quinta-feira, 21 novembro 2024

Direito do Cidadão Ancião

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Das recordações e lembranças de um tempo em que tudo foi edificado e concebido pela robustez física musculada até à desmedida subjugação pelo poder político, pelos governos e governantes. Em todas as gerações, e por todo mundo, existe uma história de sacrifício, mas também de orgulho pelo legado a delegar no processo de sucessão generativa, ao invocar as pirâmides, os túmulos e os templos, um retrato do tempo que transvasa do longínquo milenar para o tempo da modernidade e da inteligência artificial.

Por Péricles Tavares

O homem existe como um ser distinto e diferenciado pelo grau ilimitado de entendimento, de lembranças e reconhecimentos dos seus feitos pelo trabalho que honra e dignifica, como exemplo, pelas mãos, a obra, a criação fruto da imaginação, ciência e cultura de um povo, de uma nação em progresso continuado a eternizar-se.

O homem existe em duas dimensões de nascimento à morte. Na primeira, está a garantia de continuidade, da multiplicação de gerações, rodeado de atenção, de proteção e afetos em absoluta segurança pelo clã. Na segunda, é de esperar que todo o ser humano direciona-se pelo dom privilegiado de crescimento físico e mental até ao limite de um novo ciclo de declínio, à velhice e, por fim, à morte, de forma desejável e natural com dignidade. 

Todo o feito, tanto para o bem como para o mal, tem reflexo e consequências alegres e tristes, “filho és, pai serás como fizerdes assim acharás”, então, na vida, um bem individual de interajuda continuada, quem ajuda agora será ajudado depois.

Quando a velhice desabrochar na face do homem e da mulher deste chão morno, da morna que faz sentir e ouvir nas Ilhas deste Cabo Verde de ultrajadas esperanças, pela lei nº26/X/22023 de 8 de Maio em Diário da República de Cabo Verde, define-se que devido à extensiva longevidade humana, um ganho social de pertença nacional e global movido por estatuto de idoso, é norma de promoção de obediência e prontidão que sobrepõe na ordem interna a ajustar a realidade existencial de cada nação.

Segundo o princípio basilar negocial de entendimento, o respeito e a franca cooperação, sem sombra de imposição nestas conformidades, serão extensivos a todos os estados membros inscritos e reconhecidos pela Organização das Nações Unidas, ipsis verbis.

Da ratificação à promulgação, «vacatio legis», o tempo de introdução de novos conceitos ideológicos e doutrinários a favor do enriquecimento nos princípios enaltecedoras da dignidade da pessoa humana, também pelos recursos essenciais, com as existências reunidas, haja vontade, ambição e disponibilidade para o cabal cumprimento de tão grandiosa e prestigiada tarrafa de servir a quem serviu sem diferenciar apenas a nação ao mundo.

Cabo Verde é de todas as gerações, da nossa, da vossa, e de todas as esperanças. Parte a um corpo irmanados e aventurados de felicidades, de profundo merecimento, de tratamento em falta, agora um enxergar de um horizonte amplificado com o fim do tempo que sobra para estar vivo, da corrida resiliente para alguns, o começo para outros tantos. O ancião não cansa, não desperdiça tempo sempre preocupado com a sua nação, com o servir a nação até ao último suspiro, debilitado antes da partida, onde o estado, o poder político, a sociedade no geral, deve assumir o compromisso de assegurar ao valente, à geração antiga, meios e condições de subsistência nos derradeiros momentos por gratidão.

Cabo Verde tem condição para satisfazer as preocupações e as ansiedades dos seus anciões, anciãs pessoas que resistiram às intempéries pelas resiliências de forma digna e por isso merecem atenção no tempo da incerteza, difícil de suportar, através da benevolência e solidariedade do poder político.

Ao estado republicano cabe o dever de fazer-se visível e presente, fora do pergaminho, da sombra do gaveto do impávido e muito sereno ministro da tutela, e fazer valer os direitos constitucionais a bem de quem os préstimos são necessários, mais ainda para quem permanece em estado de crise assistencial propositada pelo desleixo do sistema governativo sem aproximação e do socorrismo imediato.

