O porta-voz de um grupo de professores cabo-verdianos que nos últimos meses contesta as opções do Governo, disse esta quarta feira à Lusa que o sistema educativo do país está a dar "sinais de colapso".

"Os contratos que estão sendo apresentados [aos professores] e o terrível atraso no pagamento dos salários", são alguns dos "sinais de colapso que o sistema educativo em Cabo Verde está a apresentar", detalhou Alexssandro Robalo, lamentando a falta de diálogo por parte da tutela.

O docente ainda lamentou a falta de planos e materiais didáticos: "Não é à toa que, no caso do 11.º ano, ainda faltam quatro programas. Só um sistema decadente ou num processo de colapso é que se manifesta desta forma", sustentou.

A contestação tem-se manifestado desde o início do ano letivo, em reivindicação de ajustes salariais e na carreira, que os professores dizem estar a ser largamente desprezados, através de sindicatos e de um grupo de contestação, que tem dado corpo a protestos e greves.

O Governo, por seu lado, anunciou na última semana que tem uma despesa adicional de 820 milhões de escudos (7,4 milhões de euros) anuais com as correções aos vencimentos de quase oito mil professores, feitas ao longo dos últimos oito anos.

Mas Alexssandro Robalo queixa-se da falta de diálogo, referindo que, depois de vários docentes terem congelado as avaliações do segundo período, o Ministério deu um ultimato para “colocarem as notas no sistema” até 15 de abril.

“A tutela não está disponível para dialogar” e “prefere sempre apresentar prazos”, num "espírito antidemocrático", acrescentou.

Em declarações à televisão estatal, o ministro da Educação de Cabo Verde, Amadeu Cruz, disse na segunda-feira que "o sistema educativo não está à beira de um colapso” e que “a tutela estará sempre disponível para dialogar”.

"Temos que ver o pilar dos professores, mas o foco principal do sistema educativo são os alunos", apontou, listando medidas que considera estarem a contribuir para um “ensino de qualidade”, como a revisão curricular, criação de manuais do primeiro ao nono ano de escolaridade e laboratórios tecnológicos, entre outras infraestruturas.

A Semana com Lusa