quinta-feira, 21 novembro 2024

Um Mimo Atirado a Toque de Caixa

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 

Ergo-me do chão, agora, defronte da minha história. Limpo-me da poeira e vou ao orbe. Tudo o que de torpe desaparece, diante da iminência de redenção. Tenho o bastão de probidade dos meus caríssimos heróis. E mais: conto com a bênção dos outros excelsos maiorais do meu ofício. Irrompe-se das trevas a mirífica partícula de Deus, com a áurea proporção brotando dele. Tudo exala bem a meu contendo. Estabelece o Ser do alto a holística visão na minha indústria. Depois, abona-me de espirituosa ligação entre Cutelo de Eutimia e Milho Pula, Ribeira de Candura e Achada Equestre, Enseada de Horizonte e a vizinha Ilha do Quinto Mês. Esta, enquanto caçula da minha estima e de toda enternecida contemplação, acaba sendo assaz bonita e mimoseada. A Serra de Picante, a verdejante e mítica Ribeira de Tabugal, em Santa de Novembro, o alto de Rui Vaz e as portentosas lamparinas de enlevado Monte Tchota das minhas fúteis e inesquecíveis noites de vacuidade. 

 

Domingos Landim de Barros*

 

São os depravados comilões e beberrões. Os esdrúxulos satãs acabam por envergar as vestes de monarcas intocáveis e tiranos a toda a prova. Os pérfidos trânsfugas e sacripantas sequer sabem driblar, para se esquivarem da ultrajante e demoníaca conotação. Há também os diabólicos artistas e gabarolas, ansiando criar o feudo de vassalagem por toda a parte. Alguns asquerosos salafrários até prometem retirar o pergaminho dos seus confrades, conseguido com enorme sacrifício, com sangue fresco nas narinas e grudado suor no rosto. Por isso, fazem lembrar a beatífica aura dos benquerentes e formidáveis condutores da cidadania. Ah Rei Mandume e exitoso delfim de pompa dos Kwanyama, António Vakulukuta!  E aqui, entre nós, nesta pobre “junta de freguesia”, para recordar o pragmático cronista, Manuel Delgado, qualquer espúrio representante e reizete de empresazita de porcaria ou associação parasitária de mata fome, arma-se em espertinho, à moda de um folgado galã de instância, age a seu extremo bel talante e nunca presta contas a ninguém. 

 

Ah candeias daquele sítio, nos instantes de criancice! Contudo, apraz-me ver a aura do divino no meu simplório imaginário, suprindo a minha falta de talento e habilidade. Tudo isso, sem a isca de pecado prevalecendo. Sinto, em vez do asco de circunstância, a púrpura magia em meu redor. É sinal de místico poder e de sapiência. Ressumbra de dentro para fora o magnífico aedo do criador. O ambiente de deífica feição refuta a cansativa ladainha mal composta dos arreigados e rudes imbecis. O planeta pode pular, entoar e cantar o hino de irmandade, quando defronte da minha tela de visão mirabolante, à sombra da mansão dos humildes servidores da humanidade. Serão sempre os benquerentes do paraíso. Assim, o simples Barnabé, o desprendido João de Barros, o inimitável Manuel Fernandes Tomás, o singular Aristides de Sousa Mendes, de Portugal, bem como o saudoso e denodado Joaquim Pinto de Andrade da “linda Angola”, na afetuosa e lírica expressão do exímio trovador, Waldemar Alonso Bastos.  Ah Joaquim Pinto de Andrade! Que colossal intrepidez? Pois, apesar dos ingentes belzebus e de miriápodes entraves dos rapazes de calcinha daquele tempo, com repetidas tropelias e nefastas detenções da velha saga de iniquidade, firme se mantendo contra as afrontas e provações, no combate por ideal de liberdade. 

O nativo de Golungo Alto bebia a sagacidade e espiritualidade diretamente do seu maioral de proa e primeiro beato negro da Santa Igreja, no continente. Ele, Joaquim Pinto de Andrade, o venerando emblema do nosso nacionalismo, intacto e sereno, com aprumo de sobeja no caráter, merece ser sempre lembrado como um marco de referência valorativa no mais alto do mastro de idealidade. Além de uma lisura de feição e de um inexcedível cavalheirismo, mesmo quando o momento era de mágoa e de injustiça. Joaquim Pinto de Andrade, não obstante as agruras de um sistema pérfido e retrógrado, cumpriu a sua missão, sem nunca claudicar na defesa da refulgente dignidade do seu país. O compincha das doridas horas de provação do estroso combatente, Agostinho Neto, o patriota e sacerdote, com fé em cristo e fé na luta, estava ungido de uma dupla de missões: libertar o ser cativo e evangelizar o novo homem do território. Por isso, pronto e avidamente disponível a dar o couro pela verdade. Nesta plêiade de magnânimas personas, de irredutível honestidade, inclino-me a incluir no seleto mesmo clube do meu apreço o valioso compatrício do Cutelo de Selada e de Achada Queimada de São Miguel, o vizinho da minha então eira campestre, Marçal Domingos Pereira Furtado. Ah Marçal! Serás eternamente grande aos olhos de todos aqueles para quem a nobreza de postura vale mais do que a riqueza material. 

