Cabo Verde diagnostica uma média de oito casos de lepra por ano, uma taxa de incidência que ronda os 0,1 por 10 mil habitantes, informou hoje a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima.
Em entrevista exclusiva à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial dos Leprosos, assinalado anualmente no dia 28 de Janeiro, a presidente do INSP, Maria da Luz Lima, explicou que é uma doença provocada por micobactérias e que o diagnóstico de casos se mantém “estável” desde os anos 2000.
Ou seja, são detectados em média oito casos por ano da infecção no concelho da Praia e em São Vicente, uma taxa de incidência que ronda 0,1 por 10 mil habitantes.
“Não tem havido um aumento acentuado de casos, felizmente, mas anualmente são notificados alguns casos dessa doença. Ela é considerada uma doença tropical negligenciada, isso quer dizer que pertence a um conjunto de doenças que acontece muito nos países tropicais, mas que não há muita investigação”, alertou Maria da Luz Lima, ressaltando que o tratamento, embora prolongado, é gratuito.
De acordo com esta responsável, a lepra tem um período de incubação longo, sublinhando que as pessoas podem estar infectadas e não manifestarem a doença, porque os sintomas como “aparecimento de manchas na pele e caroço” passam despercebidos.
As manchas, esclareceu, aparecem em áreas específicas do corpo, provocando a perda de sensibilidades, incapacidades nos mãos e nos pés, o que pode culminar na imputação dos membros em casos de avanço da doença.
Segundo a presidente do INSP, o próprio doente acaba por se isolar por estigma e preconceito social, uma prática antiga em Cabo Verde, visto que se trata de uma doença milenar, em que os doentes eram isolados em centros de atendimento para evitar o contágio.
“Nos últimos anos a situação tem sido estável, falamos em aumento de caso quando em um ano o número duplica ou triplica, tem havido uma certa estabilidade na notificação de casos tanto que nem é considerado problema da saúde pública, mas é um problema, uma doença que requer preocupação”, frisou, apelando a uma atenção especial para o risco de transmissão.
“Para as pessoas que tenham alguma mancha, que não tenham sensibilidade, deve isolar-se e dirigir-se aos postos de saúde porque quando mais cedo a doença for detectada, mais rapidamente é tratada com sucesso porque é uma doença que tem tratamento, outra forma é evitar contactos com pessoas com doenças”, advertiu.
Para assinalar a data, Maria da Luz Lima adiantou que o instituto realiza no próximo dia 30, terça-feira, um webinar sobre “Doenças tropicais negligenciadas”, com atenção especial para a lepra, para alertar sobre os riscos das doenças tropicais.
No mundo, são diagnosticados mais de 140 mil novos casos por ano.
De acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde, em 2021, foram diagnosticados 140 594 novos casos de lepra em 143 países, nomeadamente na Índia, Brasil e Indonésia, o que representa 74,5% dos novos casos detectados seguindo países como a República Democrática do Congo e Moçambique.
O Dia Mundial dos Doentes de Lepra foi instituído em 1954, a pedido de Raoul Follereau, e é assinalado em cerca de 130 países.
O objetivo passa por “alertar a população” para as condições de sofrimento e de miséria que afectam milhões de pessoas atingidas pela doença.
Apesar de existir tratamento e da mesma ter cura, ainda não foi erradicada, sobretudo nos países onde existem pessoas que continuam a viver abaixo do nível da dignidade humana e sem acesso a cuidados básicos de saúde.
A Semana com Inforpress
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