O ministro da Segurança Nacional israelita de extrema-direita ameaçou hoje desfazer a coligação com o primeiro-ministro caso este não invada Rafah, depois da retirada de tropas do sul da Faixa de Gaza no domingo.
“Se o primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu] decidir acabar com a guerra sem um ataque extensivo a Rafah para derrotar o Hamas, ele não terá mandato para continuar a servir como primeiro-ministro”, disse Itamar Ben Gvir, líder do partido Poder Judeu, numa mensagem publicada na rede social X.
Além do Likud (Consolidação, em hebraico, partido de centro-direita) de Netanyahu, a coligação governante é composta pelo Sionismo Religioso (uma aliança de extrema-direita, antiárabe e que defende a supremacia judaica), o Poder Judeu (antiárabe e herdeiro de ideais violentos) e o Noam (Agrado, em hebraico, partido ultraortodoxo).
Da aliança fazem ainda parte dois partidos ultraortodoxos: o Shas e o Judaísmo Unidos pela Torá [os livros sagrados do judaísmo].
Por sua vez, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, líder do partido Sionismo Religioso, apelou hoje aos seus membros para uma consulta urgente, segundo a imprensa hebraica.
A reunião visa abordar o desenvolvimento da guerra e os rumores de “avanços” nas negociações para uma trégua, avançou o canal egípcio al-Qahera News, referindo que Smotrich também se opõe ao levantamento da pressão militar em Gaza.
Netanyahu é, como sugere hoje um editorial do jornal israelita Maariv, “refém de Ben Gvir e Smotrich”, o que dificulta a obtenção de um acordo para tréguas.
Negando informações egípcias que falavam de “progressos” nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, depois de conversações realizadas no domingo à noite no Cairo entre o movimento islamita palestiniano Hamas, Israel e mediadores do Qatar e dos Estados Unidos, fontes do Hamas garantiram que “todas as tentativas dos mediadores para chegar a um acordo foram recebidas com a inflexibilidade israelita”.
“Para já não há avanços nas negociações. Se houver, iremos anunciá-lo através dos canais oficiais. O Hamas mantém as exigências, que incluem um cessar-fogo, a retirada israelita da Faixa de Gaza, a entrada de ajuda, o regresso dos habitantes de Gaza deslocados e uma troca de prisioneiros”, disse um responsável sob anonimato à televisão Al Mayadeen, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Segundo o canal egípcio al-Qahera News, as delegações norte-americana e israelita deverão retomar as negociações daqui a 48 horas, na mesma altura em que recomeçarão as reuniões entre o Qatar e o Hamas, coincidindo com o Aid al Fitr, a festa que encerra o mês sagrado do Ramadão.
A Semana com Lusa
08 de abril de 2024
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments