Um grupo de trabalhadores do sector privado na cidade da Praia manifestou-se esta quarta-feira insatisfeito com a diferença dos salários mínimos em Cabo Verde, sendo 17 mil escudos para o sector privado e 19 mil para o sector público.
O grupo de trabalhadores do sector privado, contactado pela Inforpress, expressou insatisfação com essa diferença, considerando-a “injusta” diante das condições em que desempenham suas funções.
José Tavares (nome fictício), trabalhador do sector privado, aponta que uma das maiores queixas entre seus colegas é a disparidade nas condições de trabalho em comparação com os funcionários públicos.
“Trabalhamos por mais tempo, muitas vezes em condições precárias e até nos finais de semana e feriados. No sector público, têm menos carga horária e melhores benefícios, pelo que achamos essa diferença injusta, porque estamos a desempenhar funções também importantes e, muitas vezes, com menos reconhecimento”, critica.
Carla, também funcionária no sector privado, reconhece que o aumento para 17 mil escudos trouxe algum alívio, mas também lamenta que o valor não seja suficiente para cobrir o custo de vida na capital do país.
“É melhor que antes, mas o custo de vida continua muito alto. Os custos com a educação dos meus filhos e a alimentação pesam bastante no orçamento familiar, sem contar que hoje em dia o preço de aluguer de casas muitas vezes é igual ou superior ao salário mínimo”, diz.
Ana Pereira (nome fictício), outra trabalhadora do sector privado, também compartilha um sentimento semelhante, afirmando que, embora compreenda a necessidade de reajustes para os funcionários públicos, a disparidade salarial é “difícil de aceitar”.
“Não queremos prejudicar os trabalhadores do sector público, que também merecem ganhar bem. Mas o que queremos é que seja justo, com essa diferença de 2 mil escudos, sentimo-nos injustiçados. Todos temos contas para pagar, e as coisas são difíceis para todos”, ressalta, sublinhando que a diferença deveria ser mais equitativa, considerando a realidade de todos os trabalhadores.
Para os trabalhadores que laboram no sector privado, o facto de terem de cumprir “jornadas longas e em condições muitas vezes desfavoráveis”, sem o devido reconhecimento salarial, torna a diferença de salários “injusta”.
A insatisfação é crescente, especialmente para estes que consideram que as condições de trabalho exigem mais, principalmente no que se refere ao número de horas trabalhadas e os sacrifícios feitos.
Os dois salários mínimos, 17 e 19 mil escudos respectivamente, foram implementados no início do ano de 2025, sendo que o salário mínimo nacional foi ajustado para 17 mil escudos, o que representa um aumento de 41,6% em comparação com o valor de 12.000$00 registado em 2016.
No sector da Administração Pública, a remuneração mínima garantida teve um aumento de 46,2%, passando de 13.000$00 para 19.000$00.
A Semana com Inforpress
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