O crescimento médio real do Produto Interno Bruto (PIB) de África desacelerou para 3,1% em 2023 face aos impactos da subida dos preços após a invasão da Ucrânia pela Rússia, segundo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Apesar “dos contínuos ventos contrários”, o relatório refere que 15 países africanos “registaram uma taxa de crescimento de pelo menos 5% em 2023”, e mais de metade (31) dos países africanos registaram taxas de crescimento real do PIB mais elevadas em 2023 do que em 2022.
Segundo o relatório, “apesar dos desafios globais que testaram as economias em todo o mundo”, o continente africano deverá “permanecer resiliente”, prevendo que o crescimento real do PIB aumente para 3,7% em 2024 e 4,3% em 2025, “ultrapassando os 4,1% em 2022”.
De acordo com o documento, apresentado hoje em Nairobi, durante os encontros anuais do BAD, a maior instituição financeira de desenvolvimento de África, o declínio no PIB real, face ao crescimento de 4,1% em 2022, “é atribuído a uma variedade de fatores, incluindo preços persistentemente elevados dos alimentos e da energia devido aos impactos sustentados da invasão russa da Ucrânia”.
Apesar de apresentar “perspetivas económicas positivas” para o continente, o relatório alerta para “cautela” neste otimismo, “dado o considerável nível de incerteza e tensões geopolíticas”.
As “pressões inflacionistas persistentes” em muitos países africanos “poderão exercer ainda mais pressão sobre economias africanas, reduzindo ainda mais o valor real dos salários, mantendo as taxas de juro altas”, com “implicações para o setor privado” face aos “custos de financiamento interno mais elevados”.
Também o “impasse prolongado” no comércio global e no investimento, bem como “efeitos concomitantes alimentados por crescentes tensões geopolíticas e polarização” global podem prejudicar o crescimento de África, em que uma escalada dessas tensões ameaça colocar “em perigo” a recuperação económica do continente.
Igualmente os “preços mais elevados das matérias-primas” ameaçam “desencadear uma nova onda de inflação, reverter o declínio da pobreza e atrasar o processo de flexibilização da política monetária para estimular o crescimento no continente”.
O documento acrescenta que “a fraca procura global prejudica o desempenho das exportações”, mas também os efeitos das alterações climáticas e eventos climáticos extremos “na produtividade agrícola e na geração de energia”, e a “instabilidade política e conflitos em alguns países africanos” contribuíram para o desempenho de 2023.
Apesar “dos contínuos ventos contrários”, o relatório refere que 15 países africanos “registaram uma taxa de crescimento de pelo menos 5% em 2023”, e mais de metade (31) dos países africanos registaram taxas de crescimento real do PIB mais elevadas em 2023 do que em 2022.
Segundo o relatório, “apesar dos desafios globais que testaram as economias em todo o mundo”, o continente africano deverá “permanecer resiliente”, prevendo que o crescimento real do PIB aumente para 3,7% em 2024 e 4,3% em 2025, “ultrapassando os 4,1% em 2022”.
O crescimento médio de África em 2024 será liderado pela África oriental, com um aumento de 3,4 pontos percentuais) e pela África austral e África ocidental (cada uma com um aumento de 0,6 pontos percentuais).
Entre os países africanos, o relatório prevê que 40 países vão registar este ano um crescimento económico em relação a 2023, incluindo 17 países a crescerem mais de 5%, número que “poderá subir para 24 no ano seguinte, à medida que o ritmo de crescimento acelera”.
“Isto é notável e África manterá a sua classificação de 2023 como a segunda mais rápida região em crescimento depois da Ásia”, aponta o relatório.
Também refere que a dívida pública do continente está a diminuir, “mas ainda acima dos níveis pré pandemia, realçando a gravidade da o peso da dívida no continente”.
Assim, o rácio médio da dívida pública de África, que aumentou de 54,5% do PIB em 2019 para 64% em 2020, estabilizou em 63,5% entre 2021 e 2023, com o relatório do BAD a prever que “diminua ainda mais para cerca de 60% a partir de 2024” e “interrompendo uma tendência ascendente que dura há uma década”.
“Embora os níveis da dívida tenham estabilizado em todo o continente, com melhorias relativas nas posições orçamentais, a proporção permanece alta e acima da pré pandemia níveis em muitos países onde as finanças públicas têm sido voláteis devido à situação sem precedentes de choques”, lê-se.
A Semana com Lusa
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