A presidente da OMCV considerou hoje que os casos de violência e mortes baseada no género registados durante o mês de Março servem de alerta para a reflexão e consciencialização do mês dedicado à mulher.
Eloisa Gonçalves falava no âmbito do acto central, realizada na Cidade da Praia, em comemoração do Dia da Mulher Cabo-verdiana, 27 de Março, que assinala igualmente o 43º aniversário da Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV), sob o lema "OMCV 43 anos - honrar a história, promover a igualdade e o progresso”.
Segundo explicou esta responsável, o objectivo é relembrar o surgimento da organização, os ganhos e desafios da igualdade de género no País, uma vez que a data foi instituída devido à criação da Organização das Mulheres de Cabo Verde.
“Este ano associamo-nos ao centenário de Amílcar Cabral, com a fundação Amílcar Cabral, então organizamo-nos no sentido de dar uma visão de Amílcar Cabral relativamente às mulheres e às questões de igualdade de género e fazer esta caminhada até a actualidade”, precisou, realçando que os casos de mortes registados este mês constitui um sinal de alerta de que “toda e qualquer forma de violência” deve ser o foco principal.
Para a presidente, a sobrecarga e o trabalho não remunerado, mulheres no sector informal sem cobertura da segurança social e privados da assistência médica e medicamentosa, e acesso à reforma estão entre muitos desafios que ainda persistem em Cabo Verde.
Para este ano, asseverou que a OMCV tem ministrado sessões de formação em empoderamento económico com entrega de kits para o desenvolvimento de actividades geradoras de rendimento às mulheres com alguma habilidade para que possam atingir a “autonomia financeira”.
“Prevemos trabalhar a violência baseada no género sempre, nas comunidades e escolas. Este é sempre o foco principal, é a preocupação da organização. Violência baseada no género no seu geral, assédio sexual, violência física patrimonial e psicológica, mas também a parte do empoderamento económico” elucidou.
A fundadora do movimento do ecofeminismo de Madagáscar e Cabo Verde, Mónica Rodrigues, que apresentou o painel “A Mulher Cabo Verdiana hoje”, realçou que o propósito é elevar a voz da mulher relatando as dificuldades como situações de emigração forçada e sistema política e social montada.
“Aqui é trazer a voz da mulher negra, cabo-verdiana e africana, porque estamos em Cabo Verde e não estamos isolados, dentro desta política e sociedade patriarcal e global precisamos definir o que nós mulheres queremos para o nosso continente, definir os objectivos e assumir as responsabilidades” frisou.
Por ter crescido numa zona rural com ausência do pai, Mónica disse que teve a ousadia de aventurar e não se deixar prender pelas dificuldades da vida, apesar das desigualdades de género, situações de pobreza que afecta principalmente a mulher, assedio e abuso sexual infantil.
Defendeu que é da responsabilidade de “cada um de nós” assumir o estado físico, psicológico e sócio-emocional para que tenhamos uma criança preparada para enfrentar os desafios da actualidade.
Ao presidir à abertura do evento, a primeira-dama, Débora Carvalho, disse tratar-se de um momento de grande significado visto que destaca a importância crucial da igualdade de género e o empoderamento das mulheres cabo-verdianas.
“Temos muitas heroínas anónimas na sociedade cabo-verdiana cujas histórias precisamos dar a conhecer. Não são histórias apenas para a família, de uma pequena comunidade, mas histórias que toda a nação cabo-verdiana precisa conhecer”, ressaltou.
Débora Carvalho acentuou que, nas últimas décadas, Cabo Verde tem feito avanços notáveis no direito e participação das mulheres em todos os sectores, como confirma os dados do Instituto Nacional de Estatística sobre o aumento da taxa de participação feminina na força de trabalho reflectindo numa mudança positiva no panorama economico e social do País.
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