O número de cabo-verdianos preocupados com a corrupção diminuiu, mas ainda representa a maioria da população (65,4%), de acordo com dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) do arquipélago.
Os dados constam do terceiro inquérito sobre Governança, Paz e Segurança, referente a 2023, e contrastam com a reputação do país a nível internacional, sobretudo no contexto africano, em que lhe são reconhecidos dos mais baixos índices de corrupção.
A nível interno, a maioria (65,4%) da população com mais de 18 anos sente que a corrupção no arquipélago “é preocupante ou muito preocupante”, uma “diminuição na ordem dos 9,8 pontos percentuais em relação a 2016 e de 12,9 pontos percentuais em relação a 2013”, anos dos inquéritos anteriores, lê-se no boletim do INE.
De acordo com a opinião da população, os serviços de educação são os que têm menor nível de envolvimento na corrupção, seguindo-se a segurança social e de saúde.
Já as autoridades fiscais e aduaneiras, a polícia, os funcionários municipais e os representantes do Governo estão na lista daqueles que a população acredita estarem mais envolvidos em atos corruptos.
Por outro lado, quando se pergunta sobre a corrupção ativa, 1,3% dos inquiridos responderam que já se sentiram obrigados “a oferecer dinheiro, um presente ou favor a um funcionário público em troca de um benefício, nos últimos 12 meses”.
“Este número mantém-se praticamente igual ao registado em 2016, que foi de 1,2%. Porém, constata-se que diminuiu, ligeiramente, face a 2013, onde os resultados apontavam para uma incidência de 1,5%”, lê-se no boletim.
Dos entrevistados que assumiram praticar tal ato, um terço revelou que "o pedido foi feito de forma direta pelo próprio oficial público”, acrescenta-se.
Apesar de a polícia estar na lista das entidades que a população acredita estarem mais envolvidos em corrupção, cerca de metade da população maior de idade (50,6%) afirma que, de forma geral, as forças de segurança são eficazes ou muito eficazes na resolução de problemas.
“De forma geral, 80,4% dos respondentes declaram que se sentem seguros ou muito seguros”, lê-se no documento.
O inquérito termina com uma questão sobre quatro níveis de felicidade: “Questionados se, em geral, se sentem infelizes, pouco felizes, felizes ou muito felizes, 78,7% da população respondeu que se sente feliz e 9% muito feliz”.
O trabalho baseou-se numa amostra de 4.962 agregados familiares, sendo que em cada agregado foi inquirido apenas um indivíduo com pelo menos 18 anos, cobrindo os 22 concelhos de Cabo Verde, entre outubro e dezembro de 2023.
O inquérito faz parte de uma estratégia de harmonização de estatísticas em África sobre governação, paz e segurança numa iniciativa conjunta da União Africana (UA), Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA, sigla inglesa).
Pretende-se ainda monitorizar o cumprimento das aspirações da agenda 2063 da UA e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
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