A presidente da CNE, Maria do Rosário Gonçalves, falava na abertura do encontro de avaliação da política de integração de género e identificação das acções conjuntas a serem desenvolvidas para aumentar a participação das mulheres nas eleições.
O evento contou com entidades e representantes das organizações públicas e da sociedade civil que trabalham em prol da mulher.
“Expectamos que este encontro de hoje nos permitirá, portanto, analisar especificamente, a lei 68/IX de 2019, de 28 de Novembro, com uma perspectiva clara de trazer maior equilíbrio e representatividade das mulheres. Não só nos órgãos electivos do poder político, mas sim em todos os cargos, portanto, de liderança pública e privada em Cabo Verde”, disse.
A CNE propôs como um dos pontos para análise, no âmbito da preparação da nona eleição autárquica, qual o poder do voto feminino em Cabo Verde, e que lugares deveriam ser ocupados pela mulher na mesma proporção que os homens, ciente que ainda subsistem desafios, nomeadamente em termos de sub-representação.
Isto tendo em conta que, segundo a presidente da CNE, a lei da paridade não obstante ter trazido maior equilíbrio de género nas listas concorrentes e fazer aumentar o número de mulheres eleitas, a questão da sub-representação não está resolvida.
“Vimos que nas eleições de 2020 nenhuma mulher foi eleita cabeça de lista. Isso leva-nos a questionar a eficácia da lei da paridade, tal como, portanto, está ou então se precisa de melhorias para podermos alcançar este objetivo”, frisou.
Ou seja, esclareceu, Cabo Verde não propõe ter apenas mulheres nas listas, mulheres eleitas para ocupar os lugares, mas também mulheres nas lideranças do poder executivo, nas câmaras municipais, para dar o seu grande contributo para a adoção de políticas que visem a melhoria da condição feminina a nível local e nacional.
A CNE lamenta “a clara percepção” nas eleições anteriores de candidatas mulheres que enfrentaram “preconceito, discriminação, episódios de violência política, comentários sexistas bem como questionamento frequente da capacidade” das mesmas de estarem na liderança e “falta de apoio evidente e expressivo” dos partidos.
“Então, nós pensamos que é necessários meios financeiros para que a mulher também possa competir em condições de igualdade com os homens, portanto, nos pleitos eleitorais", avançou, assegurando que essas acções ou esses constrangimentos só serão ultrapassados com um esforço colaborativo de todos.
Segundo argumentou Maria do Rosário Gonçalves, vários relatórios apresentados no país dão conta de que a pobreza atinge, sobretudo, as mulheres, reconhecendo que a actividade política, sobretudo, eleitoral constitui uma actividade dispendiosa.
Daí que, finalizou, a falta de recurso e meios financeiros também podem condicionar a condução de campanhas eficazes e até mesmo desencorajar por exemplo as mulheres a enfrentarem-se e a lançarem-se em candidaturas independentes.
A Semana com Inforpress
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