O Presidente cabo-verdiano defendeu hoje uma elevação do nível de debate político no país, ao discursar, na Praia, numa cerimónia evocativa do Dia dos Heróis Nacionais, feriado que coincide com os 51 anos do assassinato de Amílcar Cabral.
“A ética republicana é elevarmos o nível do debate político em Cabo Verde”, referiu José Maria Neves, apelando a “um debate de ideias e não de casos, um debate de propostas e não de pessoas” e “um debate de políticas que possam responder aos anseios e reivindicações dos cabo-verdianos”.
“É esta a ética que a República nos pede hoje”, acrescentou.
O apelo surgiu num contexto de crispação entre o chefe de Estado e o Governo, após episódios em que José Maria Neves acusou o executivo de atuar sozinho, abeirando-se da “deslealdade inconstitucional”.
Em dezembro, o chefe de Estado pediu posicionamentos do Tribunal de Contas e da Inspeção Geral das Finanças após uma polémica com regalias da primeira-dama, alvo de críticas do Movimento pela Democracia (MpD, no poder).
O chefe de Estado referiu hoje que “a ética republicana é a busca pelo consenso sobre pontos essenciais dos desígnios nacionais”, sobre “o bem comum” e “nunca a captura do Estado” por outros interesses.
A intervenção surgiu após o ritual da data, com deposição de uma coroa de flores no memorial Amílcar Cabral, na capital cabo-verdiana, e que este ano marcou o início das comemorações do centenário do nascimento (que se assinalará a 12 de setembro) do líder da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Pedro Pires, antigo Presidente cabo-verdiano e líder da Fundação Amílcar Cabral, interveio também hoje para dizer que celebrar a figura icónica não tem como propósito “a satisfação da fundação: é muitíssimo mais do que isso. Trata-se, acima de tudo, de um dever de memória”.
José Maria Neves recordou o líder independentista como uma figura inspiradora que deve ser lembrada “todos os dias”.
O feriado de hoje enaltece-o, bem como a todos os que “fizeram de tudo, alguns doando a própria vida” pela independência e desenvolvimento de Cabo Verde, disse.
Filho do cabo-verdiano Juvenal Cabral e da guineense Iva Pinhel Évora, Amílcar Cabral nasceu na Guiné-Bissau em 12 de setembro de 1924, partiu para Cabo Verde com oito anos, acompanhando a sua família, onde viveu parte da infância e adolescência.
Posteriormente, foi fundador do então PAIGC, líder dos movimentos independentistas na Guiné-Bissau e Cabo Verde, e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, aos 49 anos.
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