O Governo cabo-verdiano vai dialogar com as associações que trabalham com as tartarugas marinhas, na ilha de São Vicente, para estudar de que forma pode apoiar na sua vigilância e protecção. Esta garantia foi dada esta quarta-feira, 26, pelo ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
O governante deu esta garantia, após a associação ambientalista cabo-verdiana Biosfera I ter denunciado, na semana passada, que muitas tartarugas marinhas estão a ser apanhadas na ilha de Monte Cara, por falta de vigilância nas praias, pelo que lançou um apelo no sentido de apoiar no transporte de voluntários.
Por seu turno, a associação avançou que o serviço de transporte dos vigilantes deveria ser apoiado por várias instituições do Estado, nomeadamente o Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP), a delegação do Ministério do Ambiente e a Câmara Municipal de São Vicente, “mas este ano estas "negaram" prestar qualquer auxílio a respeito”, segundo escreve a Lusa.
Entretanto, sobre o caso concreto, Gilberto Silva promete que o Governo vai dialogar com as associações e ver como poderá encontrar alguma saída em termos de apoios.
O alerta foi dado pela Biosfera I, mas a “Associação Ponta de Pon” é quem possui licença para vigiar as praias de São Vicente, tendo recebido ajuda financeira da Direcção Nacional do Ambiente para efectuar as acções, sem, no entanto, disponibilizar uma viatura para transportar os seus vigilantes.
"As ONG’s não dependem na sua actividade do Estado, não são administradas pelo Estado, mas podemos negociar. Não financiamos directamente na aquisição de viaturas, mas financiamos várias actividades conjuntas. Temos que planificar e ver onde podemos reforçar, do ponto de vista logístico, para os trabalhos", adiantou.
O governante fez lembrar da oferta do Fundo Global para o Ambiente, acerca de um conjunto de equipamentos a Cabo Verde, avaliados em 243 mil euros, para a preservação da biodiversidade em oito áreas protegidas de quatro ilhas, mas não se sabe se abrangeu, suficientemente, a ilha de São Vicente.
Recorde-se que Cabo Verde introduziu legislação para proteger as tartarugas marinhas pela primeira vez em 1987, proibindo a sua captura em épocas de desova, mas a nova lei tipifica ainda outros tipos de crime, nomeadamente o abate intencional, bem como a aquisição, a comercialização, o transporte ou desembarque, a exportação e o consumo.
De ressaltar que em Agosto passado quatro homens foram detidos em Santo Antão, na posse de quatro tartarugas marinhas mortas, tornando-se os primeiros a serem ouvidos pelas autoridades judiciais por praticar este tipo de crime.
“A população de tartarugas marinhas Caretta caretta de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, sendo apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos) e em Omã (Golfo Pérsico)”, cita a Lusa.
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