O cônsul da Alemanha no Rio de Janeiro, Uwe Herbert Hahn de 60 anos, foi mandado para a prisão sem apelo ontem (domingo, 7) como suspeito da morte, na sexta-feira 5, do seu cônjuge belga de 52 anos. O diplomata fora detido na véspera à chegada à morgue onde buscar o corpo do cônjuge.
Na sexta-feira à noite, o cônsul chamou o seu médico ao apartamento do casal em Ipanema, onde o cônjuge Walter Henri Maximillen Biot "deu uma queda feia no terraço", após "sentir-se mal" por ter "consumido álcool e medicamentos".
O médico ao chegar constatou a morte do belga, mas não concordou com o que o cônjuge alemão indicou ser "uma queda" e informou a autoridade forense. A autópsia encontrou "mais de trinta lesões no corpo do morto", que contavam uma história diferente: "hemorragia subaracnoide (extravasamento de sangue entre o cérebro e o tecido), contusão craniana e traumatismo cranoencefálico, provocados por ação contundente, (...)equimoses, escoriações e outros tipos de ferimentos, espalhados por regiões como braços, pernas, tronco e cabeça".
Em entrevista à TV Globo, o professor de medicina forense Nelson Massini explicou: "As lesões não são típicas de queda da própria altura e se distribuem por várias partes do corpo, entre elas as chamadas áreas de defesa e ataque ou armas naturais, como antebraço, mãos e pernas, além das fatais na cabeça. Observamos que nem todas as equimoses são planas, algumas apresentam um pontilhado indicando que pode ter sido utilizado um objeto com pontos impactantes nas agressões. A maioria dos ferimentos são equimoses recentes, mas há indícios de algumas antigas também. É importante destacar que o tipo, o formato e a distribuição dessas lesões sugerem a prática de sadomasoquismo, o que precisa ser mais profundamente investigado".
Ambos diplomatas há quatro anos no Rio, pelos respetivos países, Biot e Hahn estavam legalmente casados há 23 anos, segundo as primeiras declarações do detido à polícia. Segundo o alemão Hahn, o casal estava a passar por "um mau momento, com brigas frequentes por causa da (sua) transferência para o Haiti".
O cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Dirk Augustin, escusou avançar mais informações alegando "motivos de proteção da privacidade" dos envolvidos neste caso e que o serviço consular está a trabalhar em estreito "contacto com as autoridades brasileiras", como disse à Agência Brasil.
Sem habeas corpus e arrisca até 30 anos de prisão no Brasil
A defesa alegou o estatuto diplomático do preso em flagrante ao pedir habeas corpus, que foi negado porque segundo a justiça brasileira o homicídio não cai no escopo da imunidade diplomática.
Além disso, ao chegar no sábado à casa, a Justiça forense encontrou provas de que o apartamento fora limpo para esconder provas — motivo que demonstra que a liberdade de Uwe Herbert Hah poderia "acarretar sérios gravames à colheita das provas".
Se for condenado por homicídio doloso, o diplomata alemão pode ficar até 30 anos preso no Brasil.
Fontes: DW.de/Agência Brasil/AP/Reuters/NYPost/The Guardian/
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