O vereador da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, considerou hoje, no Mindelo, que as consequências das chuvas que São Vicente enfrenta após a tempestade de 11 de Agosto é “um crime ambiental”.
Tal posicionamento foi assumido pelo vereador e também deputado nacional, em conferência de imprensa nas imediações do PMI- Centro de Saúde da Bela Vista, que tem ao lado um esgoto a céu aberto ainda a correr desde as chuvas de 01 de Agosto.
“Estamos perante um crime ambiental e eu afirmo com responsabilidade, porque é um assunto que pessoalmente tenho falado no parlamento e na própria comunicação social, que era preciso prestar atenção naquilo que estava a acontecer na São Vicente”, criticou a mesma fonte, para quem “nada foi feito”.
Ao apontar casos concretos, António Monteiro disse ter várias vezes já falado sobre a possibilidade de colocação de válvulas nos tanques de retenção de esgoto e que poderiam “reduzir drasticamente” o caudal de água que desemboca, por exemplo, na Avenida 12 de Setembro e na Praça Estrela.
Mas, ajuntou, “ninguém se importou” em fazer isso e nem em desassorear os diques nas diferentes zonas.
“Não tendo infraestruturas de contenção para reduzir as energias da água quando a chuva cai, o desastre era esperado”, sustentou.
António Monteiro admitiu que a quantidade de chuva foi “bem grande”, mas, se tivessem sido tomadas medidas “os estragos seriam bem menores”.
Neste sentido, instou a Procuradoria Geral da República a agir e verificar as responsabilidades.
O vereador da UCID considerou ainda que toda a situação foi também provocada pela inexistência do Plano Director Municipal (PDM).
“Por mais que o presidente da câmara diga que tem um PDM, ele não tem como, este tem de ser ratificado pelo ministro da tutela”, asseverou a mesma fonte, que disse ser um assunto debatido há mais de dez anos, mas sem resolução até agora.
Se houvesse o documento, podia-se, afiançou, intervir em diversas áreas, inclusive de drenagem das águas de esgoto, que no caso da zona de Bela Vista “é um problema crónico e que se agravou agora com as chuvas”.
A tempestade Erin devastou a ilha e provocou nove mortos e ainda duas pessoas desaparecidas.
Os estragos por toda a ilha de São Vicente provocados pela passagem da tempestade fizeram o Governo decretar situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau.
Além disso, foi anunciado um plano estratégico de resposta que contempla apoios de emergência às famílias, mas também às actividades económicas, com linhas de crédito com juros bonificados e verbas a fundo perdido, justificando a decisão com o "quadro dramático, excecional".
O Governo utilizará os recursos do Fundo Nacional de Emergência, criado em 2019 para responder a situações de catástrofes naturais ou impacto de choques económicos externos.
A Semana com Inforpress
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