O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) considerou hoje que a democracia só cumpre o seu verdadeiro propósito quando se traduz em progresso contínuo, elevando a qualidade de vida e promovendo o bem-estar social de todos.
Estas declarações foram feitas pelo presidente do grupo parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, durante o seu discurso na sessão solene do 13 de Janeiro, Dia da Liberdade e Democracia, na Assembleia Nacional.
Esta data celebra a realização das primeiras eleições legislativas livres, democráticas e multipartidárias em Cabo Verde em 1991, seguindo o modelo de sufrágio universal e voto secreto, após a abertura política que ditou o fim do partido único, que prevaleceu por 15 anos.
“Esta data merece ser recordada e comemorada com júbilo, enquanto marco referencial da segunda largada de Cabo Verde no projecto histórico e interjecional de edificação de um país desenvolvido, inclusivo, sustentável e com altos padrões de vida para todos os seus filhos”, defendeu.
Para o líder da bancada parlamentar do principal partido da oposição, nestes 34 anos de vigência, o sistema político cabo-verdiano acomodou sem turbulências, e com várias alternâncias de governo, tanto a nível nacional quanto local.
“Cabo Verde tem demonstrado um compromisso consistente com a realização regular e transparente de eleições presidenciais, legislativas e autárquicas, assegurando a saudável alternância democrática do poder”, ressaltou.
João Baptista Pereira lembrou que o país é hoje amplamente reconhecido pela transparência, boa governação e pelo seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), considerado médio pelo PNUD, reflectindo a sua reputação como uma das democracias mais consolidadas no continente africano.
Entretanto, o dirigente do PAICV manifestou-se preocupado com alguns desafios que ainda persistem, tendo destacado, nomeadamente, o aumento progressivo da taxa de abstenção eleitoral.
Para o deputado, este fenómeno que reflecte uma erosão da confiança dos cabo-verdianos no processo democrático e nas instituições políticas, podendo representar “uma ameaça séria à robustez e à legitimidade do sistema democrático”.
Por outro lado, o maior partido da oposição mostrou-se preocupado com o facto de 76% da juventude cabo-verdiana ponderar emigrar, 65% das pessoas com formação superior planearem deixar o país e 62% dos trabalhadores a tempo inteiro considerarem o mesmo caminho, segundo estudos.
João Baptista Pereira defendeu, por isso, ser “imperativo” que o país adopte políticas eficazes para travar a saída de jovens qualificados, mitigando os efeitos negativos dessa realidade sobre a economia e a construção de um futuro mais próspero para todos.
Para isso, considera ser crucial que os actores políticos demonstrem um compromisso genuíno com a preservação e o fortalecimento da democracia, sugerindo que a democracia deve andar de mãos dadas com o desenvolvimento.
A Semana com Inforpress
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