quinta-feira, 21 novembro 2024

Meu eterno afã pela Pasárgada

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Os países colossais ampliam o horizonte e cintilam a visão do ser humano. Pelo contrário, os istmos e vaus de ambíguos e esguios territórios carcomem, hostilizam, atrofiam e apequenam a dimensão de humanas criaturas. Ainda que patriotas e nimbados pensadores. Os diminutos e hirsutos habitats só falam bem do semelhante depois da morte. Por isso volto a implorar ao celestial Dom de Ubiquidade, o sapientíssimo estelar, aqui na pele do Arquétipo dos Anjos da minha imbele freguesia – Oh cabrestante potestade, passai-me o Brasil, Argélia, RDC, Sudão, Angola e Moçambique, por exemplo.  E quiçá Rússia, Canadá, Estados Unidos, China, Austrália e Índia. E todos juntos, se for essa a vossa magnânima vontade, para projetar no firmamento de horizonte e no pergaminho de experiência imaginária um ideal de enorme feito, isto é, de vindouro lar polido da humanidade. Adoraria, mui sincera e plenamente.

 

Por Domingos Landim de Barros*

 

Eu sei que as Némesis, Erínias, hidras e vadias da Arcádia, de Sodoma ou de Gomorra nunca morrem. Com cabelos eriçados de serpente ou de chifrudos canalhões da minha urbe acabam sempre por dar à costa de todas as sanguinárias e sinistras inclinações. A propósito, tenho sete rebentos debilitados e com a ânsia de mascar. É caso para entoar com o franzino Luiz Pacheco da Lusitânia – Dêem-me trabalho ou dêem-me mais trabalho - Ou então, plantem-nos na boca a vontade de não comer. Sinto que me estou a despedir de toda a lama e toda a trama. Contudo, não cultivo rancores e dissabores. Só aspiro ao alamento e benfazeja elevação. Deixai-me subir, então. Depois, dizem por aí, que as deidades não se juntam, de cabeça feita e em conjugada união de esforço, para tudo dar errado na esfera de um tristonho adventício. E, por conseguinte, deitar por terra a tenção do peregrino. Porém, a culpa não é minha ou, pelo menos, tão só minha, mas sim de cerradas e atrozes circunstâncias. Tomai isto do lado de um despojado conterrâneo e de aedo singelamente confessional. Pois, mais vívido que nunca e como planta que desanda para o rio e para água, oh meus indiferentes e perenes contempladores!

Como sabeis, sou um misgo ser andante neste planeta. No exílio, mesmo que preso aos cânones de nefilins vorazes ou limbo verdejante e sossegado, precisarei sempre do fervilhante passado aziago, quer para recordar, quer para mimosear ou repudiar. Ah ingente escravatura de ruim passagem! Agora apetece arrebanhar, ainda que impropriamente expressa, a dica, a síntese-perícope, com o mote do genial pintor da era de luz, Amadeo Souza Cardoso, a meu contendo, para sorver e angustiado assim soprar: aqui abafa-se. Lá longe, na Pasárgada de sonho e de miragem, respira-se.  À causa disso, inquieto-me bastante e dou guinadas de rebeldia, para sair da casca de bacoco e sufocante provincianismo. Pulo por imensas achadas de cultivo, visando o plantio da minha arte, o meu viveiro de enzimático esplendor. Sem trilhas e barreiras impossíveis, sem atalhos intransponíveis de derrubar e sem qualquer constrangimento. Senhor, de mim, deixai cair a espada, o cetro, o busto e a comenda. Pois, eu só cobiço a vossa cinzenta craveira de Demiurgo, erguida, ungida e rebuscada.

