O líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD - poder), solicitou hoje um pedido de desculpas pela instauração do monopartidarismo em Cabo Verde, considerando que seria um “gesto nobre destinado a sarar feridas ainda abertas na sociedade”.

Este desejo foi manifestado por Celso Ribeiro, durante o seu discurso na sessão solene evocativa ao 13 de Janeiro, Dia da Liberdade e da Democracia.

Esta data, recordou, celebra o dia em que pela primeira vez o povo cabo-verdiano foi chamado às urnas para votar em um ambiente democrático e transparente.

“Foi um momento decisivo que permitiu abrir caminho para uma transformação profunda na vida económica, social e política do país, reconstruindo as ilhas e a diáspora, e provando que sonhos e utopias podem, sim, encontrar alicerces no mundo real”, disse.

Para o MpD, o 13 de Janeiro é uma data consensual, que une os cabo-verdianos em torno da liberdade e da democracia, que considera pilares fundamentais para a plena realização do ser humano e dos cabo-verdianos, particularmente.

No entanto, Celso Ribeiro considerou que passados aproximadamente, 50 anos da independência nacional, é tempo de se reflectir sobre aquilo que se fez de bem e sobre aquilo também que se fez de mal, e reconciliar com a história do país.

Neste sentido, solicitou um pedido de desculpas pela instauração do monopartidarismo em Cabo Verde, para quem, a acontecer seria um gesto “nobre destinado a sarar feridas ainda abertas na sociedade".

“Devendo o Estado reconhecer, em nome dos interesses nacionais, os abusos, torturas, prisões arbitrárias, violação dos direitos humanos e outros horrores cometidos ao longo de 15 anos da ditadura de partido único”, disse.

Trinta e quatro anos após a implantação do regime democrático, assegurou que o Governo, apoiado pelo grupo parlamentar do MpD, não poupará esforços para continuar a trabalhar afincadamente, de modo a dar respostas atempadas aos problemas que o povo cabo-verdiano ainda enfrenta, como o desemprego, a pobreza, a saúde, os transportes, educação e o sentimento de alguma segurança.

“O esforço a desenvolver é grande, assim como os passos a dar. E o Governo tem trabalhado afincadamente para corresponder às expectativas, aos desejos e às reivindicações dos cabo-verdianos,” afirmou.

Por outro lado, o MpD aproveitou o momento para homenagear Carlos Veiga, realçando que o mesmo se dedicou de “corpo e alma” ao projecto de democratização, de modernização e de desenvolvimento de Cabo Verde.

Igualmente, aproveitou para apelar à atenção das autoridades competentes para respeitarem os feriados nacionais, estabelecidos por leis da República, tendo acusado a autarquia praiense de discriminar o feriado de 13 de Janeiro em relação ao de 20 de Janeiro, ao obrigar alguns colaboradores a trabalharem num e dispensá-los noutro.

A Semana com Inforpress