o seu futuro, principalmente depois de o seu antecessor Bento XVI ter renunciado devido a problemas de saúde em 2013.
Embora Francisco tenha deixado em aberto a opção de se demitir caso não consiga exercer as suas funções, disse que, para já, não irá a lado nenhum. Num livro de memórias publicado no ano passado, o papa escreveu que "não tinha nenhuma causa suficientemente séria para me fazer pensar em renunciar". A demissão é uma "possibilidade distante" que só se justificaria em caso de "impedimento físico grave", escreveu.
A Semana com JN PT
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