E toda a gente em meu redor já me conhece a queda pela ferrenha catequese, ou seja, a malta intui e sabe bem que a única coisa que existe e conta, para mim, é o ofício de Dom Apolo, de Minerva e de morfema. Senhor, livrai-me de grudado mau intento, da caixa ressonante de alguns escravos voluntários do Grão-Ducado. E, sobretudo, não aparteis de mim a honra. Dai-me também, oh vossa portentosa majestade, auxílio da destra mão de Dido, antes da pira, com o rípio de Dodona e com pressinto, com a alça de Sospita e com o faro de Sibila. E nesta sede, não esperareis de mim cedências e concessões, nunca jamais. Nem em prol de um suposto ilustre advogado, nem em abono da sagacidade de um putativo estroso docente universal. Ambiciono uma auspiciosa aura de inspiração para poesia e clamo por espaço de ação na prosa. Sou entusiasta sonhador e continuo me batendo pelo bálsamo de ponta, com afinco de incontente tritão aluado, pela sanha concupiscente de me raiar e de me impor no alvor do dia, em cada aurora rósea, para levar a bom termo a minha gesta, tal que persuadir uma fêmea de desejo a baixar a guarda da sua guarita. E, assim, com o ático fulgor de garanhão e na senda de virtuosas benfeitorias, saia abençoada a sina do eremita com relação a todas as apetências da sua inteira predileção.

Tornai, senhor da minha crença, donzela e noiva afeita toda a insipiente rispidez da vossa escolta. Abrandai as vossas Euménides da fúria, na alvura da minha mente, em toda a ciosa minha prece, de molde a derreter-se e a cair de brinde, defronte do meu alcance, amolecidas, cocotes e felizes. Sou um fervoroso lavrador, contumaz a tudo quanto não cheire a acrílica tinta no papel ou sangue fresco nas narinas, vertendo ao mesmo tempo de enlevo suado pulso de gladiador. E no dia em que o menino for dormir, a lembrança de resina na faceta há de ficar, para não mais acabar, conquanto que a tisna de esganado mercenário não conste da minha faina. Não me importo nada com o tipo de terrena desventura e fatalidade. Mesmo que a mim ousem reservar um castigo equivalente ao aplacado sobre o Páris, pelo rapto da Helena, a mais sensual e linda do seu antanho mirabolante, em todo o diversificado vasto cosmo.

Afinal, da vida do ser ereto, assaz balofo, apenas sobra o edifício de memórias. No ingrato espúrio caso, ainda que sem ameias e matacões no frontispício do meu castelo, ainda que mal pagas e destituídas de valor e de prestígio, na minha herdade de fulminante dupla relação de bastardia, com inglórios adornos de irmandade das duas incompreensíveis e falaciosas cidadanias. Ainda que sem trombetas e salvas de canhão, ainda que sem palmas no rebordo de caixão ou ataúde, na hora de acenar para empreender o derradeiro voo etéreo, alando em direção à deslumbrante infinitude. Ai aselha fralda da minha corte que não ajuda! Não obstante a áspera envolvência, com todos os seus entraves e revezes, onde se não vê como um total inadimplente do entourage possa sacudir a capa de rotuladas imprestezas oficinais, acenando com as vísceras-dejetos deploráveis, para se erguer da fumaraça e se livrar do esbirro da enroscada, das peias e sórdidas amarras, insistindo, apesar disso, em dar provento à sua indústria, na perspetiva de suculenta desenvoltura.

Eu sei que as Némesis, Erínias, hidras e vadias da Arcádia, de Sodoma ou de Gomorra nunca morrem. Com cabelos eriçados de serpente ou de chifrudos canalhões da minha urbe acabam sempre por dar à costa de todas as sanguinárias e sinistras inclinações. A propósito, tenho sete rebentos debilitados e com a ânsia de mascar. É caso para entoar com o franzino Luiz Pacheco da Lusitânia – Dêem-me trabalho ou dêem-me mais trabalho - Ou então, plantem-nos na boca a vontade de não comer. Sinto que me estou a despedir de toda a lama e toda a trama. Contudo, não cultivo rancores e dissabores. Só aspiro ao alamento e benfazeja elevação. Deixai-me subir, então. Depois, dizem por aí, que as deidades não se juntam, de cabeça feita e em conjugada união de esforço, para tudo dar errado na esfera de um tristonho adventício. E, por conseguinte, deitar por terra a tenção do peregrino. Porém, a culpa não é minha ou, pelo menos, tão só minha, mas sim de cerradas e atrozes circunstâncias. Tomai isto do lado de um despojado conterrâneo e de aedo singelamente confessional. Pois, mais vívido que nunca e como planta que desanda para o rio e para água, oh meus indiferentes e perenes contempladores!

