Para atrair imigrantes, o governo do Canadá tem promovido campanhas publicitárias altamente otimistas, sobre o acolhimento aos refugiados, os programas de trabalho temporário, enfim as excelentes condições de vida que o país proporciona aos seus habitantes.
Agora os que saem da Jamaica para trabalhar nas quintas do Canadá afirmam que existe "exploração a grande escala" no país, que o programa de trabalho temporário é parte de um sistema de "escravatura sistemática" nas explorações agrícolas canadianas.
Numa carta enviada este mês ao ministro do Trabalho e Segurança Social da Jamaica, os trabalhadores filiados no grupo de direitos MWAC-Migrant Workers Alliance for Change/Aliança dos trabalhadores Migrantes para a Mudança denunciam maus-tratos em duas quintas situadas em Ontário, no Canadá.
"Somos tratados como burros e punidos por não trabalharmos suficientemente depressa. Estamos expostos a pesticidas perigosos sem proteção adequada e os nossos chefes são verbalmente abusivos. Intimidam-nos fisicamente, destroem-nos os bens pessoais e ameaçam mandar-nos para casa", pode ler-se na carta enviada no dia 11 ao ministro Karl Samuda e agora divulgada através da estação de televisão Al Jazeera.
Os jamaicanos viajam para o Canadá ao abrigo do SAWP-Seasonal Agricultural Worker Program/Programa Sazonal para Trabalhadores Agrícolas, que permite aos empregadores canadianos contratar trabalhadores migrantes temporários do México e de 11 países das Caraíbas. para preencher lacunas no mercado de trabalho do país.
Este é apenas um dos programas dedicados ao trabalho temporário de imigrantes em que o participante pode ter um emprego com durabilidade de até oito meses no Canadá.
“Atrair imigrantes”, abraçar perseguidos
A webesfera mostra algo que outros países desenvolvidos aparentemente não fazem: campanhas para atrair imigrantes.
O governo do Canadá tem promovido campanhas publicitárias altamente otimistas, sobre as excelentes condições de vida que o país proporciona aos seus habitantes.
Acresce a isso, a atual política de acolhimento de refugiados — como no caso mediático da jovem saudita acolhida no outro lado do mundo após fugir ao cárcere doméstico que o pai e irmãos lhe montaram (Canadá, terra de promissão para mulheres sauditas em fuga, 14.jan.2019). Ou da paquistanesa Asia Bibi condenada à morte no seu país e que conseguiu asilo no Canadá (Paquistão: 4 dias de motim a pedir enforcamento de Asia Bibi, 5 de jan.2019). Asia Bibi, o marido e os três filhos chegaram ao Canadá a 8 de maio do corrente.
As campanhas publicitárias destinadas a ’imigrantes qualificados’ destacam os níveis de criminalidade mais baixos do mundo, a estabilidade económica, os excelentes sistemas de saúde e educação, além dos atrativos culturais e estilo de vida próximo à natureza.
O único senão: o elevado preço do imobiliário onde a natureza não é agreste – já que a maior parte o país é inabitável, com altas temperaturas no verão e baixas no inverno. Uma terra desolada que levou o navegador português, talvez um Corte-Real, a escrever num mapa “Cá Nada”. O copista francês escreveu Canada e foi este nome que começou a figurar nos mapas desde 1534, diz uma teoria contraposta por outra que diz ser de origem indígena: Kanata, do iroquês, para designar um povoado.
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Fontes: Al Jazeera/Reuters/AFP/Arquivos. Fotos: No top-5 mundial do agronegócio, o Canadá precisa dos imigrantes não-qualificados ("low skill"). Shahine Robinson, a então ministra do Trabalho e Segurança Social da Jamaica (ao centro da foto à d.ta) presente na despedida do primeiro grupo de 300 trabalhadores em janeiro de 2018, em Kingston. A família Patel — pai, mãe e dois filhos, de 39, 37, 11 e 3 anos — morreram em 19.1.deste ano no Canadá, sob 35 graus negativos. Segundo o Alto Comissariado da Índia no Canadá, tinham desembarcado em Toronto oito dias antes (12.1.2022). A RCMP-Polícia Real Montada do Canadá, que intervém sobretudo em áreas rurais, é um ícone do país "com um dos mais baixos índices de criminalidade" no mundo.
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