Realmente, em matéria de rebuscada seriedade, ninguém fica na dianteira do cidadão em causa. De toda a História Universal que a minha curta memória alcança, apenas o liberal português, Manuel Fernandes Tomás, o patriarca da liberdade, tem o lugar de melhor destaque, nesta resenha. De facto, um chefe de governo a morrer por falta de alimento toca a todos os humanos corações de boa vontade. É obra!  Sobretudo, quando se compara a incomparável façanha doutrora a esta fase perdulária e de infernal atabalhoamento, com assomo da pressa de vampiro e com a azáfama maligna de tudo abocanhar, em meio a uma tecedura de artimanhas e trafulhices sem precedentes e regidas de fervilhante satânica ganância, com enfoque obcecado no injustificado e acelerado enriquecimento, importa mais que nunca exaltar o impoluto percurso profissional do compatrício da minha púdica ribeira. Podia muito bem ser hoje um magnata, como tantos outros favorecidos pela fatal oportunidade. A sextilha destas magnificas notoriedades compõe o grosso do meu mais cintilante alvor, na questão de irredutível honestidade. Seres humanos de uma invejável e de uma arrebatadora integridade, que viveram e deixaram viver os outros, respeitando a cada instante a salutar alteridade. 

Como diria Lucas, o devotado da bênção de Jesus de Nazaré, em 14/11 - “Qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado; e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado”. Todavia, os galopantes satanases da nossa era nunca se bastam de coisa alguma. Razão por que vivemos hodiernamente uma loucura descontrolada pela abastança dos bens tangíveis, levando a que alguns façam trinta por uma linha, afim de se afirmar e anular o semelhante. Tudo por causa do ego exacerbado, em busca de tenças e rendas e prebendas. Então, os infartáveis indivíduos, com umbigo do tamanho do universo, com desastrosa propensão pela perfídia, têm tremendas dificuldades em enxergar o grande mal que fazem ao planeta, ignorando que o ego exagerado é a pior caraterística do ser de bípedes feições. Atrofia a matriz do cosmo, cilindra e mata o alicerce do firmamento. Pois, é o diabo absoluto, bailando na cumeeira do mais inóspito e pútrido entourage. Em nossa diletante Mamãe África, por exemplo, alguns afortunados fundadores da nação e de mais tarde falaciosa democracia não largam o poder por nada deste mundo. Arrebanham tudo para si e para família, até milhenta geração. São donos da coutada, da alimária e das pessoas; da substância, do símbolo, do eco e do nome dos países. O próprio ar que o povo respira pertence aos imbastáveis sibaritas e trogloditas.

São os depravados comilões e beberrões. Os esdrúxulos satãs acabam por envergar as vestes de monarcas intocáveis e tiranos a toda a prova. Os pérfidos trânsfugas e sacripantas sequer sabem driblar, para se esquivarem da ultrajante e demoníaca conotação. Há também os diabólicos artistas e gabarolas, ansiando criar o feudo de vassalagem por toda a parte. Alguns asquerosos salafrários até prometem retirar o pergaminho dos seus confrades, conseguido com enorme sacrifício, com sangue fresco nas narinas e grudado suor no rosto. Por isso, fazem lembrar a beatífica aura dos benquerentes e formidáveis condutores da cidadania. Ah Rei Mandume e exitoso delfim de pompa dos Kwanyama, António Vakulukuta!  E aqui, entre nós, nesta pobre “junta de freguesia”, para recordar o pragmático cronista, Manuel Delgado, qualquer espúrio representante e reizete de empresazita de porcaria ou associação parasitária de mata fome, arma-se em espertinho, à moda de um folgado galã de instância, age a seu extremo bel talante e nunca presta contas a ninguém.  

Assim, naquilo que mais importa para imitar e incorporar, não pode entrar no cesto o mimetismo colhido dessa gentalha de estonteante despudor e de suja barriga larga. Por uma questão de suprema moralidade, à margem da seara de eleição da minha esfera, ficam sempre esses reles vilões e marmanjos-cara de pau. Chove, porém, o dom de aperfeiçoamento, o bálsamo estelar do Altino Ser alado, na lavra dos castos cidadãos e comedidos. Por isso, creio piamente no advento da minha hora de gota de água. Termino esta crónica, dedicando-a ao inesquecível oficiante de excelsa sépia, Osvaldo Osório. Que a terra te seja espuma de leveza e de auspiciosa e redentora anastasia, estimado precursor da minha arte e venerando da minha terra.

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*Na pele de Sísifo Ali Jó

 

David Dias
Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.
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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
8 days 17 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
10 days 16 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
18 days 15 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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