A Câmara Municipal de Santa Catarina deu início este domingo a uma jornada histórica e cultural sob o lema “As Revoltas de Santiago – Juventude, Memória e Identidade”, como forma de incentivar os jovens a participar activamente na construção do município.

Este evento, que iniciou com uma caminhada no percurso Assomada - Ribeirão Manuel, busca reavivar o legado da resistência da ilha, promover o diálogo intergeracional e fortalecer a identidade colectiva do povo cabo-verdiano.

Em declarações à imprensa, o vereador responsável pelo pelouro da Juventude, Carlos Pereira, explicou que esta iniciativa contou com a participação de jovens, investigadores, artistas e a comunidade local, e teve como objectivo principal sensibilizar as novas gerações sobre a importância das revoltas na luta pela independência e direitos sociais em Cabo Verde.

Segundo o mesmo, a caminhada de Assomada até Ribeirão Manuel, local emblemático da revolta camponesa de 1910, foi o ponto de partida para uma reflexão sobre o passado, o presente e o futuro da resistência na ilha de Santiago, para incentivar os jovens a se engajarem em projectos, iniciativas e acções que promovam o desenvolvimento sustentável do município.

Durante o evento, foi realizada uma mesa redonda onde painelistas abordaram as causas das revoltas, destacando as injustiças sofridas pelos camponeses e a necessidade de manter viva a memória dessas lutas.

Neste sentido, o vereador ressaltou a importância de envolver os jovens nesse processo, incentivando-os a serem mais activos na construção de um futuro próspero e justo para o município.

Já o jovem Michel Varela, também residente em Ribeirão Manuel, considerou que foi importante conhecer as histórias das revoltas e das pessoas que lutaram, como a Nhanha da Veiga.

“Compreendi que as revoltas começaram com injustiças, e hoje podemos reivindicar os nossos direitos de forma pacífica e consciente”, disse Michel Varela, destacando que Ribeirão Manuel precisa de melhorias, como na estrada de acesso, urbanização e um museu dedicado à revolta, para que a história da localidade seja devidamente valorizada.

Outro participante, Vagner Ramos, afirmou que acções como essa ajudam a dispersar os males sociais entre os jovens e despertam um sentimento de orgulho e responsabilidade.

“Essa actividade foi fundamental para que os jovens percebam a importância de participar, de reivindicar e de aproveitar as oportunidades aqui mesmo, sem precisar necessariamente emigrar”, disse.

Esta iniciativa pretende que Ribeirão Manuel e toda a Santa Catarina se tornem referências na preservação da memória histórica, promovendo uma cidade mais inclusiva, participativa e consciente das suas raízes.

E para isso, as autoridades locais reforçam o compromisso de promover mais actividades culturais, desportivas e educativas, para estimular a juventude a actuar positivamente na sociedade.

A Semana com Lusa