O presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) disse esperar que no próximo ano parlamentar se consiga uma “melhor performance”, tanto a nível dos trabalhos parlamentares, como nos vários sectores de actividades do país.
João Santos Luís falava em conferência de imprensa, no Mindelo, em antevisão ao debate sobre o Estado da Nação, que deverá acontecer na quarta-feira, 31.
Segundo o também presidente dos democratas cristãos, ao olhar para a situação socioeconómica das famílias cabo-verdianas, da Ilha Brava a Santo Antão, constata o aumento do custo de vida motivado, por um lado, pela conjuntura actual a nível global, mas, por outro, pela “inexistência de medidas eficazes” que possam mitigar um pouco a escalada dos preços dos produtos e serviços consumidos pelas famílias.
Para o político, tal situação foi agudizada após a crise da covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia, que provocou um elevado custo de vida, devido a “perda desenfreada” do poder de compra dos trabalhadores e das famílias cabo verdianas.
Estas, argumentou, não viram a sua condição de trabalho melhorada, principalmente em regularização de promoções, reclassificações e reajustes salariais, o que provocou descontentamentos generalizados.
“Entre as classes mais prejudicadas nos seus direitos laborais estão a classe docente, os profissionais de saúde, os trabalhadores do INIDA e os agentes prisionais, bem como trabalhadores do sector privado, nomeadamente do ramo de hotelaria e turismo, especificamente das ilhas do Sal e da Boa Vista”, exemplificou.
Para João Santos Luís, o contexto laboral no país está “muito tenso face à incapacidade de resposta por parte do Governo em encontrar soluções para resolver e repor a dignidade e os direitos laborais das classes profissionais”.
Por outro lado, considerou que a conectividade do País tanto aéreo como marítimo “continua sem norte”, com “preços proibitivos” e provocando “desestabilização regular do sector de transporte no seu todo e prejudicando os cabo-verdianos”.
O parlamentar disse que o sector da Saúde ainda não transmite a segurança desejada aos utentes, porque carece de mais recursos humanos qualificados e de equipamentos diversos de diagnósticos ajustados às necessidades dos cidadãos.
“Quem sofre com as políticas e medidas desajustadas de saúde implementadas pelo Governo são os cidadãos e principalmente as camadas com maiores dificuldades de recursos económicas”, afirmou.
Lembrou que se registou a “ruptura de diversos tipos de reagentes para exames de diagnóstico e medicamentos, principalmente para doenças crónicas, o que evidencia, de forma clara, a ineficiência e ineficácia” dos responsáveis do sector.
No que concerne ao ambiente de negócios no país, João Santos Luís afirmou que algumas empresas detidas a 100 por cento (%) pelo Estado continuam a ser “geridas ao bel-prazer” dos conselhos de administração com “níveis elevadíssimos de nepotismo e abuso de poder, relativamente a muitos profissionais que não subscrevem ou não alinham com o partido no poder”.
Avançou ainda que o sector privado nacional continua a enfrentar os problemas de sempre, como os custos de contexto “ainda exagerados”, além da carga fiscal “inimiga do investimento”.
Segundo João Santos Luís a área da Educação ainda “está aquém das expectativas dos cidadãos e do país”, porque os problemas laborais com os docentes ainda prevalecem e, hoje, mais ainda com a implementação do Plano de Cargos Funções e Remunerações (PCFR), que são questões que “precisam ser ultrapassadas urgentemente pelo Governo”.
O presidente da UCID considerou também que nas áreas de Segurança e Justiça é preciso mais investimentos e medidas adequadas de qualificação de recursos humanos para funcionar em melhores condições e dar as respostas aos cidadãos de forma célere.
A mesma fonte considerou que o sector económico tem todas as potencialidades de promover um crescimento mais robusto, mas carece de medidas assertivas para potencializar as vantagens e conseguir-se a melhoria desejada.
A Semana com Inforpress
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