Estou emboçado da lama de prodígio de Fonte Lima, o sítio de moldura da silhueta e da efígie da minha casta. Com ânsia de oficiar e não me deixam. Tremulo na própria casca, que nem na corda o lenço pelo ímpeto do vento ou virente saraivada de marmeleiro, no couro de um púdico discente. A vida, infelizmente, se resume a segundos de bico no melaço. O resto de vilania não enxerga nada e a ninguém. Quebra-se o silêncio só para dar destoante provimento a um desalentado ámen ou fraco adeus. Então, por que tanta balbúrdia e azafamada cupidez? Uma valia apenas nígua e não ungida, com ruido e lancinante percutir na fimbria do desejo.
Domingos Landim de Barros*
Às vezes, sou um amplo e competente desprendido. Embora sob um manto de apatia, tão notável de divisar e de assistir, tal que a do prezado filho de algo e de exceção, o denodado africanista, Elysée Turpin, o inaugural discípulo de monta de Cabral, na altruísta, fatídica e refletida contemplação do seu jazido camarada, Aristides Maria Pereira. Depois do nitente Pivô da Hespéria e da Galé, será o magnífico Elysée o vulto de maior envergadura nas terras de vanguarda da heroica luta. Tenho tenção de ser esnobe à minha áspera maneira. Pois, nunca levo a carne inteira ao assador, no sentido de adorar os trafulhas e fanáticos do burgo.
No fundo, o sopro humano, quando solto, são fatias de efémeros instantes, para reter escassos itens de iguaria. Um beijo adocicado, uma eletrizante e suculenta mordedela no caroço de acepipe, um abraço conivente e afeiçoado, um mito idolatrado, como o grito da liberdade, uma leda fantasia acelerada, uma mentira bem urdida e calibrada… Depois de espasmos, apagam-se as lâmpadas do clique, a luz da epifania e não há gás, no momento de um aceno constrangido e para sempre. Assim, nenhuma derrota do inimigo me satisfaz, na completude. Nada de glória alheia me regozija, na plenitude. Nenhum esmero doutrem me rejubila no fundo de imo. Ouso morder o isco da minha sina, para me firmar e dar ossada de construtura, com pé na estrada.
Um psiu de exaltação e de árdua receção da minha sorte, um rasgo de certeza chega tarde e já me sobra. Sou ente, um bicho de amiudada terra estranha que, como bem diria Camões - «Com tão pouco está contente». Eu quero um puritano cosmo de intrepidez, um espaço de esplendor e de repleto ar na botija do chão cardíaco. Minha alma impa pela plúrima justeza, gatinha e sangra, vítima de uma falsa ideia de esquerda, patuleia e sedutora; de uma mainata e falaciosa coisa oposta, com a sua elite rastaquerista, subserviente, boçal e mui merceeira. Ostracizada e torriscada, chora a minha alma, no meio de uma hedionda incongruência no território, antes de perecer. Tudo à causa do veneno da sua imune integridade. E não será nunca por vaidade ou petulância. Maldade não existe no cardápio da minha ciência. Eu não preciso do patrocínio de ninguém para fazer aquilo que me palpita o coração e dá prazer.
O vaticínio sai da boca do funil de ubiquidade. É cumprimento de um desígnio, no couro de agrilhoado ser da trilha, sob esbirro de verdugo e de jumento que, na vereda de Rubro Zorro, não se deixa amolecer e federar. Tenho a pinta de naífe ingenuidade nas minhas veias. Prefiro a franja de nobreza nas atitudes, ao invés da teta de abastança nas algibeiras. Ontem, choveu a cântaros na lide, enorme no jardim da minha eira. Exclamei: ave, meu Deus! Pulei catita e acalorado, como num ritual para bacantes. Parti o enguiço e dancei por vírgula silente de sensação, por uma perspetiva alinhavada, um verso bem plantado no viveiro de Dom Apolo, um brilho ou frase inspirativa e ciosamente conseguida de Zacimba de Cabinda, clamando por nativa liberdade. Senti-me estonteantemente airoso. Minha bandeira de quintessência só esvoaça a lenitivo do sinal da minha mente. E, quiçá, por medidas de precaução. Sou meeiro de uma herdade sem acionistas no horizonte de pretensões. Corro sozinho e corro por mim mesmo. Vivo sob o signo de uma vetusta e mísera tribuna, sob a saga de uma tribo que me esmaga, tira tino. Cultivo um antigo e discrepante clã de agiotas esganados, num pária de país que me sufoca, vira a tampa. E tudo de fetiche em minha vida dura um triz.
De seguida, sabe a fel de redundante retirada. Apenas o trabalho com grudado suor no rosto permanece. Oh salitroso chão de Hespéria! Trago na gema, na gana e na veneta a propensão pelo declínio. Paira a sempre mítica ilusão na fronte de retina da minha vista, arde-me na mão a frouxa tocha de redenção. Detesto as espúrias aventuras de me porem a mentir e a fabricar iniquidade. Ontem, o alçado miradouro do meu arraial, com azimute de uma excelsa preciosidade, catapultou-me para um ápice de brio. E os nefilins da ilha nem me viram. Há em mim períodos de altivez e de quietude, de firmeza e de tibieza, interlúdios de agitação e flacidez.
Às vezes, sou um amplo e competente desprendido. Embora sob um manto de apatia, tão notável de divisar e de assistir, tal que a do prezado filho de algo e de exceção, o denodado africanista, Elysée Turpin, o inaugural discípulo de monta de Cabral, na altruísta, fatídica e refletida contemplação do seu jazido camarada, Aristides Maria Pereira. Depois do nitente Pivô da Hespéria e da Galé, será o magnífico Elysée o vulto de maior envergadura nas terras de vanguarda da heroica luta. Tenho tenção de ser esnobe à minha áspera maneira. Pois, nunca levo a carne inteira ao assador, no sentido de adorar os trafulhas e fanáticos do burgo.
Não nasci para beijar a mão dos insipientes e matutos do principado. Fico galante de me ver nas vestes de um proeminente Barnabé da Bíblia, a invulgar lenda do Chipre. Pois, quando proscrito, sou bem capaz de me render e dar arrimo a um fraterno meu dervixe - «Vai tu que já sou velho. A tua realização enfarta-me de gozo assaz radioso, coroa-me de bálsamo, reconforta-me bastante e ledamente contamina». Estou em frente do utópico panteão dos memoráveis e dou alvíssaras aos impolutos maiorais das minhas rijas e sinceras amizades.
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*Na própria pele de sisudo caminhante
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