Na mensagem desta quarta-feira de cinzas, início da quaresma, período de preparação para a Páscoa, o bispo da Diocese de Santiago explicou que a quaresma tem sentido na medida em que está essencialmente em relação com a Páscoa.
“A Páscoa é o drama maior da humanidade que Cristo sofreu, antecipou para nós, dando sentido antes dele e depois dele, como ele subiu toda a humanidade, há outros que passam por caminhos semelhantes por isso que ele próprio dizia, quem quer ser meu discípulo, tome a sua cruz, todos os dias e siga-me”, disse.
Conforme avançou, os sofrimentos da vida, os desafios da vida e as provações da vida encontram em Cristo uma saída, uma compreensão na medida em que ensina a todos que o sofrimento, a dor e as provações não têm a última palavra.
“Nós somos criaturas humanas, vivemos num mundo muito limitado, nós próprios somos limitados, e quando as nossas limitações se juntam às limitações dos outros, então cria-se um caos, o purgatório como um processo de purificação e vamos aprendendo”, sublinhou.
Para Cristo, segundo Dom Arlindo Furtado, a última vitória será do bem, do amor, da comunhão, da paz e da felicidade.
Neste sentido, realçou que a quaresma é um tempo que exige de cada um muito esforço e sacrifício no sentido de melhorar a qualidade do ser humano como pessoa, a qualidade na relação uns com os outros, criando melhores condições de uma vida comum, mais digna e mais humana.
“Portanto, vamos conseguindo aos poucos, mas a vitória final será a superação sobre todas as dificuldades, inclusive, a própria morte com a ressurreição”, precisou.
Questionado sobre o tradicional almoço de cinzas, em que para muitos é o dia de fartura, o cardeal Dom Arlindo Furtado considerou que existe uma certa distorção, mas lembrou que para a igreja é um dia de encontro de família, de partilha e sem exageros.
“Há um almoço partilhado na família, é uma coisa positiva, não há exageros e o próprio sentido de jejum que a Igreja recomenda é tomar uma refeição moderadamente, pode-se enquadrar perfeitamente com o encontro familiar para o almoço e servir-se de uma forma muito aligeirada das outras refeições, portanto o pequeno almoço e o jantar por exemplo”, explicou.
Para o cardeal, essa tradição popular pode-se harmonizar com o sentido da orientação cristã perfeitamente, mas sobretudo com o coração aberto, pensando nos outros que têm dificuldades para se alimentar minimamente e ajudando-os não só no dia de hoje, mas também ao longo da quaresma e da vida.
Considerou que isso, leva-nos a todos a superar o egoísmo, o individualismo e cultivar a solidariedade fraterna em Cristo, com os irmãos, que são o rosto de Cristo presente no meio de todos.
“Porque ajudar os outros é ajudar Jesus Cristo, e Cristo nos faz compreender isto muito bem. Portanto a quaresma é um tempo de melhoria da nossa solidariedade fraterna com os outros o que deve marcar o ritmo da nossa vida ao longo de toda a nossa existência”, acrescentou.
A Semana com Inforpress
14 de fevereiro 2024
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