As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Moçambique, necessárias para as importações de bens e serviços, cresceram quase 11% no mês de dezembro, para 3.404 milhões de dólares (3.140 milhões de euros), devido aos donativos recebidos, segundo dados oficiais.
De acordo com um relatório estatístico do Banco de Moçambique, a que a Lusa teve hoje acesso, essas reservas – em moeda estrangeira - eram de quase 3.070 milhões de dólares (2.831 milhões de euros) no final de novembro e o crescimento durante dezembro foi impulsionado pelas entradas de 300 milhões de dólares em “donativos”, quase metade do total de entradas no mesmo mês.
Além disso, entram nestas contas, que totalizam um aumento absoluto de 334,6 milhões de dólares (308,6 milhões de euros) no espaço de um mês – já tinham crescido 44,9 milhões de dólares (41,4 milhões de euros) em novembro –, mais 161,5 milhões de dólares (149 milhões de euros) em aprovisionamento de moeda estrangeira pelos bancos e 47,4 milhões de dólares (43,7 milhões de euros) para projetos do Estado.
No sentido contrário, entre os 396,4 milhões de dólares (365,8 milhões de euros) de saídas de reservas em dezembro, 214,5 milhões de dólares (198 milhões de euros) foram de transferências feitas pelos bancos e 39,8 milhões de dólares (36,7 milhões de euros) relativos ao pagamento do serviço da dívida moçambicana, entre outras.
Moçambique fechou o mês de dezembro com reservas suficientes para cobrir 3,5 meses de necessidades de importações previstas para o ano (3,1 meses em novembro), cobertura que aumenta para 4,3 meses “excluindo grandes projetos” (3,8 meses em novembro), segundo o Banco de Moçambique.
Em janeiro último, o Banco de Moçambique aumentou o rácio de reservas obrigatórias para depósitos à ordem, estrangeiros, de 11,5% para 28%, e em abril reduziu o fornecimento aos importadores de combustível de 100% para 60%.
O Governo moçambicano definiu no Orçamento do Estado de 2023 o objetivo de constituir Reservas Internacionais Líquidas no valor de 2.936,6 milhões de dólares (2.686 milhões de euros), "correspondentes a três meses de cobertura das importações de bens e serviços não fatoriais".
As reservas internacionais de Moçambique estavam em queda desde 2021, divulgou em julho o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"As reservas internacionais brutas cobrem quase 4,3 meses de importações [final de 2022], o que está acima do 'buffer' mínimo comummente recomendado", de "pelo menos três meses", refere-se num relatório do FMI.
No relatório acrescenta-se que essas reservas internacionais de Moçambique têm "caído desde o início de 2021" e atingiram os 2.900 milhões de dólares (2.580 milhões de euros) no final de 2022.
O FMI reconhece o impacto dos "altos custos" com a importação de combustíveis nas reservas internacionais de Moçambique, tendo em conta o fornecimento de divisas aos principais importadores de combustíveis.
"Ao mesmo tempo, as importações não relacionadas com megaprojetos aumentaram significativamente nos últimos dois anos, diminuindo ainda mais a cobertura de importações das reservas", aponta-se no documento.
A Semana com Lusa
02 Fevereiro 2024
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