O teste de urina realizado, no dia 19, à primeira-ministra Sanna Marin, após insinuações desabridas nos social-media, "deu negativo" a cocaína, anfetamina, canábis e opióides, segundo comunicado da chefia de governo. A despistagem de droga tornou-se necessária — "para dissipar toda e qualquer suspeita de uso de drogas, que nunca usei", disse Sanna Marin — depois que uma série de imagens da festa privada na casa da governante suscitou uma onda de críticas.
A primeira-ministra em conferência de imprensa já tinha admitido que durante a festa de amigos em sua casa tinha bebido álcool, mas negou ter consumido "quaisquer drogas", que "nunca usei nem na minha primeira juventude".
Igualmente negou que algum dos seus amigos e celebridades, presentes na festa, tivesse consumido substâncias proibidas em sua casa.
Não é a primeira vez que Sanna Marin, eleita em dezembro de 2019 e a mais jovem primeira-ministra a nível mundial, é criticada pelas festas. A primeira foi na residência oficial Kerasanta, em Helsínquia em abril de 2020 e levantou uma onda de críticas a pretexto das medidas anti-Covid-19 (na mesma linha do que aconteceu ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson).
A culpa é do fotógrafo? Sobre uma festa há um mês, também na casa oficial da capital divulgou-se esta semana a foto de duas convidadas de busto nu a taparem os mamilos com a miniatura duma bandeira nacional. "Infelizmente, alguém fez essa foto. Essa foto nunca devia ter acontecido", reagiu a governante candidamente.
"Mãe pode atuar como adolescente mas governante não"
Nas redes sociais, a polémica corre sem brida há mais de uma semana. Uns dizem "Não vejo nada de mal". Há quem a condene por "festejar como uma adolescente sendo ela mãe". Outros condenam a governante do país. E há os que a defendem.
Outros lembram que a democracia é isto mesmo: o povo decide o que está certo e não. "Quem acha que a primeira-ministra não pode festejar assim, pode votar contra ela nas próximas legislativas".
"Foi um grande erro", dizem 66%
Uma sondagem encomendada pela cadeia nacional MTV3 mostra que dois em três finalndeses reprovaram a atitude da primeira-mininstra quando, em dezembro último, esteve numa festa e dançou "até ao amanhecer" após ter estado exposta à Covid-19. O mesmo número dos que aprovaram em abril de 2020 o apertão que o novo governo sob sua liderança deu à Suécia, país que se destacou pela polémica da "imunidade natural".
Em 8 de abril de 2020, a Finlândia mandou fechar, por mais de um mês, até ao dia 13 de maio, as fronteiras com o vizinho, que justificava assim: "A República finlandesa considera indispensável que o Reino da Suécia dê instruções ao seu pessoal do setor da Saúde para a sua efetiva proteção e faça testes adequados ao coronavírus".
Na lista mundial dos mais jovens chefes de governo, grata ao sistema de ensino
A eleição de domingo 8-12-2019 que deu a vitória aos sociais-democratas abriu caminho para a ex-ministra dos Transportes, Sanna Marin, chegar à primatura como a primeira-ministra mais jovem da história da Finlândia e ingressar na lista mundial dos mais jovens chefes de governo.
"Nunca me preocupei com o facto de ser mulher e jovem. Penso que mostrei ao eleitorado as razões para eu estar na política; e foi isso que nos fez ganhar a sua confiança", disse na noite da vitória.
A política social-democrata tomou posse três dias depois, num governo de coligação de cinco partidos liderados por mulheres jovens (só uma tem mais de 34 anos).
A ascensão de Sanna Marin no Partido Social Democrata deveu-se à demissão, uma semana antes, de Antti Rinne, enfraquecido por uma greve de funcionários dos correios que lhe fez perder a confiança do Partido do Centro. Presidente do PSD desde 2014, o antigo sindicalista Rinne chefiou o governo finlandês em coligação durante seis meses.
Sanna Marin, duma "família pobre" e que se diz "grata ao sistema de ensino nacional que dá oportunidades iguais a todos", é a terceira primeira-ministra da República da Finlândia, país que elegeu uma presidente, Tarja Halonen, entre 2000 e 2012, e foi pioneiro na Europa no direito de voto às mulheres em 1906.
...
Fontes: BBC/Le Monde. Fontes históricas. Relacionado: Finlândia: Sanna Marin, 34 anos, eleita primeira-ministra do país pioneiro no direito de voto das mulheres, socialista e capitalista, 10.dez.019; Fotos (Getty/Reuters/Twitter): Elogiada pelo desempenho diplomático-político da adesão à Nato perante a ameaça russa na fronteira comum. Criticada pelas festas, a primeira-ministra na 6ªfª 19, à beira das lágrimas: "Sou só um ser humano". Pela descontração na foto, num festival de rock há um mês, foi elogiada. Foto-montagem das cinco governantes em dezembro 2019 (no sentido dos ponteiros do relógio): a primeira-ministra mais jovem da história da Finlândia, Sanna Marin, 34 anos, do PSD; Li Andersson, da Aliança de Esquerda, e Katri Culmuni, do Partido do Centro, ambas com 32 anos; Maria Ohisalo, do Partido dos Verdes, e Ana-Maja Henriksson, do Partido do Povo Sueco da Finlândia, respetivamente com 34 anos e 55 anos.
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments