A empresa de abastecimento de água na ilha Brava, Cabo Verde, prevê instalar uma dessalinizadora para ultrapassar o problema de excesso de flúor, depois de divulgado um estudo sobre as consequências deste para a saúde.
"Já temos uma solução viável, uma dessalinizadora", máquina que produz água doce a partir da água do mar, sendo que "os trabalhos já se iniciaram e perspetiva-se que, em junho, todo o projeto esteja completo", declarou hoje à Lusa Jandir Fernandes, engenheiro responsável pelo sistema de tratamento na empresa Águabrava.
A dessalinizadora terá capacidade para processar 1.100 metros cúbicos por dia, o dobro do caudal que agora é fornecido.
O problema do excesso de fluor na nascente que abastece a ilha Brava é debatido há vários anos.
A empresa Águabrava instalou, em 2016, um sistema para tratar a água e corrigir o problema, no entanto, o aparelho só funcionou durante algumas semanas, explicou Jandir Fernandes à Lusa.
O acesso difícil ao local de instalação foi um dos obstáculos, adiantou.
"Desde então, temos estado a fazer contactos com possíveis fornecedores" para tentar instalar o sistema num ponto da rede de acesso mais fácil, mas sem respostas, acrescentou.
Um estudo feito a partir de uma amostra de 72 crianças na ilha da Brava, divulgado hoje pela Lusa, concluiu que todas sofrem de fluorose dentária, uma doença cacterizada por manchas no dentes e que pode chegar a danos estruturais, sendo que metade dos casos na Brava são graves.
Ednilson Delgado, mestre em saúde pública da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde (UniCV) e autor do estudo, classificou a situação como "um problema de saúde pública", com "implicações profundas" na autoestima das crianças, na sua capacidade de mastigação e na interação.
Cerca de 5.500 pessoas vivem na ilha, situada a sul do arquipélago.
A Semana com Lusa
7 Fevereiro de 2024
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