A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) celebra o Dia Internacional ao sabor da gastronomia típica de 23 países, numa altura em que apoia a criação de cursos de informática ou viticultura em países lusófonos.
Durante o dia de hoje há partilha de sabores e de culturas no campus, em Vila Real. Na UTAD estudam cerca de mil alunos estrangeiros e hoje, no “Internacional Day”, vão cozinhar-se pratos típicos de 23 países, mas também há jogos tradicionais, música e dança.
Nesta terceira edição, Moçambique é o país convidado e o objetivo é juntar os alunos de 55 nacionalidades e os estudantes nacionais.
“A UTAD tem África no seu ADN e Moçambique em particular”, afirmou o vice-reitor para a Internacionalização, Luís Ramos.
O responsável salientou a aposta da universidade na captação de alunos internacionais, lembrando a quebra de natalidade verificada a nível nacional nas últimas duas décadas, e o reforço da cooperação com países de língua oficial portuguesa.
A UTAD foi a primeira universidade do país em que os alunos da lusofonia passaram a pagar o mesmo valor de propinas que os estudantes nacionais.
Mas, adiantou Luís Ramos, a academia está também a ir a países como Cabo Verde ou Moçambique para reforçar laços de cooperação com universidades e governos e ajudar a lançar cursos de mestrado e de doutoramento, por exemplo na área da informática.
“E esta abordagem para nós é muito importante. Nós queremos ser parte da solução no desenvolvimento e na dinamização das economias e sociedades nos seus países de origem, em particular nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, referiu.
No Brasil, concretizou, há um curso misto de floresta urbana com uma universidade do Rio de Janeiro e, em Cabo Verde, a UTAD vai ajudar a desenvolver um curso de enologia e viticultura na Ilha do Fogo.
“Decidimos com o Governo e a Universidade de Cabo Verde lançar um programa de formação de técnicos intermédios na área de higiene e sanidade animal para garantir condições de segurança alimentar fundamentais para um país que aposta no turismo”, exemplificou ainda.
Polly Vicente é Moçambicana, tem 23 anos, estuda Engenharia Agronómica e ambiciona, precisamente, regressar ao país de origem para aplicar lá as novas técnicas e conhecimentos que aprendeu.
“Apesar de termos lá solos bastante férteis, muitos de nós não sabemos aproveitar esses solos de uma forma melhor (…) Nós já temos a matéria-prima, só não sabemos aproveitá-la e a UTAD tem-nos dado essas ferramentas”, afirmou.
Num país com uma geografia tão diversa, Polly admite que se pode apostar na produção de vinha. “Talvez iremos competir nos vinhos daqui a uns anos”, brincou.
Neste “Internacional Day”, alunos estrangeiros tomam conta do “Kitchen Lab” (cozinha laboratório) da UTAD para prepararem pratos típicos dos países de origem que são harmonizados com vinhos escolhidos pelos estudantes. Ao todo são 44 receitas, entre entradas, pratos principais e sobremesas.
“O frango à zambeziana sabe a Moçambique. É a nossa identidade”, descreveu Mateus Machanguana, com 32 anos, aluno de mestrado em Engenharia do Ambiente.
Para além do frango, os alunos moçambicanos decidiram preparar badjias e matapa. Na ementa há ainda bourek (Argélia), pão de queijo (Brasil), cachupa (Cabo Verde), arepas (Colômbia), pastitsio (Grécia), tiramisú (Itália), kheer (Paquistão) rosól (Polónia) ou moelas de Portugal.
“O ‘Internacional Day’ ajuda até a nós próprios, moçambicanos, a conhecer a nossa própria cultura. Eu vou aprendendo cada vez mais dos meus conterrâneos do centro e do norte e tantas outras culturas, de Portugal e de outros países. Nos prepara para o mundo”, salientou Mateus Machanguana.
O dia serve também de mote para a mostra “Apilarnos”, da autoria de Carlos Ortega García, uma manifestação artística que funde identidades e latitudes.
A Semana com Lusa
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