O Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou hoje que vai aumentar as principais taxas de juro em 25 pontos base, para se alinhar com a zona euro e desincentivar a saída de capitais.
A nível interno, há também um desempenho positivo da economia de Cabo Verde e a diminuição da inflação, notou o BCV, que hoje reviu em alta as previsões de crescimento do arquipélago, de 5% para 6,1% este ano e de 5,4% para 5,6% em 2025.
A taxa diretora sobe para 1,75%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez passa para 2%, enquanto a taxa de absorção de liquidez sobe para 1,2% e a taxa de redesconto para 2,75%, com efeitos a partir de 18 de novembro.
O coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa mantém-se em 10%.
"As decisões de política monetária têm como fim alinhar as taxas de juro nacionais às da zona euro", justificou o banco central, uma vez que o diferencial "representa uma oportunidade para os bancos nacionais, que têm vindo a aumentar os seus ativos líquidos no exterior, com particular destaque para a sua posição em euros, refletindo-se nas operações de compra e venda de divisas ao BCV", justificou, em comunicado.
O país registou "uma perda de ativos de reserva de cerca de 19 milhões de euros, refletindo-se na redução do 'stock' das reservas externas líquidas, em junho de 2024, que passou a garantir 5,7 meses das importações projetadas", valor que era de 6,2 meses de importações, no final de 2023, acrescentou o governador Óscar Santos, em conferência de imprensa.
Apesar das medidas que têm sido adotadas pelo banco central, conjugadas com a atuação do Banco Central Europeu (BCE), "o 'spread' entre as taxas de juro de referência continua em níveis elevados, a favor das taxas europeias" e o BCV quer "desincentivar a saída de capitais do país" e "garantir a sustentabilidade do regime cambial de 'peg' fixo da moeda nacional [escudo] ao euro".
"O banco central entende ser relevante continuar a sinalizar o pendor restritivo da política monetária, já iniciado em maio de 2023, através da subida gradual das suas taxas de juro de referência", referiu Óscar Santos.
O objetivo é que as medidas surtam efeito já “em 2025 e 2026, com o aumento gradual dos influxos líquidos de financiamento para a economia” e “contribuindo para a recuperação gradual do investimento direto estrangeiro e a redução dos ativos externos líquidos dos bancos”, acrescentou.
As decisões relativas às taxas de juro seguem ainda um cenário internacional em que "os primeiros meses de 2024 mostraram um crescimento moderado e estável nas principais economias" e taxas de inflação a cair.
A nível interno, há também um desempenho positivo da economia de Cabo Verde e a diminuição da inflação, notou o BCV, que hoje reviu em alta as previsões de crescimento do arquipélago, de 5% para 6,1% este ano e de 5,4% para 5,6% em 2025.
Apesar do recuo das reservas externas líquidas, o valor é considerado "adequado para a manutenção da estabilidade do regime cambial" de paridade com o euro, antecipando-se "5,5 e 5,3 meses de importações projetadas para 2025 e 2026, respetivamente".
A próxima reunião do Comité de Política Monetária está agendada para 13 de dezembro.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments