Cabo Verde vai participar, em 2026, no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), uma iniciativa que visa avaliar a qualidade do ensino em comparação com os países mais desenvolvidos, anunciou este domingo, 24, o ministro da Educação, Amadeu Cruz.
“Vamos iniciar no próximo ano 2026 o exercício PISA, ainda experimental, uma experiência piloto, para verificar como é que estamos em comparação com os países desenvolvidos e para podermos, em consequência, ajustar as políticas educativas”, afirmou o governante, em entrevista à Inforpress a propósito das preparações para o ano lectivo 2025/2026.
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês), promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), é aplicado a cada três anos e avalia o desempenho de alunos de 15 anos nas áreas da leitura, matemática e ciências. É considerado uma referência mundial para a comparação de sistemas educativos.
Segundo o ministro, este instrumento permitirá criar métricas de referência internacional que situem Cabo Verde em relação aos países mais avançados.
Amadeu Cruz anunciou que ainda este ano será lançado o barómetro nacional das escolas, com base nas provas nacionais e na avaliação interna dos alunos, para medir o desempenho dos diversos concelhos e escolas e adotar medidas de correcção, se necessário.
Apesar de reconhecer a necessidade de avaliações externas, Amadeu Cruz considera que a qualidade do ensino cabo-verdiano tem registado melhorias assinaláveis.
“Estamos quase no grupo da frente dos países em termos da qualidade do ensino, pelo menos em África. E devemos dizer que os nossos alunos que frequentam o ensino superior fora do país são alunos de excelência, são alunos bons”, afirmou, lembrando que estudantes cabo-verdianos em Portugal, Brasil, China, Macau e outros países destacam-se entre os melhores.
O ministro destacou igualmente que as novas gerações “falam português melhor do que muitos”, dominam o inglês, as tecnologias e as ciências, acrescentando que os alunos que terminam o 12.º ano já apresentam um nível “bastante equiparável à qualidade de alguns países” com os quais Cabo Verde tem maior interação educativa.
“Uma coisa é politicamente dizermos que não há qualidade, outra coisa são os resultados do sistema. E uma coisa ainda diferente é a utopia que deve presidir sempre as políticas educativas, em qualquer parte do mundo. (…) Os sistemas educativos têm que estar permanentemente a adaptar-se às evoluções do conhecimento”, defendeu.
Amadeu Cruz lembrou que os sistemas educativos têm de se adaptar permanentemente às evoluções do conhecimento e, por isso, é necessário debater constantemente a qualidade do ensino, “sem complexos e sem politiquices”.
Relativamente a indicadores concretos, o ministro apontou que a taxa de aprovação no ensino básico e secundário ronda os 90%, com melhorias assinaláveis no 12.º ano.
Quanto ao abandono escolar, Cabo Verde registou uma redução significativa, passando de cerca de 16,5% em 2016 para aproximadamente 2% em 2024. Para continuar a diminuir esta taxa, o ministro destacou a importância da sensibilização das famílias.
“A principal medida é a sensibilização das famílias. Nós temos de dizer que o ensino básico é obrigatório e as famílias têm de colaborar. (…) Estaremos a trabalhar com as famílias no sentido de identificar casos de risco e actuar através da acção social escolar e do apoio psico-educativo”, referiu.
Amadeu Cruz reafirmou ainda que as equipas multidisciplinares de apoio à educação especial continuarão a intervir para reduzir ainda mais a taxa de abandono escolar e melhorar os níveis de aproveitamento.
A Semana com Inforpress
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