A presidente do ICIEG, Marisa Carvalho, considerou hoje que a instituição não pode actuar se o caso não for do conhecimento, e apelou às vítimas a denunciarem situações de violência de forma a prevenir que terminem em mortes.

Esta responsável falava aos jornalistas à margem da conferência que assinala o nono aniversário da CNPD, sobre a “Protecção de Dados Pessoais e Violência Digital de Género” realizada na Assembleia Nacional em parceria com o Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG).

Instada sobre a morte da jovem de 22 anos de nome Rosana Monteiro da localidade Gil Bispo, Assomada, que não resistiu aos ferimentos causados pelo companheiro e acabou por falecer na madrugada de segunda-feira, 25, no Hospital Agostinho Neto na Praia, Marisa Carvalho explicou que quando os casos são conhecidos e da actuação das entidades competentes “consegue-se driblar” a situação extrema.

“O que está a falhar é o comportamento individual de cada um. Temos casos, temos uma forte articulação com a Polícia Nacional e os casos de que não temos conhecimento não podemos actuar, este foi mais um dos casos que não tinha denúncia prévia, portanto apelamos às pessoas a fazerem a denúncia e o controlo social porque é um crime público”, exortou.

“Não foram muitos crimes, são dois, começou no mês de Março que foi o início do crime este ano, estamos em duas mortes, não houve aumento, uma morte já é demais e qualquer tipo de violência já é demais, no ano passado tivemos cinco mortes” continuou, asseverando que Março tem sido particularmente difícil com aumento de solicitação.

Marisa Carvalho avançou que a instituição tem estudado a questão da divulgação dos casos, uma vez que tem referência de relatos de vítimas de que os agressores usam casos que já aconteceram como exemplo e ameaçam as vítimas “do que pode vir a fazer”.

Segundo o ICIEG, todas as pessoas têm o “direito e dever” de comunicar casos de violência ocorridos nas suas comunidades, evidenciando que além de identificar as vítimas seria “muito mais valioso” identificar os agressores.

A Semana com Inforpress

26 de março 2024