José Maria Neves fez este anúncio durante o seu discurso de homenagem a um grupo de mulheres líderes de Santiago Norte que se têm destacado pelo “meritório trabalho” que realizam na preservação ambiental da região, numa cerimónia que decorreu na localidade de Figueira das Naus, município de Santa Catarina.

Segundo o chefe de Estado, o sentimento é de “gratidão e de reconhecimento” ao trabalho dessas mulheres dos diferentes municípios da Região Santiago Norte, pois considerou que essas mulheres muitas vezes, na matéria de preservação ambiental, “fazem milagres com pouca água para transformar as suas comunidades”.

Com o esforço e dedicação destas mulheres, José Maria Neves reconheceu que elas criam oportunidades de emprego e de rendimentos, lutam e abastecem os mercados, sublinhando que o certificado entregue às mulheres é um sinal de que é preciso “prestar mais atenção nas mulheres”.

É neste sentido que anunciou que no quadro das actividades de comemoração dos 50 anos da Independência de Cabo Verde, em 2025, pretende condecorar mulheres de todo o país que “têm desempenhado um trabalho meritório e importantíssimo em matéria de desenvolvimento do país, mas que não tem tido o devido reconhecimento”.

José Maria Neves enalteceu assim o papel das mulheres na sociedade, reforçando a necessidade de continuar a trabalhar para mais justiça, igualdade e solidariedade em relação às mulheres cabo-verdianas, sobretudo no mundo rural.

O chefe de Estado reconheceu que já há ganhos e avanços em relação à mulher e a sociedade, mas que é preciso fazer mais, relembrando que o dia 27 de Março é dedicado às mulheres cabo-verdianas, mas que” o dia da mulher é todos os dias, tendo em conta a força, determinação, resiliência e a vontade de transformar e fazer de Cabo Verde cada dia mais grande”.

Das homenageadas, Alcinda Cabral relembrou que começou a trabalhar desde 1999, na conservação de solo e água, e que lidera a associação Agro-Ricabon composta por 25 mulheres, intervindo em diversas acções, como construção de arretos, cisternas, entre outras actividades com foco na preservação do solo e do meio ambiente.

Esta homenagem foi classificada por esta líder como um acto “nobre” considerando que o mesmo é um reconhecimento do trabalho árduo que as mulheres têm feito nesta matéria, aproveitando para pedir mais apoio e atenção do Governo em financiamento de projectos para longevidade da associação e garantir não só a preservação da natureza, mas também o sustento das famílias por elas lideradas.

Igualmente, Maria Borges agradeceu ao Presidente da República pelo gesto em prol do reconhecimento do trabalho das mulheres na liderança das associações comunitárias na região com enfoque para acções a nível ambiental, realçando que é mais uma força para que elas continuem com a dedicação e esforço nessa missão.

Ao contrário da sua colega, Maria Borges contou que a Associação das Mulheres de Figueiras das Naus nasceu em 2009, mas que tem feito vários trabalhos juntos com outras parcerias e programas, construindo e reabilitando casas, apoiando mulheres na criação de pequenos negócios, acções de reflorestação, entre outras.

Já a Ernestina da Veiga, do município de Santa Cruz, é extensionista rural e líder comunitária e trabalha na luta pelos direitos das mulheres e dos recursos naturais, além de reconhecer a importância do acto aproveitou para alertar a sociedade sobre a importância da preservação da natureza, mas também o Governo na necessidade de desenvolver outras acções que ajudam nesta preservação e de apoiar algumas associações que já desempenharam um papel importante nessa luta e que hoje encontram-se inactivas por falta de financiamento.

A Semana com Inforpress

26 de março 2024