A produção de rubis em Moçambique disparou no segundo trimestre, depois da forte quebra nos primeiros três meses, e já está acima das previsões para 2024, segundo dados da execução orçamental consultados hoje pela Lusa.
No total dos primeiros seis meses do ano, a produção de rubis em Moçambique foi superior a 1,64 milhões de quilates, um aumento de 10% face ao mesmo período de 2023, segundo o relatório de execução orçamental de janeiro a junho, do Ministério da Economia e Finanças.
Essa produção tinha recuado 55% até março, também em termos homólogos, para 252,6 mil quilates, segundo o relatório do primeiro trimestre, noticiado anteriormente pela Lusa, devido a problemas na maior mina nacional, da Montepuez Rubi Mining (MRM).
“Relativamente ao rubi, importa reportar que durante o segundo trimestre assistiu-se a um crescimento exponencial da sua produção, com destaque para o desempenho da empresa SLR Mining, que assumiu a posição maior produtor deste recurso mineral. Esta empresa foi responsável pela produção de mais de 70% do total”, lê-se no relatório semestral.
O Governo moçambicano definiu a meta de produção de 3.080.895,32 quilates de rubis em todo o ano 2024, pelo que o registo dos primeiros seis meses – 1.640.710,60 quilates - já representa uma concretização de 53% do objetivo anual, quando no primeiro trimestre foi de 8%.
A Lusa noticiou anteriormente que o valor das exportações moçambicanas de rubis recuou 80% no primeiro trimestre, rendendo cerca de 4,6 milhões de euros, segundo dados do banco central.
No relatório sobre a balança de pagamentos do primeiro trimestre é referido que as receitas provenientes da exportação de rubis recuaram de 25,6 milhões de dólares (23,7 milhões de euros), de janeiro a março de 2023, para 5,2 milhões de dólares (4,6 milhões de euros) no mesmo período deste ano.
O relatório associa os “baixos níveis de produção da maior produtora deste mineral” à “avaria no equipamento produtivo” e à “instabilidade militar na zona norte do país”, numa referência aos ataques de grupos rebeldes em Cabo Delgado, com forte incremento nos primeiros três meses do ano.
A produção global de rubis em Moçambique já tinha recuado no ano de 2023, para 2,7 milhões de quilates, contra 4,2 milhões de quilates em 2022 e cinco milhões de quilates em 2021.
A exploração de rubis na mina da MRM em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, a maior do país, rendeu desde 2012 quase mil milhões de euros, segundo dados divulgados no final de abril pela Gemfields, que detém 75% da empresa.
De acordo com os dados até dezembro do relatório “Fator G para Recursos Naturais”, que visa promover a “transparência” sobre o nível de riqueza dos recursos humanos partilhados pela Gemfields “com os governos dos países anfitriões” provenientes dos setores mineiro, petrolífero, gás madeira e pesca, a MRM teve uma receita total de 151,3 milhões de dólares (141 milhões de euros) em 2023.
Desde que a Gemfields adquiriu os 75% da MRM – em fevereiro de 2012, ano do início da exploração mineira, tendo os leilões de rubis iniciado dois anos depois –, a mina acumula receitas superiores a 1.055 milhões de dólares (982,7 milhões de euros), pagando ao Estado moçambicano, no mesmo período, 257,4 milhões de dólares (239,7 milhões de euros).
No ano passado, a MRM pagou ao Estado moçambicano 53,2 milhões de dólares (49,6 milhões de euros) em ‘royalties’ e impostos, segundo o mesmo relatório.
A MRM é uma empresa moçambicana que opera no depósito de rubis de Montepuez, localizado no nordeste de Moçambique, na província de Cabo Delgado, abrangendo aproximadamente 33.600 hectares.
“Acredita-se que seja o depósito de rubis mais significativo recentemente descoberto no mundo”, refere a empresa, que garante ter criado localmente mais de 1.500 postos de trabalho, 95% dos quais para moçambicanos, sendo 65% oriundos de Cabo Delgado.
A MRM é detida em 75% pela Gemfields e em 25% pela Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana.
A Semana com Lusa
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