O guineense Fodé Seidi tem 21 anos, frequenta o nono ano numa escola particular em Bissau e quer que o próximo Presidente da Guiné-Bissau ajude os jovens a batalhar para conquistarem o que quiserem.
"Quero que ajude os jovens a batalhar e a conquistar aquilo que eles quiserem", disse à Lusa Fodé Seidi, enquanto vendia material de campanha eleitoral do candidato Domingos Simões Pereira, junto à sede do partido do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no centro de Bissau.
Com um gorro de lã na cabeça, uma t-shirt do candidato Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, e dezenas de porta-chaves e outras espécies de brindes, Fodé Seidi está contente com a forma como o negócio está a correr.
"Faço este comércio livre. Tenho um amigo que me entrega para eu vender e ganho mais um pouquinho. O negócio hoje está a correr muito bem. Hoje já ganhei 12.500 (cerca de 19 euros), mas isto não dá para viver é só durante a campanha eleitoral", explicou.
O "pouquinho" de dinheiro que vai ganhando é para pagar os estudos.
Órfão, Fodé Seidi vive com os irmãos do pai e quando não anda a vender material de campanha trabalha, nas férias, numa empresa guineense.
Apoia Domingos Simões Pereira e pede-lhe para "criar programa para ajudar os jovens".
"Que haja trabalho a 100% para os jovens. Os jovens ficam sentados em casa e não têm trabalho. Só com sacrifício é que conseguem algumas moedas e voltam para casa", lamentou segundo revelou à Lusa.
Apesar de ainda frequentar o nono ano, Fodé Seidi não desistiu dos seus sonhos, quer acabar o secundário e ter formação superior para conseguir um "bom emprego" para que os seus filhos possam estudar e "ganhar dinheiro".
"Se eu concluir o ensino secundário queria fazer a academia militar. Eu queria ser militar", confessou à Lusa, já rodeado de clientes impacientes por um brinde de Domingos Simões Pereira.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística da Guiné-Bissau, citados pela Lusa, em 2018 o país tinha quase 1,6 milhões de habitantes.
Os mesmos dados indicam que a população com idade compreendida entre os 15 e os 49 anos representava quase metade da população, ou seja 48,98%.
Com uma população escolar de 500.000 alunos entre o pré-escolar e o ensino superior, o Estado não tem escolas suficientes para cobrir todos os alunos e tem um sistema irregular.
"Infelizmente, a situação não é das melhores", disse à Lusa Aissatu Forbs, do Conselho Nacional de Juventude.
Segundo a mesma fonte, os jovens do país não têm educação de qualidade e no período que o país vive, de campanha eleitoral, "há jovens a serem manipulados pelos políticos", que estão a ser protagonistas de insultos e a criar divisões nas comunidades e no país, pela falta de emprego.
"Tudo isto está diretamente relacionado com a falta de educação e emprego e a motivação desses jovens é poderem ser vistos para terem emprego e mais oportunidades", explicou à Lusa.
A Guiné-Bissau realiza no dia 29 a segunda volta das eleições presidenciais, que vai ser disputada entre Domingos Simões Pereira, do PAIGC, e Umaro Sissoco Embaló, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15).
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