terça-feira, 03 dezembro 2024

Relação Europa/África: Uma Relação Desigual

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Depois das duas grandes guerras mundiais que arrasaram a Europa, tanto na primeira como na segunda, existiram casos alarmantes de ressentimento da pobreza, com a fragilizada economia, as fomes seguidas de epidemias, com o mundo dividido em dois blocos, as superpotências a leste e no ocidente, houve de fato a necessidade de olvidar esforços multilaterais para que as nações alcançassem uma paz duradoura através de um processo de mediação, um propósito estatutário ainda definido na Organização das Nações Unidas (ONU), mas inaplicável devido aos interesses instalados em ambos os continentes.

 Por Péricles Tavares

 

O problema africano consiste na falta de conceção e visão estratégica dos dirigentes em não reconhecerem a si próprios como capazes para edificar um muro potencial de poder económico ao recorrer aos meios científicos ao seu dispor nas próximas décadas, ao investir forte e decisiva no conhecimento humano, uma oportunidade assumida que será sempre um ganho a doar a quem virá depois. As dádivas são empréstimos que têm retorno, enquanto a guerra e a destruição serão sempre um crime oriundo para o povo saldar para a glória do político governante.

 

Em tempos, a Europa era penalizada pelos efeitos das guerras e logo organizavam-se para uma possível terceira escalada bélica, agora inevitável. Daí a fusão de elevada confusão pela ganância, a conhecida União Europeia (UE), onde todos juntos, vinte e sete estados-membros em permanente alargamento, fotocópia dos Estados Unidos da América. É através da mesma que ainda prevalece a moeda única, o direito único, os interesses comuns a vários povos, as diversificadas identidades culturais e linguísticas, e a diplomacia, ou seja, política externa sem exército comum.

África, da partilha à ocupação do continente pela Europa inteira, eis que a descolonização forçada pela guerra de libertação dos povos africanos, que aconteceu ainda no decorrer do século transato, e onde a nobre intenção das jovens nações africanas era em empreenderem-se na organização dos seus próprios destinos.

Para tal efeito, porque não fundir também, em entendimento legitimo segundo o direito internacional, constituírem-se em Estados Unidos Africanos, através da Organização da União Africana, antiga OUA, agora União Africana (UA), um sonho à espera de realização em fato, que lutaria pela paz e para o desenvolvimento e equilíbrio do continente. Será que o fantasma do colonialismo divisionista ainda assombra e permanece em África? Ou o saudosismo cego embrutece e retarda a decisão do homem negro africano?

A relação entre a Europa e África acontece alicerçada no respeito, na igualdade, na reciprocidade de vantagens, nas trocas culturais, nas experiências científicas e tecnológicas, no processo de extração e comercialização dos minerais, e não na ingerência dissuasora. Só isso assim será critério a estabelecer nas relações internacionais, para depois alavancar condições para melhorar os atos de solidariedade, para propiciar a paz eterna e a segurança perpétua para que todos saiam a ganhar com o desenvolvimento sustentável.

O problema africano consiste na falta de conceção e visão estratégica dos dirigentes em não reconhecerem a si próprios como capazes para edificar um muro potencial de poder económico ao recorrer aos meios científicos ao seu dispor nas próximas décadas, ao investir forte e decisiva no conhecimento humano, uma oportunidade assumida que será sempre um ganho a doar a quem virá depois. As dádivas são empréstimos que têm retorno, enquanto a guerra e a destruição serão sempre um crime oriundo para o povo saldar para a glória do político governante.

Na atualidade está acordado e assinado um tratado de parceria, não de cooperação, que data de 2017 a 2020 entre a União Europeia (UE) e África através de várias Organizações Não-Governamentais, ao invés de com a União Africana (UA) que assumiu a ratificação da proposta do preponente, apenas em nome dos estados-membros sem parlamento e conselho.

Para África tudo serve. Através do acordo feito com Ápia, Samoa, Oceânia e Ilhas da Polinésia, foram apresentados como meio impulsor cinco pontos estratégicos de parceria para cabresto aos dirigentes africanos: Ecológica transitória e energética que significa relação mutante social e económico com a atenção ao humano no seu comportamento com o ambiente com vida, com força de dinamismo, tal como um bom Whisky.

A digitalização, o poder do tato, o domínio da informática, algo que se tornou uma banalidade na conjuntura temporal. A sustentabilidade acrescida de empregabilidade em África é possível com o combate à corrupção e refletir e corrigir o sentido da navegação do navio ao porto seguro com todos os africanos a remar, confiantes das responsabilidades que acarreta a cada um e evitar náufragos desgarrados para servilismo no velho continente da escravocrata.

A paz é possível fora da aquisição de armas de matança ao assegurar a felicidade e o bem-estar do povo local. Quando equacionadas políticas sociais pertinentes e estimulantes, com aprendizagem ao alcance dos cidadãos, com oportunidades de crescimento de quem ambiciona ser distinto entre todos, edifica-se a nação na pátria de todos, capitaneada por um governo republicano meritocrático. Por último, a fração mais intencional como estímulo é prémio em África, tornando a mobilidade para a Europa dos deleites, uma condição requerida aplausível, mas questionável pelos corruptos governantes da velha guarda africana de forma transversal.

É de devida nota que, na conferência de Samoa, os dirigentes africanos aceitaram toda esta oferta sem propor ou alterar qualquer cláusula apresentada no tratado de parceria com a UE, ficando assente e testificado que cada estado deve ter a preocupação de defender os interesses de livre partilha, mas ficando em aberto mais de dez linhas de cooperação no horizonte que certamente seriam focalizadas nas atividades de transformação económica de matéria prima e empréstimos financeiros a aplicar nas áreas das infraestruturas, nas descobertas de água potável pelo processo de perfuração, na prospeção de ouro preto, petróleo, de minerais, de animais exóticos, e de tudo o mais que renda fortuna e satisfaça os apetites do homem europeu, mas que também sirva para alimentar as indústrias proprietárias dos oligarcas como garantia do emprego do fisco para o PIB nacional europeu.

