terça-feira, 03 dezembro 2024

DIÁRIO DE UM RESISTENTE - CONTINUAÇÂO

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Depois de analisar, fria e factualmente, cheguei à conclusão que sou sumamente importante e apetecível, para atrair tanta cobiça da esfomeada quadrilha de urubus da minha vida, já falecida. Fogo! Que barganha de me continuar a assassinar avidamente, mesmo depois de morto? Só escabrosos psicopatas se deleitam a matar desta maneira, por fetiche, por vaidade e por capricho. Não assumo cargo algum, não tenho dinheiro nem comenda, nem sequer visibilidade, apesar da minha formação considerada bastante boa.

 Domingos Landim de Barros*

 

Bem, Pedro Pires foi enterrado e não morreu. Porque predestinado a ser o ungido Matusalém da política CV, contra a áspera vontade de todos os malsões e sibaritas do surpreendente novo mundo. E até ganhou imensa grana pela intrépida resistência e sensatez, que os mercenários da ribalta adorariam arrecadar para os seus apaniguados empreendedores. Provavelmente, daqui a uns dias darei mais notas, acerca da minha crucificação, se não morrer às mãos desses canalhas e sanguessugas da honestidade. Porquê que a desmiolada extrema feição não aprende com a História?

O que querem afinal esses vampiros e chacais da ribanceira do diabo? Sinto que o sopro da minha voz incomoda e corre seríssimo perigo. Não sendo delinquente nem tendo antecedentes criminais, não se entende a birra de importunar um simples cidadão, ordeiro e trabalhador, só por não dar loas à torta feição extrema e não bater à porta dos mandões e sacripantas de um poder circunstancial e passageiro. Acontece que em alguns jornais da dita esquerda, anestesiados com questões de ego absoluto e de perversa agenda pessoal, de cariz agiota e monetário, não me deixam soluçar. Está todo o mundo capturado pelo sistema global de rapinagem.

 Os sediciosos vão apanhar, no duro e feio. E isto nada tem a ver com o ideal seleto e altruísta da esquerda elemental e consequente, convicta e benzida. Caramba! Não me deixeis dizer, nunca jamais, que este torrão é um reino privilegiado para gatunos e trapaceiros. Ficaria deselegante, para o finório inglês ouvir. Ou será que estamos diante da morte de uma ideologia em detrimento da outra? Parece que no confronto entre as duas, a mais emporcalhada e sedenta de sangue está a esmagar a outra, empobrecida e debilitada. É a famosa doutrina de má moeda em circulação. Acaba por se impor e expulsar a mais preciosa, para reinar sozinha no mercado. Neste punhado de pobre estância já nada de valioso nos comove. Nem a ingente paixão de Cristo, nem a receita de Deus pai. Só cargo, nome falso, dinheiro e vida fácil. E os valores da esquerda cristã e primitiva onde é que ficam?

Há tempo para tudo nesta retornada província ultramarina, só não há ensejo para debater questões candentes e nevrálgicas, que têm a ver com a vida e a dignidade de alguns heróis e de todos os honestos cidadãos. Por isso, na ausência de uma cidadania cultivada, os cachorros, aos montes, pululam nas achadas de berlinda e continuam a ladrar e a tentar morder aqueles que construíram o seu percurso com árduo labor, com vibrante suor no rosto e com vincada dor no pulso. Já ando manco e tenho calo nos pés por toda a parte, em virtude de tanto dar o couro por uma migalha de recompensa. Então, exijo que me respeiteis. O país precisa de um novo azimute para o devir. Outrossim, desde há três décadas, os radicais temeratos vêm se empolgando, enchidos de empáfia e de balofa, pela falácia que criaram, mas afinal são retrógrados e neocolonialistas, que se batem desabridamente, aliás, pelo regresso do indigenato e da discrepância de má memória. Os asquerosos inadimplentes, ao invés de cumprir a profecia, encomendaram caixões, para meter lá dentro alguns bravos combatentes da afirmação de uma nação, contra a anciã fidalguia imperial.

Enquanto isso, outros messias da banha de cobra e “flatus vocis”, os bestiários oficiosos da inexpugnável corrente de satanismo, desdobravam-se em brigadas de purificação social, desatavam a injuriar e a perseguir os indefesos aversivos, até à exaustão. E eu até nem sei por que nunca me puseram na cena do crime das profanações dos templos católicos. Uma beatífica exceção, um imenso privilégio, em torno do inferno todo que se cercou à minha volta e que ainda insiste em perdurar. Fiquei de fora, quiçá por oriundo do Cutelo de Eutimia e da ribeira mais púdica e devota da ilha de Santiago, que é a virente Ribeira de Candura, em São Miguel. E sobre a data da minha vinda à luz do pássaro divino, talvez convenha fazer o coro com o grandioso Luiz de Camões, para entoar - “Ó gente temerosa, não se espante, que esse dia deitou ao mundo a vida mais desgraçada que jamais se viu”. Ou quando, assim tristonho, o inigualável poeta luso pensava alto e lamentava – “Desta terra vos sei dizer que é mãe de vilões ruins e madrasta de homens honrados”.

Bem, Pedro Pires foi enterrado e não morreu. Porque predestinado a ser o ungido Matusalém da política CV, contra a áspera vontade de todos os malsões e sibaritas do surpreendente novo mundo. E até ganhou imensa grana pela intrépida resistência e sensatez, que os mercenários da ribalta adorariam arrecadar para os seus apaniguados empreendedores. Provavelmente, daqui a uns dias darei mais notas, acerca da minha crucificação, se não morrer às mãos desses canalhas e sanguessugas da honestidade. Porquê que a desmiolada extrema feição não aprende com a História?

É certo que também me pus a jeito. Como é possível enfiar a efígie inteira na boca de tubarão ou crocodilo? Até porque há bastantes evidencias em como vivemos numa cruel sangrenta selva. É caso para dizer: bebi de límpidas mãos a peçonha de mamba-preta. Pois, eu próprio paguei, às vezes, para que os canibais me tivessem na mira de devorar. E agora vos rogo, pela enésima vez: não me metais, nunca jamais, em nenhum tipo de sujeira, da igualha dos vossos comparsas e lambedores, que veementemente desconheço. Honra e glória aos injuriados e escorraçados de “naífe democracia”.

....

*Um dos mártires da esquerda

 

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