A secretária-geral da UNTC-CS, Joaquina Almeida, acusou hoje o presidente do conselho de administração da empresa Água e Energias do Maio (AEM), Vital Tavares, de “apropriação indevida” de um valor superior a 1,5 milhões de escudos.

Joaquina Almeida fez essas acusações em conferência de imprensa para denunciar ao que designou de “actos graves praticados na gestão da coisa pública”, indicando que Vital Tavares “ilegalmente autoriza” transferências bancárias em montantes elevados a favor do director administrativo financeiro comercial da Águas do Maio (AM), sua esposa e igreja.

“Em Setembro de 2023, autorizou um adiantamento do salário ao director administrativo, financeiro e comercial no valor de 500 contos para pagar em 30 prestações, a partir de Outubro até Março de 2026, sem nenhuma taxa de juros, e até a data o director não repôs o montante, e em Novembro de 2023 autorizou uma transferência bancária no valor de 30 mil escudos para apoiar a igreja do qual o director e crente”, denunciou.

A secretária-geral da União Nacional do Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS) assinalou ainda que, em Novembro de 2023, Vital Tavares autorizou uma transferência bancária a favor da esposa do director administrativo, financeiro e comercial, “não sendo esta funcionária da empresa”, no valor de 500 contos, tendo também no mês de Dezembro do ano transacto autorizado mais cinco transferências bancárias como “ajuda para casamento” do director.

“Designadamente, em 07 de Dezembro autorizou 84.891$00, em oito de Dezembro autorizou 80 mil escudos, em oito de Dezembro ainda, no mesmo dia, autorizou 169.772 escudos, em 14 de Dezembro, que foi a data do casamento do director, autorizou 50 mil escudos, e em 22 de Dezembro, autorizou ainda 90 mil escudos. Portanto, o presidente da empresa e o seu director apropriaram-se dos cofres da empresa AEM de um valor superior a1,5 milhões de escudos”, calculou.

Joaquina Almeida contou ainda que Vital Tavares alegou que a empresa é nova e deficiente, que não dispõe de recursos financeiros para pagar os legítimos direitos dos trabalhadores, como, por exemplo, salário mínimo nacional, horas extras, dias feriados e Segurança Social, entre outros direitos, entretanto “apropria-se dos cofres” da AEM de um valor superior a 1,5 milhões de escudos.

Considerando que Vital Tavares “não reúne condições éticas e morais” para continuar à frente da empresa AEM, a sindicalista disse que os trabalhadores exigem a sua “demissão imediata” e reposição do “valor indevido”.

Lembrou ao mesmo tempo que Vital Tavares foi condenado pelo Tribunal Judicial da Comarca de Santa Catarina, enquanto administrador da empresa ADS, por “apropriação indevida” de mais de três milhões dos cofres da empresa Águas de Santiago (ADS).

“Os trabalhadores da empresa exigem dos accionistas, que são a Câmara Municipal do Maio e a Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas de Boa Vista e Maio, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, celeridade na investigação com vista a apurar a responsabilidade dos mesmos”, assinalou.

“Os trabalhadores também exigem que o presidente da Câmara do Maio, pessoa que tem competência nos termos do artigo 14, número 1, que demita o presidente do conselho de administração da empresa AEM por não reunir condições para continuar”, concluiu a sindicalista, sublinhando que estão lançadas as bases para que se tome medidas em conformidade.

A Semana com Inforpress