Idoso deve viver por direito adquirido em tranquilidade junto da família, em comunhão de laços afetivos constantes, de forma emotiva e preferencial. Cabe ao estado o direito de garantir ao idoso, o mais carente e desafortunado, a plena integração, a participação social, na diversidade, na qualificada área seja de enquadramento, de dimensão e extensão cultural com autonomia e total liberdade.

Cabo verde, país de carenciados em toda a classe etária da sociedade naturalizada, goza com o poder de aquisição de bens comestíveis e de conforto. A esta banda será privilégio dos senhores da realeza governativa seguidos por punhados de açambarcadores “rabidantes”, desde empresários importadores a retalhistas ocupados na divulgação da ciência económica, a sábia arte de multiplicar tostões pela troca desigual e subida irracional dos preços, um cenário costumeiro nos cantos dos povoados das concelhias, com pessoas assalariadas eventuais, auferindo o salário desproporcional miserável nacional, a pensão de sobrevivência e velhice, que é tão poucochinho que não satisfaz o apetite.

Não se pode comparar com o almoço do deputado em diligência no ciclo eleitoral, na fonte dos enganados, muito menos se pode equiparar o subsídio de ajuda de custo diário ou o chorudo vencimento de quem nos governa no maior termo da governação dedicado ao passeio dentro e fora do cercado nacional, onde vive mastigando e sugando dos impostos, suor vertido das testas dos eleitores contribuintes. Basta de pacificidades.

O cidadão no uso da faculdade física e espiritual goza de direito, de exercício da cidadania, de opinar para que o poder político acorde e repare que o povo está de cabeça erguida a topar de cima do muro as trapalhadas seguidas de desprezo pelo governo soberano destas ilhas. O povo é que é soberano, um povo que ama um Cabo Verde total, somos e seremos sempre patriotas defensores dos valores republicanos, a igualdade de tratamento.

De volta ao concernente e pertinente dever do estado, e de toda a sociedade, para com o idoso, ser humano que o tempo o tornou sábio professor, uma biblioteca viva de conhecimento, embora fraco e desgastado pelo tempo, ao dispor de quem quer embriagar-se de saber.

O ancião merece tudo que o direito permitir, um direito adquirido não se trata de favoritismo de classe, mas sim um merecimento conquistado com elevado sacrifício e preço.

Todos os direitos universalmente reconhecidos, mais os direitos essências, a melhorar a qualidade de vida dos idosos nacionais cabo-verdianos são, entre outros, o atendimento priorizado nas instituições públicas e privadas, num estado debilitado que carece de acompanhamento ao hospital; medicação e medicamentosa gratuita com isenção de taxas moderadoras; transportes públicos e privados, aéreo e marítimo (entrilhas), a custos reduzidos, ou em última hipótese, a comparticipação do estado responsável pela maior percentagem; pensão alimentar recomendável pela entidade médica e nutricionista; processo judicial assistido até a tramitação em julgado; ter direito à pensão dos filhos; merecimento de habitação condigna, “casa para todos”; vagas em parque de estacionamento público e privado devidamente sinalizado; o direito ao trabalho; a contrair empréstimo bancário sem limitação de idade, isenta de qualquer manifestação discriminatória.

Será sempre obrigação do estado de direito assumir as suas obrigações, os seus compromissos e responsabilidades em função da constituição da república, com o devido respeito pelos tratados e convenções, protegendo a saúde e a vida do idoso, e fazer valer das demais leis que direcionam os governantes nas relações internacionais no cumprimento da mais viva e nobre missão: promover o bem estar a bem da dignidade humana.

Aprender a viver e conviver com a pessoa idosa, com paciência e humildade, define o carácter de cada ser humano que caminha para o mesmo fim sem vaidade, mas na igualdade.

Cidadela, junho de 2024

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Colunistas

Opiniões e Feedback

David Dias
8 days 22 hours

Todos querem ser escritores. Todos, todos, todos.

António
10 days 21 hours

Descilpem, mas os antigos reformados não vivem assim, pois pensões não foram atualizadas.

António
18 days 19 hours

Quando as eleições terminarem fiscalize essas construções em russ estreitas e que são autenticas autenticas bombas

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