O Estado cabo-verdiano encaixou 13,6 milhões de euros com a venda da quase totalidade das ações que detinha na Caixa Económica, um dos maiores bancos do país, um recorde em operações do género, foi hoje anunciado.
“Esta foi a maior operação pública de venda em termos de encaixe financeiro para o oferente, na Bolsa de Valores de Cabo Verde, quando nós falamos de Ofertas Públicas de Vendas (OPV)”, afirmou o secretário de Estado das Finanças, Alcindo Mota, durante a apresentação dos resultados da OPV de 27,44% de ações que o Estado detinha na Caixa Económica.
Foram colocadas à venda 381.904 ações, com um preço de 4.080 escudos (cerca de 37 euros), sendo que o banco apresenta um ‘book value’ (valor que é indicado como valor contabilístico real aproximado) de 5.392 escudos (cerca de 48,9 euros) por ação.
A operação, lançada em 10 de janeiro e que decorreu até 23 de fevereiro, teve uma procura de 96,46%, que totalizou 944 ordens válidas, de empresas e particulares, de 24 países, incluindo Cabo Verde.
“Apesar de não termos atingido os 100% da oferta, consideramos que a operação foi um sucesso, uma vez que tivemos o maior registo de sempre do número de ordens submetidas em ofertas públicas”, salientou a administradora executiva da BVC, Júlia da Cruz.
A operação que havia alcançado o maior número de ordens tinha sido a oferta pública lançada em 2007 para a venda de 21.000 ações que o Estado detinha na distribuidora petrolífera Enacol, com 934 ordens.
Com a Caixa, o Estado conseguiu vender 368.369 ações e encaixou 1,5 mil milhões de escudos (13,6 milhões de euros).
O diretor de Operações de Mercado da BVC, Edmilson Mendonça, referiu, durante a sua apresentação, que os restantes 13.535 ações que ficaram por vender poderão ser comercializadas no mercado secundário (entre investidores) ou numa nova OPV.
No que diz respeito ao perfil dos investidores, 97% foram particulares (912) e apenas 3% foram empresas (32).
Quanto ao nível de proveniência, a maioria foi de residentes (88%), que também realizaram o maior número de ordens (92%) para compra de ações, através de todos os bancos comerciais.
A Caixa Económica tinha 173 acionistas, dos quais apenas 15 participaram na OPV, que se juntaram a novos 929, elevando para um total de 1.102 ‘donos’, passando a ser a empresa cotada na bolsa cabo-verdiana com maior número de acionistas.
A parcela de 27,44% do capital social da Caixa colocada em OPV corresponde à parte que o Governo cabo-verdiano adquiriu, em janeiro de 2020, à sociedade macaense Geocapital.
O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) continua a ser o principal acionista do banco (47,21%), seguido de outros subscritores e trabalhadores (36,68%), dos Correios (15,14%) e do Estado, agora com 0,97%.
Tanto o secretário de Estado como a administradora realçaram que os dados da venda da Caixa demonstram o “interesse” e a “confiança” na banca e no mercado de capital em Cabo Verde.
A OPV está também enquadrada na política de privatizações e parcerias estratégicas apresentada pelo Governo em 2022.
A Caixa é um dos maiores bancos cabo-verdianos, com um ativo líquido de 84,7 mil milhões de escudos (771 milhões de euros), fundos próprios a atingirem sete mil milhões de escudos (63 milhões de euros) e um rácio de solvabilidade de 24,30% (em 30 de setembro de 2023), indicadores que, segundo o Governo, representam “grande solidez económico-financeira”.
A Semana com Lusa
01 de Março de 2024
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