Um grupo de cerca de 100 veteranos da guerra pela independência da Guiné-Bissau manifestou-se hoje diante do palácio da presidência, em Bissau, para demonstrar “indignação e revolta” pela forma como têm sido tratados pelo Governo.
Lourenço Cassamá, porta-voz do grupo, que empunhava dísticos com frases como “Chega de maus-tratos aos combatentes da liberdade da Pátria” ou “desbloqueiam as nossas pensões”, explicou que a manifestação “é na sequência do facto de o Governo se mostrar surdo” perante as reivindicações da classe.
“O objetivo da nossa manifestação aqui é para exigir o cumprimento dos nossos direitos que não estão a ser respeitados, direitos consagrados na Constituição da República e demais leis da República da Guiné-Bissau. Os combatentes estão a morrer todos os dias sem dignidade”, observou Lourenço Cassamá.
É a primeira vez que uma manifestação de cidadãos guineenses acontece a escassos metros do palácio da presidência desde que Umaro Sissoco Embaló é Presidente da Guiné-Bissau.
A manifestação, que esteve sempre vigiada de perto por soldados da Guarda Presidencial, durou cerca de uma hora com os presentes a entoarem cânticos com críticas aos representantes do Estado guineense, nomeadamente o Governo, que acusam, entre outros, de “insensível à situação dos combatentes da liberdade da pátria”.
A manifestação diante do palácio ocorreu numa altura em que o chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, estava a deixar o país para assistir às festividades da independência nacional do Chade, de acordo com uma nota hoje publicada em Bissau.
Lourenço Cassamá afirmou que a manifestação, com alguns veteranos sentados em cadeiras de plástico, visa exigir das autoridades o aumento do valor da pensão de sobrevivência, o desbloqueamento desta remuneração para os beneficiários que já o recebem e um tratamento condigno por parte dos órgãos do Estado.
O Governo guineense tem em curso um processo de recenseamento presencial de funcionários públicos e pensionistas do Estado e, de acordo com o ministro da Função Pública, Cirilo Djaló, todos os colaboradores estatais bem como pensionistas terão de fazer prova de vida, caso contrário o salário ou a pensão serão bloqueados.
“Exigimos o desbloqueamento de pensões de sobrevivência dos que já auferem esse direito do Estado, mas que, mesmo de pouco valor, foram bloqueados por ordem do Governo. Os nossos filhos e as viúvas dos nossos camaradas estão a morrer à fome”, defendeu Lourenço Cassamá.
O responsável avisou que os veteranos da luta armada pela independência da Guiné-Bissau se vão manifestar daqui para a frente até que as suas exigências sejam cumpridas pelo Estado. A Semana com Lusa
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