A verdade seja dita, a Europa aceita tudo da África, menos a emigração dos africanos humanos, deles se reserva o fastio!

Em tempo de pandemia Covid-19, ficou claro que a África estava adormecida na ignorância dos tempos, incapacitada na arte de confecionar uma máscara de proteção e mais ainda para dar resposta ao martírio das populações a nível global, fato impactante no continente africano em particular. Foi tudo inesperado e complexo, certos de que a Europa, que desempenhou o papel de interdependência com os parceiros, viesse ao nosso auxílio. Ao fim e ao cabo, precisamos uns dos outros para o bem de todos.

O que mais importa, para continuada existência da África enquanto povo e nação soberana, independente, livre e submissa apenas das suas próprias leis internas, é estar atenta ao cumprimento das normas internacionais para melhor negociar e cooperar, e valer da literacia como um expoente máximo nacional, tornando o mesmo numa prioridade, mostrando prontidão para novos desafios.

O espírito europeu em cooperar com África marca pontos de boa vontade, com aberta frontalidade de tratamento entre os interlocutores a quem predispõe de crédito e competência, e estar à altura da construção de ponte que se consegue em toda a viagem pelo caminho da conversação e diálogo.

O mundo não pode, e não deve parar, pois os homens não deixam de crescer e de evoluir, apesar de um atraso aqui e ali, dum povo que padece, que não sabe o que tem, que desconhece o chão onde pisam os pés, que será ultrapassado e despojado do seu torrão, e escravizado pelos povos mais adiantados e mais capacitados em troca da subsistência.

A natureza há muito se cansou de sustentar a alguém sem ambição, de estúpido espírito comodista sem vocação para aventurar-se, desafiar e conquistar a honra de ter descoberto ou feito alguma coisa empreendedora a bem do crescimento da humanidade indigno de fazer presente.

A emigração sinistra, a deslocação forçada e controversa, se devem à incapacidade dos governos africanos em criar condições satisfatórias para a melhor fixação dos naturais de forma ambiciosa e condigna, com merecimento do ser humano para a felicidade do mesmo, dos seus e do coletivo nacional.

A Lusofonia, o povo lusófono no seu todo, integralmente tem feito muito pouco na dimensão social autocrática que teima permanecer, que marcha em cadência, numa fileira de cágados para o republicanismo interventivo, integrativos aspirantes a salto qualificativo para a democracia igualitária numa viagem infinita das gerações sem precisar de emigração para ser gente digna e feliz sem rumar a terra alheia, um costume fastidioso que teima fazer escola espelhada na cara dos sucessivos governos e governantes da procissão.

Os governos corruptos promovem a emigração e a fuga dos mais capazes, dos mais fortes e destemidos filhos da república para a escravatura. Pois, não se enganem, a emigração é uma forma de escravatura por outro nome.

Cabo Verde promove a escravatura como meio rentável para o tesouro público, com a transferência de remessa do filho que partiu para terra longe, e favorece o crescimento do PIB, mas não contribui para a redução ínfima ou para a tendência de escolher o estrangeiro como tábua de salvação para as famílias cabo-verdianas.

Cabo Verde, enquanto país de recursos reduzidos, dá-se ao luxo de ter um ministério para a emigração, um cargo que devia ser titulado por um secretário de estado ou um diretor, junto do ministério dos negócios estrangeiros para se direcionar aos emigrantes sobre assuntos específicos, como o envio dos bidões de trapos usados, os caixotes de utensílios de serventia agrícola, os carros usados, as bolas, bolachas e salsichas, um pouco de tudo de procedência da América do Norte.

Isto é um tamanho insulto à inteligência dos cabo-verdianos residentes nos países de acolhimento. Mas se assim é, é cordial diferenciar, que, por desprezo e teimosia alcunhamos os nossos irmãos e irmãs emigrantes de emigrantes do dólar, da viatura da chapa verde, então ainda bem que assim seja, pela honra e pela dignidade quando se ganha o pão de todos os dias, sempre com sentimento de repartir com todos aqueles que, ainda em Cabo Verde, têm o sonho, mas ainda se encontram à espera de vez de partida.

Que a contribuição dos tidos como emigrantes não sirva para alimentar caprichos dos senhores governantes com gastos supérfluos com o devido enfoque em modelo diferenciado, pois a conectividade não é doutrina, nem é tão pouco conto novo. Todos sabemos e estamos conscientes dos pressupostos, do dever para com Cabo Verde, e também para com os cabo-verdianos.

Todas as vezes que alguém parte para a emigração, o cabo-verdiano que parte dá lugar à entrada de dez outros emigrantes, oriundos dos países da costa africana, emigrantes a sustentar outros tantos emigrantes. Em face de tudo isto, algo que se torna tanto insustentável como intolerável, a continuada manutenção de um ministro da tutela que se encontra sempre em férias com tudo satisfeito, torna-se insuportável. Basta de governantes que não se preocupam com as pessoas que governam.

Senhor Ministro Jorge Mauricio dos Santos, o melhor favor, enquanto servidor público, e pelo serviço mínimo prestado, sem ganho e prestígio para a classe emigratória, é dizer-nos por que não sabe servir melhor, visto que é visto como um contributo negativo à república. Vendo que, nem com melhor serviço que doravante aprestar à pátria, à nação e à coletividade nacional, convido-o a declinar e a colocar o cargo à disposição.

A nação agradece!

Cidadela, maio de 2024

 

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