O franco-brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan, Renault e Mitsubishi, foi detido, na segunda-feira, 19, e arrisca uma pena de dez anos, após uma investigação interna ter apurado que ele ’dissimulou rendimentos’ para defraudar o fisco.
O tribunal de Tóquio confirmou esta terça-feira que Carlos Ghosn, de 64 anos, está em prisão preventiva para responder por "crimes financeiros", como a "sonegação de rendimentos e fraude fiscal". O montante em causa atinge ¥5 biliões de ienes (4,281 mil milhões CVE) desde 2011.
O diretor-geral da Nissan, Hiroto Saikawa, anunciou que reunirá na quinta-feira, 22, o conselho de administração para demitir o PCA das funções. "Carlos Ghosn utilizou bens da companhia em benefício próprio", diz um comunicado ontem emitido pela Nissan, em Yokohama.
A investigação interna da Nissan apurou, segundo o Japan Times desta terça-feira, que Ghosn escondeu do fisco que tinha utilizado grátis várias residências pertencentes à empresa, em países como a Holanda, França, Roménia e Estados Unidos. Pela lei, o benefício tinha de ser declarado como parte do rendimento — que com tais benefícios atingiu mais do dobro dos ¥4,985 biliões de ienes declarados.
É um terramoto esta prisão do fundador da "atípica aliança" Renault-Nissan-Mitsubishi, segundo analistas. Carlos Ghosn — nascido no Brasil e descendente de libaneses e japoneses, e que veio a obter ainda as nacionalidades francesa e libanesa — era tido como o ’imperador’ na aliança entre as três marcas.
De herói no Japão a presidiário
Em 2005 Ghosn entrou para a história do Japão ao salvar a Nissan à beira da falência. O controlador de custos, como ficou conhecido desde finais de 1990 na Renault, usou a mesma estratégia para fazer da Nissan a empresa que hoje está no topo da Indústria automóvel.
Na próxima quinta-feira, no arranha-céus em Yokohama, a capital do automóvel, onde desde 1999 Ghosn deu as cartas, vai ter lugar a sua destituição formal.
Fontes: Le Monde/ Japan Times. Foto (Reuters): Família Ghosn — Carlos e quatro filhos — vive entre Nova Iorque, Tóquio e Paris.
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