quinta-feira, 21 novembro 2024

Fazendo uma retrospetiva da evolução da parceria público-privada no Sal

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A eletricidade e água, sendo dois produtos essenciais na manutenção da vida e no desenvolvimento de aglomerados, cidades e países, devem ser acarinhadas e financiadas para garantir a continuidade da produção, como aqueles que, no Sal no anos 60/70, juntaram para o ter socialmente sem fins lucrativos e como é feito até hoje pela empresa pública ASA e privados na área do turismo, que solicitados pagam para o ter, financiando a continuidade da produção, sem fraude, indevidamente e roubo, mesmo com perdas por negligência, consentida nas redes públicas, pela própria companhia de exploração, em comparação com as dívidas acumuladas pelas instituições do estado, roubo, fraude, indevidamente acumulados por empresas privadas e singulares nas outras Ilhas, principalmente na maior Ilha de Cabo verde, colocando a empresa sempre com saldos negativos sem poder autofinanciar a sua continuidade de produção.Pensem nisso!

Por Efrem Soaresª

Fazendo uma retrospetiva da evolução da parceria Público-Privada, na Ilha do Sal, no século XX, mais precisamente dos anos 60 a esta parte, do qual testemunhei com os olhos que a terra há de comer.

Hoje, badalada como ideia inovadora que se pretende implementar em Cabo verde, como se fosse coisa de outro mundo.

Importa destacar que, embora a nossa Ilha tenha sido entendida como uma Ilha deserta, conseguiu transformar-se como motor da economia de País, a ponto de ser hoje a atração forte para a imigração/emigração, bem como para preferência turística internacional, que está se espalhando para as outras Ilhas, vista como a principal opção para o desenvolvimento de Cabo Verde.

Podia estar muito mais atraente se não fosse o travão que é colocado pelos sucessivos governos, na perspetiva de que todas as Ilhas têm que desenvolver ao mesmo tempo, em simultâneo, canalizando 80´% daquilo que é produzido na Ilha para o Estado colocar nas outras Ilhas, mesmo que para isso o “motor” tenha que entrar em decadência por falta de manutenção e de reforço das infraestruturas de suporte.

Se outrora apostaram em infraestruturas estruturantes, hoje gasta-se o lucro do esforço da produção da nossa Ilha para embelezar o que já é belo pela natureza, pintando as ruas com cores de arco-íris, para moldar as cabeças das pessoas menos atentas com finalidade política,  o que estão a fazer, sendo que isso nunca teria sequência, caso apostassem, primeiro, na produção agropecuária e na sua transformação,  na energia e água, na construção de grandes reservatórios de água, para garantir o abastecimento contínuo à  ilha, para a população e para infraestruturas turística e de suporte turístico, numa Ilha em que  a demanda de água já atingiu mais de 6000 m/dia e a da eletricidade aproximadamente 20 MW pico.

Estes dados dão-nos uma ideia como a energia e água têm tido um papel preponderante no desenvolvimento da Ilha, de mãos dadas com a parceria público-privada que nos leva a acreditar que a empresa de energia e água no Sal tem pernas para andar, como empresa Ilha, como já foi  demonstrado no passado antes da criação da Electra, em que era esperado, que a criação de uma empresa única em Cabo Verde, para a produção destes dois produtos, seria mais viável, mas quarenta e dois anos depois, ficou comprovado, e é visível a desilusão, por causa da falta de responsabilidade e consciência da maior Ilha do País, que isso não se verificou.

A cultura da parceria público-privada tem uma longa história na Ilha do Sal, ou seja, sempre o privado teve a supremacia, com a criação das salinas, que viabilizou o seu povoamento e a sua história é sobejamente conhecida por todos, na produção e exportação do sal, para Europa, África e Brasil.

Desta parceria público-privada resultaram infraestruturas construídas na época, linha férrea, teleférico, bombas eólicas, ponto cais, docas, todas infraestruturas estruturantes, implementadas em Cabo Verde, na Ilha do Sal, primeiro do que em muitos países europeus, alargadas com a introdução de tratores industriais, no transporte e colheita do sal, nas marinhas de Pedra de Lume e Santa Maria.

A indústria da pesca, com frota de barcos, e a fábrica de transformação e conservas do peixe para exportação para a europa, bem como do guano, (restos de peixes), secando ao sol em eiras, (espaço ao ar livre), para exportar para áfrica para adubação de terrenos agrícolas são outras formas em que a parceria público-privada se manifestava.

Barcos de captura da lagosta, por intermédio de viveiros e de mergulho, com auxílio de garrafas de ar comprimido e mesmo do mergulho livre, para serem exportadas vivas para Europa de avião, evidenciaram esta parceria que ganhou mais força com a construção do viveiro, habitat artificial da Empresa Salmar, na povoação de Palmeira, que permitia manter as lagostas vivas por mais tempo e em maior número para a exportação.

O Aeroporto do Sal, construído em 1939, pelos Italianos, que abriu as portas do mundo, de e para Cabo Verde, internacionalizando o país através da via rápida, com voos de ligação, Europa/Américas/África e agora para todo o globo é o exemplo mais bem-sucedido e de importância capital para o País desta parceria público-privada registada no passado.

Para nos anos 80/90, com a falência das companhias da exploração do sal, se dar início a uma nova era da parceria público-privada, com o nascimento da indústria hoteleira, através do casarão do proprietário Belga, o milionário Vynckier, que escolheu a Ilha para construir a sua casa de praia nos anos 60.

Com a onda da independência dos países africanos, pelos países colonizadores europeus, em que Cabo Verde também fazia parte, se constatou que os países africanos da costa ocidental africana, em solidariedade com o povo negro nativo da África do Sul, sob o domínio do Apartheid, na luta para abolição do regime, não permitiam o sobrevoo e nem o pouso para reabastecimento dos aviões da South African Airways, nos voos com destino à Europa e aos Estados Unidos da América.

