As comunidades locais abriram as portas para o turismo ecológico e sustentável na Ilha do Maio. A Fundação Maio Biodiversidade (FMB), uma organização sem fins-lucrativos, apoia projetos que visam desenvolver o turismo ecológico na região, como o Eco Guias Maio e o Homestay Maio. Os programas são focados em iniciativas de conservação e preservação ambiental e cultural e buscam turistas conscientes.
“Viver a experiência da Ilha do Maio, com as famílias, aprender o crioulo, comer pratos típicos, descobrir as tradições culturais e ajudar o desenvolvimento social e económico das comunidades”, é o que o Homestay oferece, explica Janete Agues, 29 anos, membro da FMB e coordenadora do Programa de Ecoturismo e Educação Ambiental nas Escolas.
Salvaguardar a biodiversidade local, criar meios de rendimentos para as famílias, envolver a comunidade e empoderar as mulheres. São estas as metas do Homestay. “No Maio nós queremos um tipo de turismo que seja sustentável, onde a comunidade faça parte”, ressalta.
O programa Homestay foi desenvolvido pela FMB em parceria com as comunidades e surgiu através do projeto de conservação das tartarugas marinhas com o objetivo de integrar as famílias na conservação da biodiversidade e promover o desenvolvimento económico.
“As residências passaram por um processo de avaliação, as responsáveis pelas casas passaram por formação para acolhimento de hóspedes e requalificação das residências. As casas que recebem turistas cumprem os requisitos da legislação cabo-verdiana para o turismo rural, estão devidamente identificadas e possuem as obrigações necessárias para o recebimento de hóspedes”, destaca Janete.
O Maio recebe menos de dois mil turistas por ano. No entanto, é o destino perfeito para quem procura tranquilidade, praias desertas, boas refeições e, acima de tudo, para quem admira a natureza virgem e se preocupa com a preservação do meio ambiente.
A iniciativa de desenvolver o turismo onde as pessoas possam viver a cultura cabo-verdiana e interagir com as comunidades maienses, tendo experiências com as tradições e também ajudando a promover o comércio local, fez surgir um grupo de guias ecológicos no Maio. “O Ecoguias surgiu em 2016 no âmbito do projeto de conservação das tartarugas marinhas com o objetivo de ajudar guias locais a criar negócios de ecoturismo e estimulando a preservação do meio ambiente e proporcionando novas experiências aos turistas e contato com a natureza e a cultura local”, explica o guia turístico João Edmilson Horta Varela, 31 anos, guia turístico e assistente de desenvolvimento sustentável e ecoturismo na FMB.
Rotas turísticas
O Eco Guias oferece atualmente três rotas:
Áreas Protegidas e a Cultura: uma volta à Ilha para conhecer a fauna, flora e cultura local com duração de aproximadamente 7 horas, percorrendo cerca de 75 km.
Rota do Sal: visita às salinas, conhecimento da história da exploração do sal na Ilha do Maio, avistamento e observação da fauna local em um passeio com duração de 4 horas.
Sabores do Campo: oportunidade para conhecer as atividades rurais e degustar as produções locais, a rota dura aproximadamente 4 horas.
Além das rotas, o Eco Guias Maio oferece serviços de observação de tartarugas, snorkeling, bird watching e outros passeios personalizados.
O presidente da Câmara Municipal do Maio, Miguel Rosa, reforça que a ilha está a apostar na atratividade turística da ilha. “A promoção do turismo sustentável é o caminho que pretendemos seguir. Para isso investimos forte no empoderamento da população local, através da revitalização das profissões tradicionais e promoção de práticas de empreendedorismo na pesca, na agricultura, na pecuária e queijaria, bem como outras atividades económicas como a produção de grogue, carvão, sal e cerâmica”, destaca.
De acordo com o presidente, a Ilha do Maio quer “aprender com os erros cometidos em outros destinos turísticos do país” e, por isso, o foco é que “os habitantes da ilha beneficiem com o desenvolvimento do turismo, os cabo-verdianos beneficiem com esse desenvolvimento, assim como as pessoas que visitem ou queiram viver na ilha do Maio”.
A advogada portuguesa Marina Guedes, 55 anos, que esteve na Ilha do Maio durante 10 dias em férias, ficou encantada com o fato da ilha não ser explorada turisticamente. Segundo ela, “a genuidade, as pessoas e o ritmo de vida” foram os principais atrativos do Maio.
O presidente da Câmara Miguel Rosa reforça a preocupação. “Estamos focados em promover um desenvolvimento turístico que seja sustentável, harmonioso e que saiba aproveitar as potencialidades e oportunidades existentes na ilha para gerar riqueza para a nossa população, respeitando, obviamente, o nosso meio ambiente”.
CUSTO MÉDIO DO TURISMO NO MAIO
TEMPO DE VIAGEM IDEAL: 5 a 7 dias para conhecer a Ilha do Maio
HOSPEDAGEM
3000$ a 4000$ por noite em hotel
Cerca de 20000$ por dia em casa de família Homestay (com três refeições por dia)
ALIMENTAÇÃO
1500$ por dia, para pequeno-almoço, almoço e jantar
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