Então aí vai esta catarse:

Sou da coutada dos intocáveis,

esconso e pachorrento aventureiro,

um eflúvio de viandante e descentrado,

a quem se não deve dar a mão,

nem para descer e menos para subir,

sob pena de inexistir a vaga perceção.

Apenas não importunar já muito basta,

nos vis tratos de polé de mil sevícias,

vai nu o desastrado em seu ofício.

Faço parte da horda dos invisíveis,

os párias e ralés do principado,

por nunca ter estofo-envergadura.

Nasci manco e disso já ninguém duvida,

nem da parte do diabo ou de vidente,

nem da banda do esdrúxulo zarolho.

Oh cristalino esbirro de desventura!

Na era dos bichos fluídos e voláteis,

a força de expressão se sói a pouco.

Oh sombra de esmero do passado!

Impulsa a minha voz pela palavra,

canta, exulta e anda minha perna,

empolga e voa alto a minha sina,

pela ática espessura do ser alado,

leve tal que Sousa de Zebedeu,

em saltos de pulga pela cidade.

Sou um banal em boa verdade,

entoo brado ou hino nos jornais

e grátis, por amor, a minha prosa.

Só mentecaptos ao cubo

não divisam o sufoco de agonia.

A leste de qualquer premonição,

não me sabem ler na carne e fina alma

e santo bílis pior um pouco escrutinar.

Uns ímpios agarrados à fútil repelência,

os sempre muito ruins génios do mal.

Sabem viver e procriar os sicofantas,

pois propalam muito bem a delação.

Aqui, assaz brioso justo Catchás e Valdemar,

sou compelido a resmungar – Kuribota, Kuribota…

Ou inda - É duedu, é duedu, é duedo,

na mundu n ka pode más -.

Em minha eira de fulgurante transmutação,

impa e corre para benzer uma pia de lavar,  

cobre com unção o desvirtuado visitante,

blinda a face do possesso demandante

e cinge a sua fronte com o pano da região.

Este, por acesso repentino à redenção,

desata a regurgitar o mal e fel da tripa,

ganha a fibra de grafeno na estrutura,

uma nova carapaça e rosto nédio,

por assomo de invulgar anastasia,

uma aura divinal no cru do arraial,

para cretinos e caçulas da minha fé.

Ou seja, ficam lívidos e livres,

voltam puros para urbe do país.

Brota bálsamo da fonte refulgente,

desinfesta toda a área de indecência.

Ah Cutelo de Eutimia da minha cura!

Ah Ribeira de Candura de mata sede!

Se o bicho tiver o lodo no coração,

estresse na medula e ânsia de se matar,

não se aflija ao rubro o ensimesmado.

Abeire-se da Enseada de Horizonte,

no âmago da ilha, meta a pelica de mão

na água, passe pela cútis o combalido,

veja o que sucede à fraterna tez ungida.

Oh meu ponteiro de firmamento!

Bem, eu sou de lá e santo de casa,

na sábia voz do povo, não faz milagre,

nem se move pela toada de inquilino,

então árdua continua a minha vida.

O aedo da triste lide assaz comove,

dentro como fora de ente turbado,

muito degenerado, também se diz,

acenando com a asma de contraste,

girando com pimenta, sal e coentro,

ou azimute numa roda de alcatruzes.

Ao vulnerável, na fibra pica, dói demais,

no imo perfurado, no fígado pulsante.

Para o desterro é que não vou.

Pudera! Sou um cúpido guerreiro,

arraçado de heroísmo disseminado,

nas veias e na franja do cabedal.

Oh raiz de gene adulterado!

 ---

*Sob a toga de Sísifo Ali Jó

D. G. WOLF
Porquê silhuetas para uns e não para outros? Qual o critério? A cor da pele? A carteira? A estatura física? A família?
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D. G. WOLF
Todos querem fazer prova de vida. Todos, todos, todos.
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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
8 days 22 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
10 days 20 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
18 days 19 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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