O candidato presidencial José Maria Neves (JMN) apresentou, hoje, num encontro com a imprensa no Hotel Trópico, na cidade da Praia, as linhas principais da sua plataforma eleitoral para as eleições de 17 de Outubro próximo. A visão para a retoma económica através de uma forte diplomacia para mobilizar parceiros internacionais e «levantar o astral dos cabo-verdianos» para enfrentar com sucesso o novo tempo de se relançar o desenvolvimento de Cabo Verde no pós pandemia, bem como as reformas do Estado e as prioridades da sua magistratura, que pretende ser atuante e com alto sentido de estado, foram os pontos que JMN destacou durante a sua comunicação à Nação. O apelidado «Presidente Necessário» voltou a insistir na possibilidade de em condições normais ganhar as próximas eleições, mas apelou ao governo para deixar de utilizar recursos públicos para apoiar este ou aquele candidato, isto numa alusão clara ao seu principal adversário, Carlos Veiga, apoiado pelo partido no poder.
Mostrando-se pujante sereno com prestígio internacional (ver na foto junto de ex-Presidente dos EUA Obama) e forte vontade de servir a pátria de Amílcar Cabral, José Maria Neves insurgiu-se contra a investida do atual poder com movimentações de membros do governo (Primeiro-ministro, ministros, secretários de Estado) e autarcas (presidentes de Câmaras e vereadores) dentro e fora de Cabo Verde em campanha a favor do candidato Carlos Veiga.
José Maria Neves apelou para que ministros não realizem viagens (para o estrangeiro e no país), utilizando recursos do Estado, para a realização da campanha eleitoral, quando há desemprego, pobreza, crianças a passarem fome e entre outros problemas que afetam a sociedade cabo-verdiana.
Mesmo assim, José Maria Neves voltou a exprimir a sua confiança na vitória nas eleições presidenciais do próximo dia 17 de outubro, seja “em condições normais” ou “anormais”. Referindo-se às condições anormais, Neves salientou a possibilidade de ingerência do Governo no processo eleitoral, seja através da disponibilização dos recursos do Estado ao candidato adversário, a utilização indevida de informações privilegiadas dos serviços de inteligências e outras estratégias para limitar as liberdades individuais... “Estas seriam condições anormais!”, explica, desafiando mesmo assim trabalhar nessas condições para vencer o pleito de 17 de outubro.
PR que une e coopera com as instituições da RepúblicaO concorrente à chefia de Estado de Cabo Verde sublinhou que quer ser um presidente que une, cuida, protege e sobretudo, que coopera com o governo, as autoridades municipais e a sociedade civil pra o desenvolvimento de Cabo Verde.
Neves estabelece como principal compromisso criar um ambiente de cooperação eficaz com o Governo e demais órgãos de soberania, para além de audiências e encontros mais frequentes com todos os partidos da oposição, ONG´s, representações religiosas e a sociedade civil em geral. Isso, porque, entende, o PR tem um papel importante na busca e afirmação dos consensos existentes, assim como de novos consensos.
JMN quer ainda ser um presidente que exerce a sua função com equilibro e alto sentido de estado. “Quero ser um presidente que une, que cuida, que protege. Um árbitro que arbitra imparcialmente o jogo político em Cabo Verde, que fiscaliza a ação governamental, um apaziguador dos conflitos e sobretudo um presidente que coopera com o governo, as autoridades municipais e a sociedade civil para que possamos construir um Cabo Verde melhor”, ressaltou.
Prioridades e diplomacia económicaO candidato à Presidenecia da República realçou que uma das prioridades da sua candidatura será a reconstrução do país pós pandemia da covid-19, visto que, segundo adiantou, a crise ainda é profunda e que após as eleições ter-se-á ideias mais precisas sobre a dimensão dessa crise. Por isso, admitiu que vai ser preciso mobilizar parcerias, recursos e investimentos nacionais e internacionais, públicos e privados para fazer face à situação pós pandemia no país. Parabenizou o trabalho que o governo vem fazendo no combate à covid19 e prometeu, caso venha a ser eleito PR, lutar, em parceria com o executivo, para que até o fim deste ano a população esteja vacinada e o país entre na fase da retoma económica.
A pensar nisso, JMN propõe uma magistratura de influência, dentro das competências e atribuições do Presidente da República, colocando todo o seu prestígio, rede de contactos e experiência ao serviço do país, numa diplomacia económica consequente, procurando reforçar as parcerias com as principais instituições financeiras internacionais (Banco Mundial, FMI e outras), para além de parceiros como a União Europeia, o BAD, o BADEA e outros, no sentido de angariar fundos concessionais, que ajudem o Governo e o país nos investimentos necessários a serem feitos para criar e promover empregos no País.
Uma atenção especial será dada ainda à cooperação com grandes marcas internacionais como a Coca Cola, a Apple, Samsung e tantas outras, procurando aproveitar a posição geoestratégica e as competências existentes no país.
Emigração e reformas do Estado
Ainda durante a apresentação do seu manifesto eleitoral, José Maria Neves destacou que quer uma diáspora mais participativa, com a previsão de deslocar frequentemente aos vários países e cidades onde residam as comunidades cabo-verdianas, independentemente da sua dimensão e expressão.
Mais do que incrementar o sentimento de pertença, Neves pretende contribuir para a identificação e criação de uma plataforma que permita aos quadros da Diáspora participarem empenhadamente no processo de desenvolvimento da Nação Global cabo-verdiana, onde quer que estejam.
Como prioridades das prioridades da sua plataforma eleitoral, José Mara Neves propõe, em parceria com o Governo e demais instituições da República, contribuir para uma reforma profunda do estado, com foco no equilibro do poder com mais poderes às ilhas através da regionalização, na despartidarização da Administração Pública e ainda na reforma da Justiça e das Forças Armadas. Mais segurança, saúde, educação e transportes são outras das prioridades do manifesto eleitoral de José Maria Neves, apresentado esta quinta-feira, na Praia.
Sete concorrentes e campanha
Na corrida, José Maria Neves, que conta com apoio do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), de que foi presidente e agora na oposição governamental, deverá ter, de um total de 7 candidatos, como principal adversário Carlos Veiga, também antigo chefe de Governo do país (1991 a 2000). Este conta com apoio do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), partido que fundou e também liderou.
A campanha eleitoral decorre entre as 00h00 de 30 de setembro até as 23h59 de 15 de outubro e em caso de uma segunda volta, esta ocorre em 31 do mesmo mês, com a campanha eleitoral entre 21 e 29 de outubro.
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