Cabo Verde, sendo um país independente, mas pobre e desprovido de riquezas naturais e não sendo possível arcar com as exigências dos países em questão, permitia a escala para reabastecimento dos aviões da SAA no Sal, que atingia mais de 47 escalas semanais de aviões de longo curso, como o Boeing 747, para reabastecer de combustível e água e fazer a descarga do lixo sólido e águas negras, deixando grande contrapartida económica para o país, na luta para o fim de apartheid com as reuniões internacionais, na localidade da Murdeira/Madama, que assim viriam a contribuir para o fim do apartheid na África do Sul.  

A parceria do milionário Vynckier/South Africam Airways, com a cedência de quartos no casarão para alojamento de mecânicos de avião e família, viria a dar início ao seu alargamento com a construção de quartos anexos ao casarão, para alojamento do pessoal da cockpit e de Cabine, que posteriormente foram aumentando, conforme aumentavam as escalas e com a solicitação de outras companhias que também passaram a escalar o Sal, como a VARIC, AEROFLOT, CUBANA, TAAG e a TAP.

Com o aumento da escala no aeroporto gradualmente  e com escassez de água na Ilha, nasceria uma nova parceria entre a Câmara Municipal Colonial, Aeroporto do Sal, South African Airways e Vynckier, nos anos 70, na instalação de um dos primeiros dessalinizadores MSF, com capacidade de produção de aproximadamente 90 m3/dia em Cabo Verde, no sítio onde é  hoje o  Hotel Odjo D´água, que entrou em funcionamento em 1972, que tirou a Ilha do sufoco da escassez do líquido precioso e essencial à vida, de um modo geral, com melhorias na qualidade e na quantidade, porque para além de ser escassa, a salinidade da água que se usava era alta, (água salobra, com mais de 15000 microsiemens de condutividade).

Para nos anos 80, com a decadência das salinas por causa da baixa procura do sal e com fraca exportação, graças a Deus, o Hotel Belga/Morabeza, que se afirmava na prestação de serviço às companhias aéreas, viria a suportar aproximadamente 80% dos trabalhadores que laboravam nas salinas de Santa Maria.

Na mesma década, dava-se início a construção da nova central dessalinizadora, desta vez na localidade da Palmeira, que ficou concluída em 1982, fruto da cooperação dos governos de Cabo  Verde e dos  Estados Unidos da América, para em 1986, após a criação da Empresa Electra em 1983, dar início à primeira central única de Cabo Verde, na Ilha, com a extensão das redes de energia e água à então Vila de Santa Maria, a partir do Aeroporto do Sal, onde, com a construção da central da Palmeira para fornecimento de energia às povoações da Palmeira e Espargos e o Aeroporto do Sal, havia ficado prontas as saídas de interligação. Por último, a localidade de Pedra de Lume viria a ser interligada à rede única, nos anos 90.

Que não ficou por aí, porque o projeto de transporte de energia e água para Santa Maria estava interligado ao projeto da construção do Hotel Belorizonte,  da cooperação França /Cabo verde, que daria o início, à indústria do turismo propriamente dita, porque com o já Hotel Belga/Morabeza, que recebia algum turismo, mas mantinha o predomínio na prestação de serviço, para mais a frente passar a se dedicar ao turismo com a queda de Apartheid e a mudança da rota da maioria das companhias aéreas que escalavam o Aeroporto do Sal.  

Já nos anos 90, dava-se início ao boom do turismo de massa, com a construção do Hotel Italiano Djadsal, sendo que a sua expansão é sentida até os dias de hoje, apesar de algum indício do começo do turismo de qualidade interligado.

Assim, de uma produção de água de 90 m3/dia de 1972, e produção de energia de 50 KW/hora em Santa Maria de 1959, hoje, atingimos a demanda da Ilha para mais de 6.000 m3/dia de água e de 20/MWh de pico com eletricidade, no presente.

Tudo isso para dizer que não justifica estarmos a passar por crises de energia e água, de habitação, de abastecimento às indústrias hoteleiras com produtos frescos da «produção caseira e outros já citados aqui, se tivéssemos conhecimento, do que foi feito no passado, com esforço, dedicação e vontade de vencer e se fizéssemos, como fazem em outras paragens, pelo menos, 60% do produto do trabalho da ilha, ao serviço da mesma, que daria para atingir o patamar de estabilidade e ainda contribuir com uma fatia maior, para o desenvolvimento de Cabo Verde, dando às outras Ilhas, com maiores recursos, exemplo para fazerem o mesmo através dos respetivos suores.

A eletricidade e água, sendo dois produtos essenciais na manutenção da vida e no desenvolvimento de aglomerados, cidades e países, devem ser acarinhadas e financiadas para garantir a continuidade da produção, como aqueles que, no Sal no anos 60/70, juntaram para o ter socialmente sem fins lucrativos e como é feito até hoje pela empresa pública ASA e privados na área do turismo, que solicitados pagam para o ter, financiando a continuidade da produção, sem fraude, indevidamente e roubo, mesmo com perdas por negligência, consentida nas redes públicas, pela própria companhia de exploração, em comparação com as dívidas acumuladas pelas instituições do estado, roubo, fraude, indevidamente acumulados por empresas privadas e singulares nas outras Ilhas, principalmente na maior Ilha de Cabo verde, colocando a empresa sempre com saldos negativos sem poder autofinanciar a sua continuidade de produção. Pensem nisso!

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*Cidadão atento

 

Daniel Dias
Coitado do Leão Vulcão. Perdeu o emprego.
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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
8 days 22 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
10 days 21 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
18 days 19 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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